Jorginho e Odvan lembram a conquista da Copa João Havelange, que completa 15 anos nesta 2ª-feira

Segunda-feira, 18/01/2016 - 13:36
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Que calor, rapaz. Que calor. Era o que repetiam os vascaínos a caminho do Maracanã naquele dia, há exatos 15 anos. Dias antes desta conturbada final contra o São Caetano, precisamente 19, acontecia o episódio fatídico em São Januário. Aquele em que teve o acidente do alambrado, por causa da superlotação do estádio, e provocou o adiamento da decisão. "Um pesadelo", disse um torcedor. "Mas, depois, a alegria enfim chegou", completou ele.

E foi no dia 18 de janeiro de 2001. O jogo que definiria, enfim, o campeão da Copa João Havelange foi marcado para o Maracanã. Se fora de campo predominavam os comentários sobre as polêmicas que envolveram a partida no estádio do Vasco da Gama, dentro dele a certeza da vitória reinava no time que se desenhava com: Hélton, Clébson, Odvan, Júnior Baiano, Jorginho Paulista, Jorginho, Nasa, Juninho Pernambucano, Juninho Paulista, Euller e Romário. E que calor fazia naquele dia...

Após título da Copa João Havelange de 2000, o tetracampeonato brasileiro, o Vasco declinou. Há quem diga que foi o último real momento de felicidade do torcedor cruz-maltino. Os anos que se passaram foram árduos. Em 2011, um suspiro de alegria com a conquista da Copa do Brasil. Depois, dois rebaixamentos que se somaram a mais um de 2008. Quinze anos após o troféu e o time memorável ao vascaíno, o clube tem que lutar novamente para voltar à Primeira Divisão. No comando, Jorginho, que fazia parte daquele plantel. O treinador relembra da qualidade de seus companheiros:

- Foi uma conquista fantástica, um grupo muito qualificado tecnicamente, com jogadores extremamente decisivos. O meio-campo era muito criativo, principalmente os jogadores de frente: Juninho Paulista, Juninho Pernambucano, Romário, Viola no banco... Atrás era Júnior Baiano, Mauro Galvão, Clebson na direita, Jorginho Paulista na esquerda. No banco tinha Nasa, Amaral... Era um time muito qualificado. Infelizmente, teve aquela queda do alambrado e o jogo foi para o Maracanã, que é um palco maravilhoso para uma conquista como essa. Agora, de volta, estou feliz da vida por retornar a um clube que já joguei. Consegui realizar um trabalho bom no ano passado e acredito que, fazendo essa virada de ano, que é fundamental, conseguiremos fazer um bom trabalho - garantiu Jorginho.

A DESPEDIDA DO REIZINHO

A final marcou, além do título, a despedida de Juninho Pernambucano. Ao marcar o primeiro gol da vitória por 3 a 1 sobre o São Caetano, comemorou de forma tímida, emocionado. Abraçou Romário e ouviu os pedidos da torcida, para não sair do Vasco.

Na meta cruz-maltina, Hélton sofreu um gol marcado por Adãozinho. O único certeiro dos muitos chutes errados dados pelo adversário paulista naquela decisão. Atualmente no Porto, de Portugal, o goleiro fala do título de 2000 como um salto em sua carreira.

- Até hoje eu recebo mensagens de fãs a respeito daquela equipe. Eu fico muito feliz de ter recebido a oportunidade de mostrar meu trabalho. Ali foi um grande salto na minha carreira, uma aposta que era importante dar resultado. Só tenho que agradecer por ter feito parte daquele time incrível - disse Hélton.

Romário encantou os vascaínos com sua temporada de 2000. O jogo foi no início de 2001, mas seu gol, o terceiro do Vasco no jogo (o segundo havia sido de Jorginho Paulista), foi para coroar uma fase incontestável da carreira do camisa 11 cruz-maltino. O ano de 2000 foi o que o Baixinho mais balançou as redes: 73 vezes no total.

O ESCRETE - "A GENTE NÃO PERDIA"

O Vasco de 2000 causa profunda nostalgia do torcedor. O time que entrou em campo naquele 18 de janeiro é considerado por Odvan um dos melhores da história do clube - o primeiro jogo, em São Paulo, terminou em empate por 1 a 1. O zagueiro, que fazia dupla com Júnior Baiano frisa que o grupo fez história no futebol brasileiro.

- Com certeza está entre os melhores times. Desde 1997, colecionei vários títulos no Vasco. Difícil falar de um time bom desses, a gente não perdia. Fico abismado pensando em como o tempo passa rápido. Parece que foi ontem aquela final. Jogo histórico. Nós vínhamos de uma final de Mercosul, muito cansativa. O momento do título foi muito feliz. O trabalho foi bem feito. Conseguimos provar que o Vasco é realmente um time de títulos e glórias.

NOSTALGIA DO TORCEDOR

O GloboEsporte.com pediu para alguns vascaínos tentarem resumir o que passa pela cabeça deles ao lembrar do time e do título da João Havelange de 2000. O resultado foi esse:

"No jogo do Maracanã, eu já previa o resultado e a lamentação pela despedida do Juninho" (Maicon, 29)

"Pra mim a final foi contra o Cruzeiro, na semi, em que Juninho e Romário calaram o Mineirão lotado" (Marcelo, 24)

"O Vasco parecia, aos meus ingênuos olhos de criança, invencível. Comparável com os galáticos do Real" (Guilherme, 25)

"Sempre acreditei no Vasco e sempre vou acreditar. Timaço. Minha mãe não deixou eu ir em nenhum jogo" (Amanda, 30)

"O momento mais marcante foi o gol do Juninho na final. Ele chamando o Romário para o abraço, completamente emocionado" (Vítor, 27)

"Arrepia o corpo todo. Ali, eu achava que o Vasco viveria sempre de glórias" (Priscila, 30)

"Foi a penúltima vez que vi o Vasco de verdade. Ele até ressuscitou em 2011, mas não teve essa força depois. Aquele Vasco era o Vasco" (Luana, 30)

"Nenhum clube brasileiro vai conseguir formar um time como aquele novamente" (Mateus, 25)

"Merecia um capítulo final mais bonito. Aquele jogo em dia de semana à tarde não foi o desfecho ideal, apesar do título" (Rodrigo, 36)

"Cheguei em São Januário muito cedo, um calor infernal. Meio-dia já estava na arquibancada para a grande decisão de 16h. Festa magnífica que em poucos minutos se transformou em caos" (Henrique, 32)

"Todas as torcidas de São Paulo unidas torcendo para o São Caetano no Palestra, contra o Vasco" (Tito, 41)

"Sinto falta de ter o melhor time no papel indiscutivelmente" (Fábio, 35)

"Um goleiro com uma reposição animal, um passe refinado de dois Juninho e uma lenda na frente: Romário, o gênio do futebol. O melhor Vasco que vi" (Bruno, 30)

"Saudade. O time era tão bom que até Jorginho Paulista jogava bola e fazia gol em final" (Fernando, 24)

"O Vasco não tinha um time, o Vasco tinha dois times. Os reservas do Vasco eram melhores do que os titulares de 90% de outros times do Brasil" (Davidson, 49)



Fonte: GloboEsporte.com