Histórico

Aqui apresentamos apenas um resumo da gloriosa História do Vasco. Pretendemos, no futuro, contar a História do Clube detalhadamente, em capítulos cobrindo ano a ano a trajetória do Vasco da Gama.

O Club de Regatas Vasco da Gama foi fundado no dia 21 de agosto de 1898 às 14 horas e 30 minutos, segundo sua ata de fundação. A reunião marcada para fundar o Clube ocorreu na sede da Sociedade Dramática Filhos de Talma, situada à Rua da Saúde nº 293, e dela tomaram parte 62 pessoas. O primeiro presidente do Clube foi Francisco Goçalves Couto Junior, eleito nesta mesma reunião com 52 votos, enquanto o primeiro vice-presidente foi Henrique M. Ferreira Monteiro, eleito com 41 votos. O nome escolhido foi uma homenagem ao Almirante Vasco da Gama, que, em 27 de maio de 1498, havia pouco mais de 400 anos, tinha descoberto o caminho marítimo para as Índias.

Ao contrário do que sempre se afirmou, o Vasco começou a competir ainda em 1898, participando no dia 13 de novembro daquele ano de uma regata em homenagem às datas nacionais, disputada no Club de Regatas Botafogo e sob patrocínio da União de Regatas Fluminense. O Vasco participou de dois páreos, mas não ganhou nenhum. A primeira vitória só veio a acontecer em 4 de junho de 1899, em outro páreo promovido pela URF no mesmo local (Botafogo). O primeiro título carioca de Remo veio em 1905, com o bicampeonato em 1906.

A primeira sede do Vasco foi na Rua da Saúde, mas logo foi transferida para a Ilha das Moças. Nesta época, o Clube já contava com 251 sócios. Mais tarde, a sede foi removida para a Travessa do Maia nº 15 e o Vasco alugou um barracão na Rua do Passeio, nº 18, para servir de garagem para os barcos. Este barracão serviu também para os treinamentos das primeiras equipes de tiro e ginástica. A equipe vascaína de Remo continuava a colecionar títulos, como o tricampeonato carioca de 1912, 1913 e 1914.

Em 1915, o "vírus" do futebol começou a contaminar o Vasco. Animados pela visita de um combinado português que em 1913 fez uma excursão ao Rio de Janeiro, alguns sócios fundaram o Departamento de Futebol do Clube no dia 26 de novembro de 1915, graças a uma fusão com o Lusitânia, clube de futebol da época fundado por imigrantes portugueses.

A estréia do Vasco em jogos oficiais foi em 3 de maio de 1916, ná época feriado de comemoração do Descobrimento do Brasil. Jogando pela terceira divisão da LMDT, o Vasco perdeu por 10 a 1 para o Paladino. Coube a Adão Antônio Brandão - o maior atleta da História do Clube, campeão em várias modalidades - a honra de fazer o primeiro gol oficial do Vasco. A primeira vitória do Vasco veio em 29 de outubro do mesmo ano, ao vencer o River São Bento por 2 a 1 em um jogo dramático.

Após ter "penado" por alguns anos nas divisões inferiores da Liga, em 1922 o Vasco foi o campeão da segunda divisão e, após um empate em 0 a 0 contra o São Cristóvão, último colocado da primeira divisão em 1922, ganhou o direito de jogar contra os "grandes" em 1923.

A partir daí, a história começa a ficar mais conhecida. Treinado por Ramón Platero e sob um regime semi-profissional que incluía de treinamentos pesados a pagamento de "bichos" (iniciativa até então inédita), o Vasco deu um banho em Flamengo, Fluminense, Botafogo, América e Bangu e levantou seu primeiro grande título, o Campeonato Carioca de 1923. O título só não veio invicto porque o Vasco perdeu um jogo por 3 a 2 para o Flamengo, no returno, que contou com uma até hoje discutida arbitragem do botafoguense Carlito Rocha, que anulou um gol vascaíno que seria o do empate. Anos mais tarde, em 1943, em depoimento dado ao Jornal dos Sports, o treinador vascaíno descreveu o lance: "a bola ultrapassou totalmente a linha do gol, mas o Carlito estava com a visão encoberta por um jogador do Flamengo. Em nenhum momento duvidei da honestidade do árbitro, tanto que ele continuou apitando os jogos do Vasco normalmente".

Com o título, a popularidade vascaína aumentou. O Vasco, definitivamente, não era mais o clube apenas dos portugueses radicados no Rio, mas dos cariocas das mais diversas origens e de todas as camadas da sociedade.

Apavorados com o crescente prestígio vascaíno, especialmente depois da conquista do título de 1923, os clubes grandes de então reuniram-se para exigir que o Vasco e os demais pequenos se submetessem a uma investigação em torno das posições sociais de seus atletas. A ordem era que se eliminassem os jogadores profissionais ou que não fossem capazes de assinar a súmula das partidas. O Vasco contava com vários analfabetos no time. As manobras antivascaínas, porém, não deram certo, pois o Clube contratou professores para ensinar os atletas a assinar o próprio nome.

Desesperados, os grandes partiram pra outra alternativa. Abandonaram a Liga Metropolitana (LMDT) e criaram a Associação Metropolitana de Esportes Amadores (AMEA). O Vasco tentou filiar-se, mas foi impedido sob o argumento de que não possuía um campo apropriado (o clube disputava seus jogos no campo da Rua Moraes e Silva). Não era bem esse o problema. Tanto que foi proposto ao Vasco eliminar doze de seus jogadores, exatamente os negros e operários, para que o aceitassem na nova entidade. Não havia mais dúvida: era racismo mesmo.

Coube ao presidente vascaíno, José Augusto Prestes, enviar ao presidente da AMEA, Arnaldo Guinle, uma carta manifestando o repúdio do Vasco ao racismo e deixando clara a posição do clube em relação à exigência do afastamento dos seus doze jogadores. "Estamos certos", escreveu José Augusto Prestes, "de que V. Excia. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à AMEA, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923. São doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de suas carreiras. Um ato público que os maculasse nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias. Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V. Excia. que desistimos de fazer parte da AMEA."

Em 1924, fora da liga "racista", o Vasco fez a melhor campanha da História do Campeonato Carioca: 16 vitórias em 16 jogos, ou seja, 100% por cento de aproveitamento. Esta performance, não igualada até hoje, deu ao Vasco da Gama seu primeiro título invicto.

Decididos a fazer do Vasco um clube grande, os vascaínos partiram então para a construção de um estádio, passando a angariar fundos entre 1924 e 1926. Listas corriam pela cidade, onde muita gente assinava, dando a contribuição que podia. O êxito foi tanto que, ao final de 1926, oito mil novos sócios tinham ingressado no clube. Em 1925, foi adquirido um terreno numa colina em São Cristóvão, que havia sido ocupada no seculo XIX por uma chácara doada por D. Pedro I à Marquesa de Santos.

Com a sua popularidade e seu quadro social crescendo rapidamente, e com o grande sucesso de seu plano de construção do estádio, o Vasco foi admitido na AMEA, em igualdade de condições com os clubes grandes, ainda em tempo para o campeonato de 1925. A construção do estádio coube à Cristiani & Nielsen, prestigiosa firma que pouco antes havia erguido o Jockey Club Brasileiro no hipódromo da Gávea. A pedra fundamental foi lançada no dia 6 de junho de 1926. Raul da Silva Campos era o presidente do Vasco. Menos de 11 meses depois, o clube entregava ao futebol brasileiro o estádio Vasco da Gama, mais tarde popularmente denominado de São Januário.

Na época da sua inauguração, São Januário era o maior estádio da América do Sul e, até a inauguração do Pacaembu em 1940, seria o maior do Brasil. Os jogos da Seleção Brasileira foram regularmente realizados em São Januário até a inauguração do Maracanã em 1950, destacando-se a conquista do Campeonato Sul-Americano pelo Brasil em 1949. Ainda hoje, São Januário é o maior e o melhor estádio particular do Rio de Janeiro. Além de sua importância esportiva, o estádio foi palco de diversos eventos marcantes da História do Brasil, como comícios políticos e assembléias de sindicatos de trabalhadores. Foi durante um histórico comício de 1º de maio em São Januário que o então presidente Getúlio Vargas (que aliás era vascaíno) anunciou as primeiras leis trabalhistas do Brasil.

No jogo inaugural do estádio, na ensolarada tarde de 21 de abril de 1927, o Vasco enfrentou a equipe do Santos, famosíssima então pela força arrasadora do seu ataque. O Santos venceu por 5 a 3, apos um empate de 1 a 1 no primeiro tempo. Evangelista (2), Feitiço, Omar e Araken marcaram pelos santistas e Galego - o primeiro gol do Vasco no seu novo estádio -, Negrito e Pascoal pelos cruzmaltinos. Antes da partida houve várias solenidades, culminando com o corte de uma fita simbólica pelo aviador português Sarmento de Beires, realizador da travessia Lisboa-Rio comandando o avião "Argos". Várias autoridades se fizeram presentes, inclusive o presidente da República, Washington Luís. Os refletores foram inaugurados praticamente um ano depois, em 31 de março de 1928, com a realização de uma partida internacional (fato raro na época) contra o Wanderers, de Montevidéu. O Vasco venceu por 1 a 0, gol olímpico do ponta-esquerda Santana.

Nos anos 30, muitos craques de renome vestiram a camisa do Vasco da Gama, até então sempre negra com uma faixa branca (daí o apelido de "os camisas negras"). Dentre estes craques (Russinho, Pascoal, Feitço, Niginho), destacavam-se três gênios: Fausto (que graças à sua participação na Copa do Mundo do Uruguai em 1930 foi apelidado de "Maravilha Negra"), Domingos da Guia (considerado por muitos o melhor zagueiro da História do futebol brasileiro) e Leônidas da Silva, o "Diamante Negro", que dispensa comentários. Com esta verdadeira constelação, o Vasco foi campeão carioca em 1934 e 1936, além de ter cedido jogadores para as os selecionados nacionais que disputaram as Copas do Mundo de 1930, 1934 e 1938.

No Remo, simplesmente não havia adversários. O Vasco foi duas vezes hexacampeão, entre 1927 e 1932 e entre 1934 e 1939. Entre 1927 e 1939, portanto, apenas um título escapou, o de 1933.

Mas foi na década de 40 que o Vasco montou o melhor time de sua História. Após vários anos sem ganhar títulos cariocas, O Vasco contratou o treinador uruguaio Ondino Viera e começou a trazer craques, como o atacante Ademir, vindo do Sport, e o trio Lelé, Isaías e Jair, contratados junto ao Madureira. O time cruzmaltino só não foi campeão em 1944 porque um gol ilegítimo do flamenguista Valido deu ao clube da Gávea o título daquele ano.

Porém, a partir daí, não teve para ninguém: o Vasco venceu todos os torneios possíveis e imagináveis no Brasil e fora dele. Já em 1944, apesar da derrota "roubada" no Carioca, o Vasco já havia abocanhado 3 títulos: Torneio Início, Torneio Relâmpago e Torneio Municipal. Em 1945, a festa foi maior ainda: além do Campeonato Carioca Invicto, o segundo de sua História, o Vasco ganhou o Bicampeonato do Torneio Municipal e do Torneio Início. Com a conquista do Campeonato de Remo Invicto, o Vasco sagrou-se assim Campeão Invicto de Terra-e-mar, o que lhe valeu a primeira estrela de sua bandeira.

Em 1946, o Vasco ganhou o Bicampeonato do Torneio Relâmpago e o Tricampeonato do Torneio Municipal. Em 1947, novo título carioca invicto, além do Tetracampeonato do Torneio Municipal. E em 1948, o Torneio Início, que acabou ofuscado pelo maior título do Vasco em seus primeiros 50 anos: o de Primeiro Campeão Sul-Americano Invicto, conquistado no Chile contra todos os campeões do continente sul-americano. Este foi o primeiro título de um time de futebol brasileiro - incluindo aí a Seleção - conquistado fora das fronteiras do Brasil. Recentemente, este título foi reconhecido pela CONMEBOL e tem o status de uma Libertadores da América. Sem dúvida, foi o ápice desta geração de craques: Barbosa, Augusto e Wilson; Eli, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca, Friaça, Ademir e Chico.

O ano de 1949 reservaria novas glórias ao "Expresso da Vitória" (como ficou conhecido o escrete vascaíno), com mais um título carioca invicto aterrisando em São Januário. Nesta época, o Vasco era a base da Seleção Brasileira que conquistaria o Sul-Americano de 1949 e o Vice-campeonato Mundial em 1950. A derrota na Copa do Mundo não abalou os vascaínos, que ganharam de lambuja o Carioca de 1950, fazendo do Vasco o primeiro campeão carioca do Maracanã. Um título carioca em 1952 e três torneios internacionais conquistados em 1953 encerrariam a era Expresso da Vitória.

Ademir, o jogador símbolo daquela época, artilheiro da Copa do Mundo de 1950, encerraria a carreira em 1956, ano em que o Vasco ainda venceu mais uma vez o Campeonato Carioca. Em 1958, o Vasco forneceu três jogadores a seleção campeã mundial, Bellini, Orlando e Vavá. Diga-se de passagem que Bellini foi o capitão do time (o primeiro brasileiro a erguer a Taça Jules Rimet) e que Vavá foi o artilheiro do Brasil na Copa com 5 gols. Naquele ano glorioso, o Vasco conquistou pela primeira vez o Torneio Rio-São Paulo e venceu o Campeonato Carioca depois de dois triangulares decisivos com Botafogo e Flamengo. Este título ficou conhecido como o Super-supercampeonato de 1958. Em 1959, o Vasco conquistou seu 16º título carioca consecutivo no Remo, feito até hoje não igualado.

Os anos 60 foram os os piores da História do Vasco em termos de conquistas. Ainda assim, o clube foi o primeiro campeão da Taça Guanabara, torneio instituído em 1965 (e que, até 1972, era disputado separadamente do Campeonato Carioca) e levou ainda, "de quebra", um Torneio Rio-São Paulo, num título que acabou dividindo com Santos, Corinthians e Botafogo. Se o futebol fraquejava, o basquete mostrava sua força: campeão carioca em 1963, 1965 e 1969, em uma época que o Brasil era bicampeão mundial desse esporte (1959/1963).

Na década de 70, o primeiro título do Vasco foi o de campeão carioca de 1970, quebrando um jejum de 12 anos neste certame. Em 1974, tornou-se o primeiro clube do Rio de Janeiro a levantar o Campeonato Brasileiro, vencendo o Cruzeiro por 2 a 1 no Maracanã. Em 1977, o Vasco conquistou o Campeonato Carioca com uma campanha incrível: em 29 jogos, 25 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota (América 1 a 0). Como se não bastasse, a defesa levou apenas 5 gols nestes 28 jogos, incluindo aí uma série de 17 jogos sem tomar gol. O título veio na decisão do segundo turno, contra o Flamengo, numa disputa de pênaltis após o placar de 0 a 0 no tempo normal. Roberto Dinamite - maior artilheiro da História do Vasco, com 698 gols - converteu a última cobrança.

A década de 80 também trouxe muitas glórias ao Clube da Colina. Em 1982, o Vasco venceu o Estadual quando todos apostavam que o Flamengo - na época com um grande time - seria o campeão. A decepção pelo vice-campeonato brasileiro em 1984 diante do Fluminense foi apagada com o bicampeonato estadual de 1987 e 1988, ambos em cima do Flamengo e com vitórias de 1 x 0 na decisão. Em 1987, o gol foi de Tita; em 1988, de Cocada. Com o Rio de Janeiro reconquistado, o Vasco trouxe vários craques (o que lhe valeu o apelido de Sele-Vasco) e conquistou o Campeonato Brasileiro pela 2ª vez em 16/12/1989, ao vencer o São Paulo por 1 a 0, no Morumbi, com um gol do jovem Sorato. No exterior a estrela vascaína também brilhou, com o Vasco conquistando o tricampeonato do Troféu Ramón de Carranza em 1987, 1988 e 1989, num show dos jogadores revelados em São Januário: Romário, Bismarck, Vivinho, Sorato e William.

Na década de 90, o Vasco chegou até onde nunca havia chegado. Não só geograficamente (foi o primeiro clube brasileiro a excursionar à Índia, em 1993) como em matéria de glórias e títulos. O início do sonho foi em 1992, com o quinto título estadual invicto da História. Continuou em 1993 e 1994, quando, de maneira irrepreensível, conquistou o primeiro Tricampeonato Estadual de sua História. E terminou com a saraivada de títulos do fim da década: Campeão Brasileiro em 1997, Estadual e da Libertadores em 1998 (no ano do Centenário) e do Rio-São Paulo em 1999. Como se não bastasse, a estrutura campeã montada no esporte amador fez com que o Vasco da Gama se tornase uma das maiores potências olímpicas do mundo, tendo sob contrato cerca de 90% dos grandes atletas brasileiros em todas as modalidades. O time de Basquete, por exemplo, chegou a ser a melhor equipe amadora do mundo, sendo superada no Campeonato Mundial (McDonald's Open) apenas pela equipe do San Antonio Spurs, campeã da NBA.

O ano de 2000 começou com a tristeza pela perda do 1º Mundial de Clubes da FIFA, mas o Vasco se recuperou dando a maior goleada dos últimos 50 anos sobre o rival Flamengo: 5 a 1, no jogo que ficou conhecido como "o Chocolate de Páscoa." A derrota no Estadual abalou a equipe, mas as contratações de Clébson, Jorginho Paulista, Euller e - principalmente - Juninho Paulista fizeram o time crescer no segundo semestre e realizar uma façanha que, no Brasil, só o Santos de Pelé havia conseguido até então: ganhar um título brasileiro (Copa João Havelange) e um título sul-americano (Copa Mercosul) no mesmo ano.

A Copa Mercosul foi conquistada de forma extraordinária. O Vasco começou mal na competição, sendo derrotado pelo Peñarol em Montevidéu por 4 a 3. Recuperou-se ao golear o San Lorenzo por 3 a 0 em São Januário mas escorregou de novo ao perder para o Atlético-MG, no Mineirão, por 2 a 0. Quando o Vasco empatou com o Peñarol por 1 a 1 em São Januário, tudo parecia perdido. Afinal, só duas vitórias vascaínas aliadas a uma combinação de resultados (de outros grupos, inclusive) classificaria o Vasco para as quartas-de-final. Mas o Vasco é o time da virada; venceu o San Lorenzo fora de casa e o Galo em São Januário (ambos por 2 a 0) e, favorecido pelos outros resultados, acabou se classificando.

Nas quartas-de-final, o Vasco enfrentou pela primeira vez em sua história o Rosário Central, da Argentina. No Rio, uma vitória por 1 a 0. Em Rosário, a derrota pelo mesmo placar, com o gol saindo no último minuto, fez com que a decisão da vaga fosse para os pênaltis. E, nos pênaltis, o Vasco mais uma vez se superou e ganhou o direito de ir à próxima fase. Nas semifinais, o duelo com o velho freguês River Plate foi mais fácil do que de costume: uma goleada por 4 a 1 em Buenos Aires e uma vitória por 1 a 0 no Rio.

A decisão seria contra o Palmeiras, que chegava à sua terceira final seguida da Copa Mercosul. O primeiro jogo, em São Januário, terminou com a vitória vascaína por 2 a 0. O Verdão, no entanto, devolveu a derrota uma semana depois, no Parque Antártica, por 1 a 0. Ficou para o dia 20 de dezembro a finalíssima da competição, novamente no campo do Palmeiras.

Foi neste dia que aconteceu o que talvez tenha sido a maior vitória do Vasco em todos os tempos. Após começar perdendo o jogo por 3 a 0 no primeiro tempo, o Vasco, que contava nesse jogo com a estréia do treinador Joel Santana, se encheu de brio e partiu para cima do Palmeiras na etapa final, virando o placar para 4 a 3 e levantando a taça. Os gols do Vasco foram marcados por Romário (três, sendo dois de pênalti) e Juninho Paulista, e o Vasco ainda ficou numericamente inferiorizado (Júnior Baiano foi expulso) quando perdia por 3 a 2. O gol do título, marcado pelo Baixinho aos 47 minutos do segundo tempo, fez explodir a galera vascaína em todo mundo, que não gritava "É campeão" havia um ano e meio (muito tempo, em termos de Vasco).

Esta finalíssima da Copa Mercosul passou para a História como a maior virada da história do futebol, pois, jamais, até aquele dia, um time havia virado o placar de uma decisão de um campeonato de tal importância de 3 a 0 para 4 a 3, na casa do adversário, com um jogador a menos e no jogo de estréia de um treinador.

Na Copa João Havelange o Vasco também teve que se superar para chegar ao título. Porém, quem pensa que os principais adversários foram equipes, jogadores, treinadores ou mesmo algum árbitro, se enganou. Na verdade o Vasco da Gama sofreu uma sórdida campanha difamatória feita pela maioria da imprensa brasileira por causa do acidente em São Januário no dia 30/12/2000, durante a decisão contra o São Caetano. Um acidente grave, sim, mas que não deixou vítimas fatais como outras tragédias que aconteceram na mesma época mas que não tiveram a mesma cobertura por parte da imprensa que teve a queda do alambrado durante o jogo Vasco x São Caetano. Após muitas mentiras, manipulações e todo o tipo de vingança da mídia contra Eurico Miranda, a justiça prevaleceu e um novo jogo foi marcado para decidir a Copa João Havelange. E, nesta partida, disputada no dia 17 de janeiro de 2001, o Vasco foi superior do início ao fim e acabou com a banca do "Azulão", enfiando-lhe três a um no Maracanã. Os gols da vitória vascaína foram marcados por Juninho, Jorginho Paulista e Romário.

O título de campeão da Copa João Havelange (reconhecido oficialmente pela CBF como tendo o mesmo status do de um campeão brasileiro) não fez mais do que coroar a eficiente campanha do Vasco no certame. Assim como na Mercosul, o Vasco começou com uma derrota, por 2 a 0 para o Sport em São Januário. Depois veio um empate contra o Cruzeiro também no Rio, por 3 a 3. A primeira vitória só ocorreu no terceiro jogo, contra o Corinthians, mais uma vez no Rio: 1 a 0. Depois disso, o Vasco foi alternando altos (venceu o Fluminense por 4 a 3, numa virada espetacular) e baixos (foi derrotado pelo Flamengo por 4 a 0) até que uma vitória sobre o Grêmio em pleno Olímpico, por 1 a 0, garantiu matematicamente sua classificação às oitavas-de-final.

A partir daí, o time embalou e, até a decisão, só perdeu um único jogo. Nas oitavas, o Vasco eliminou o Bahia com um empate em Salvador (3 a 3) e uma vitória no Rio (3 a 2). Nas quartas-de-final, o Paraná foi derrotado por 3 a 1 no Rio e venceu por 1 a 0 em Curitiba, mas o placar foi insuficiente para classificá-lo. Nas semifinais, o adversário foi o Cruzeiro, que arrancou um empate por 2 a 2 no jogo de ida, em São Januário, após estar perdendo por 2 a 0. Foi este resultado que causou a demissão de Oswaldo de Oliveira e a chegada de Joel Santana. No jogo de volta, porém, a história seria bem diferente. Embalado pela épica vitória sobre o Palmeiras na final da Mercosul, conseguida quatro dias antes, o Vasco partiu para cima do Cruzeiro e eliminou-o em pleno Mineirão, com uma vitória por 3 a 1 que calou os 60 mil cruzeirenses que lotavam o estádio. Uma doce vingança contra o treinador Luiz Felipe Scolari, que, no início do semestre, desprezara o Vasco para treinar o time mineiro. A decisão, como já foi dito, foi contra o São Caetano. O primeiro jogo, disputado no Parque Antártica, terminou 1 a 1. O jogo de volta teve a vitória do Vasco por 3 a 1.

Ainda em 2000, aconteceram os Jogos Olímpicos de Sydney. Dos 204 atletas brasileiros que foram às Olimpíadas, 83 eram do Vasco. E, destes, 19 conquistaram medalhas para o Brasil.

O Vasco ainda fez bonito no Basquete (campeão brasileiro, estadual e bi da Liga Sul-Americana, no Masculino; e estadual, no Feminino), no Futsal (campeão da Taça Brasil, da Liga Nacional, do Metropolitano, do Estadual e do Rio/São Paulo/Minas), na Natação (bicampeão do Troféu Brasil e estadual), e no Vôlei (campeão carioca e estadual, no Masculino; e estadual, no Feminino). No Remo, sagrou-se tricampeão e encerrou o século XX como maior campeão carioca, com 42 títulos. Ao longo do ano 2000, no total, o Vasco conquistou 1.117 títulos em todas as modalidades e categorias.

Em 2001, as campanhas no Torneio Rio-São Paulo (o qual jogou praticamente com o time reserva) e no Estadual não foram das melhores. Na Libertadores, apesar da eliminação nas quartas-de-final, o Vasco quebrou o recorde de melhor campanha na primeira fase (seis vitórias em seis jogos) e igualou o de vitórias consecutivas na competição (oito).

E, no Esporte Amador, embora com a saída de várias estrelas, o Vasco continuou vencendo. Sagrou-se, por exemplo, bicampeão brasileiro de Basquete Masculino (título inédito para o Rio de Janeiro) e campeão brasileiro Feminino, passando a ser o primeiro clube na História a ganhar, no mesmo ano, os Brasileiros Masculino e Feminino de Basquete.

Por tudo isso...


- PRO VASCO TUDO OU NADA?
- TUDO!
- ENTÃO COMO É QUE É QUE É?

CASACA! CASACA! CASACA-SACA-SACA!
A TURMA É BOA, É MESMO DA FUZARCA!
VASCO! VASCO! VASCOOOOOOO!