Vasco e Botafogo se enfrentam em clima eleitoral
Sábado, 14/10/2017 - 13:11
Ainda que contratados para disputar partidas, a influência dos jogadores vai muito além do que acontece no campo. Neste sábado, no Maracanã, às 19h, pelo Brasileiro, os goleiros de Vasco e Botafogo, como seus companheiros, voluntariamente ou não, são personagens políticos que ajudam a decidir os futuros dirigentes dos dois clubes. No alvinegro, o goleiro Gatito Fernández, por exemplo, foi citado pelo candidato da oposição, Marcelo Guimarães, no lançamento da candidatura:

— Se o Gatito não tivesse defendido aqueles pênaltis (na pré-Libertadores, contra o Olímpia), nós teríamos passado praticamente o ano inteiro jogando para pouca gente — afirmou.

Nos dois times, os goleiros são peças importantes — Gatito é tão fundamental que jogou na quarta-feira, mesmo dia em que teve uma viagem internacional após ser relacionado para defender o Paraguai nas Eliminatórias (Jefferson, com amigdalite, não tinha condições de jogo). Um dos melhores goleiros do Brasil nesta temporada, o paraguaio ficará fora da Copa do Mundo. A foto do goleiro, emocionado, estampou a capa de alguns dos principais jornais de seu país.

Clima acirrado

Por outro lado, Martín Silva, do Vasco, tem boas chances de ir à Rússia: o Uruguai está classificado. O goleiro é um dos convocados com frequência — ainda que, na última convocação, tenha sido cortado por lesão, Martín é um dos ídolos da torcida — e valoriza tanto o Vasco que já pediu dispensa da seleção para se concentrar no cruz-maltino. Fala-se até sobre ele se aposentar no clube.

Enquanto os goleiros se preocupam com seu principal papel no clube dentro de campo, os dirigentes pensam em seus futuros políticos. Os presidentes Eurico Miranda e Carlos Eduardo Pereira acompanham o clássico de hoje com os olhos atentos no gramado e o pensamento nas eleições que disputarão nos próximos meses. Apesar de tudo que envolve os bastidores, é o que acontece quando a bola rola que mais mexe no resultado nas urnas. É justamente isso que os dois estão vivendo.

Em São Januário, o tradicional clima político acirrado está ainda pior por causa das oscilações do time na atual gestão. A queda no primeiro ano de mandato e o retorno sem brilho em seguida deixaram Eurico pressionado. O ano ruim pode terminar com saldo positivo, caso conquiste uma vaga na Taça Libertadores.

Até a eleição do Conselho Deliberativo, marcada para o próximo dia 7, o Vasco terá disputado mais cinco jogos na Série A. Caso o time permaneça bem na briga para ir à competição continental, isso contará pontos a favor da reeleição do presidente.

No Botafogo, o bom desempenho do time pesa a favor — sob a atual administração, o clube começou na Série B, praticamente sem elenco, mas teve bom desempenho em campo nos últimos três anos. A chapa Mufarrej/CEP, por isso, prega a continuidade — incluindo manutenção do elenco e da comissão técnica. Uma classificação para a Libertadores, especialmente no G-4, daria força à atual administração.

Na oposição, liderada por Marcelo Guimarães, as principais propostas não têm relação direta com o futebol, mas sim com diretoria, sócios-torcedores e fontes de renda. O que afirmaram a respeito do futebol é um desejo de manter Jair Ventura e ter mais atletas de qualidade, pois reconhecem que o clube precisa de mais um grande título depois de 22 anos.

As urnas, bem como a bola, também punem.



Fonte: O Globo Online