Treinador angolano faz estágio no Vasco e se impressiona com Jorginho

Terça-feira, 12/07/2016 - 18:34
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Milton da Costa poderia ser o que quisesse na vida. Nascido em berço de ouro em Angola, ele saiu da terra natal aos três anos, cresceu nos Estados Unidos e hoje vive na França. Uma paixão o fez escolher a profissão: treinador de futebol. Para isso, visitou o Vasco e acompanhou de perto os trabalhos do elenco profissional na última semana. E gostou do que viu.

- Achei muito interessante. Já trabalhei com equipes principais, mas aqui eles são profissionais, é diferente. Um nível mais alto e disciplinado. Os treinadores (Jorginho e Zinho) jogaram na Europa, ganharam a Copa do Mundo. Aprendi muito – contou Milton, de 23 anos.

No Vasco, Milton acompanhou treinos do time sub-15 e dos profissionais. Conversou com Jorginho sobre esquemas de jogo e formas de estudar para crescer na profissão que escolheu exercer desde a adolescência. O papo com o técnico brasileiro o surpreendeu.

- Aprendi muita coisa. Como ele faz para o jogador entender o que ele quer, como ele tem confiança nos auxiliares. Fiquei impressionado como todo mundo o respeitava. Ele jogou no Japão, na Alemanha, trouxe as coisas que aprendeu para cá. Achei muito diferente. Pôs o lado brasileiro e o europeu juntos.

Filho de uma diplomata angolana nos Estados Unidos, o jovem esteve pela primeira vez no Brasil. As pessoas que o acompanharam durante a viagem o apelidaram de Príncipe, devido à boa condição financeira. Milton, porém, é discreto. Sua animação estava em falar sobre futebol. No Vasco, conheceu alguns jogadores e elogiou a qualidade técnica deles.

- Estão me chamando de Príncipe porque eu vim dos Estados Unidos, todo mundo conhece, tenho cara jovem. Acho que é isso (risos). Tenho muita família em Angola. No Vasco fui muito bem recebido. Conversei com os jogadores, gostei de todos. Luan, Rodrigo, Jorge Henrique. Nenê eu conheço desde a época do PSG. Thalles é jovem, mas pode ser alguma coisa.

Volta a Angola? Não num futuro próximo

Milton ainda engatinha na profissão. Há cinco anos na França, trabalhou num pequeno clube da cidade de Lyon, onde era treinador da equipe sub-15 e auxiliar do time principal. Ao mesmo tempo, faz cursos na Uefa e mestrado ligado a esportes.

Voltar a Angola não está nos planos imediatos de Milton. Ele quer crescer na profissão para, só depois, voltar e ajudar no trabalho de base. Sua torcida é pelo Primeiro de Agosto, o primeiro clube criado após a independência, nove vezes campeão nacional.

- Quero voltar, mas agora, não. Ainda tenho muito a aprender na Europa. Quero voltar, mas não para ajudar a seleção principal. Tem que começar com as crianças, na base. Foi isso que a Alemanha fez há 10 anos. Sempre se pode encontrar talento, porque o país é muito grande. A estrutura está crescendo. Muitos jogadores atuam por outros países (William Carvalho ganhou a Eurocopa com Portugal) porque pensam não podem ganhar com uma equipe africana. Precisamos mudar isso, mostrar que podemos ganhar e que amamos o país.



Fonte: GloboEsporte.com