Dinamite fala da penhora de 100% das receitas: 'Isso torna inviável um clube sobreviver'

Segunda-feira, 05/11/2012 - 16:37

Em crise financeira e administrativa, sem recursos e com salários atrasados, o Vasco é hoje um clube cujo futuro parece limitado a simples palavras de otimismo de seu presidente. Em entrevista ao programa Arena Sportv, Roberto Dinamite convocou vascaínos a se unirem, falou em buscar parceiros, prometeu “um Vasco mais forte no ano que vem”. Recorreu a personagens do passado, ao citar possíveis voltas de Ricardo Gomes (que confirmou estar em negociações) e Diego Souza (esta muito improvável de se concretizar). Dinamite citou ainda o projeto da nova arena em São Januário - o mesmo projeto que poderia ter decolado se o clube tivesse atendido exigências para ser sede do jogos de rúgbi nas Olimpíadas de 2016 e que não decola exatamente por falta de parceiros. Nas vezes em que tratou do presente, ao invés de descrever o amanhã de seus sonhos, o dirigente foi bem mais realista:

- Hoje, infelizmente, o clube tem uma penhora de 100% da receita. Isso torna inviável um clube sobreviver. Eu quero pagar, cumprir as obrigações. Mas eu preciso respirar - declarou o presidente. - É do período do Roberto? Em parte, sim, mas tem muita coisa que vem lá de trás - completou, sobre as dívidas.

E como contratar um técnico “à altura do Vasco”, como prometeu Dinamite, ou reforçar o time para “fortalecer o plantel na condição de brigar com os outros grandes por títulos”? Sem dinheiro certamente não dá. Sobre o modo como fugir da crise Dinamite não falou.

- A dificuldade existe, e é grande. Mas vamos tentar solucionar. Quero estar participando mais desse processo. Busquei delegar aos profissionais que estavam no Vasco para desenvolver seu melhor, porque é dessa forma que entendo. Convoco os vascaínos para a gente ter força para sair desse momento financeiro difícil - apelou o presidente.

Quando indagado sobre o que acontece com o Vasco, que já viveu antes de Dinamite um período semelhante de incerteza e pensou que a nova administração deixaria esse tipo de drama no passado, o presidente lembrou o quadro que encontrou ao chegar, em 2008. Argumentou que arrumou a casa, buscou parceiros e fortaleceu o clube. Citou 2011, quando o time ganhou a Copa do Brasil e chegou ao vice-campeonato brasileiro, disputando o título até a última rodada. Admitiu ter errado, sem determinar que erros foram esses.

- Falhas aconteceram, mas não só do presidente. Há pessoas responsáveis dentro do clube para solucionar esses problemas - destacou, numa tentativa repetida de compartilhar com seus colaboradores (os profissionais a quem delegou missões) o ônus. - O momento administraivo é dificil, mas já há pessoas ajudando. As que saíram tinham o direito de sair - acrescentou.

Dinamite argumentou que “o Vasco está vivo”. E exagerou ao falar do centro de treinamento da base, em Itaguaí (RJ), que sequer pertence ao clube, e sim ao empresário Pedrinho Vicençote, que cede seu uso:

- O Vasco hoje é o clube do Rio de Janeiro que tem o melhor CT, com quatro campos de treinamento. No nosso projeto tem o CT que vai ser o principal do Rio. Existe o projeto com respeito à arena do Vasco da Gama. Erramos em alguma coisa? Erramos, mas temos que superar isso e buscar a reconquista de vitórias, é nisso que vou estar trabalhando junto com meus companheiros e as pessoas que estão dentro do clube.

Quando o assunto foi o recente corte no fornecimento de água, por falta de pagamento, e os salários atrasados, explicou:

- Tínhamos a certeza de que recursos seriam aportados dentro do clube, e isso não aconteceu. Emn relação à água, outros clubes tiveram o mesmo problema, mas a coisa não foi tão noticiada. E salários atrasados não acontecem só no Vasco - disse.

Dinamite contou que o Vasco, assim como outros clubes, pagava tarifa especial pela água.

- Isso dava de R$ 70 mil a R$ 80 mil de água mensais. Os clubes perderam esse direito recentemente. A conta passou para R$ 200 mil. Não é crítica diretamente a quem está trabalhando com a água do Rio de Janeiro (a Cedae), mas é um posicionamento que nós dos clubes teremos que ter. Tínhamos um direito adquirido e nos foi tirado isso. Só para dar um exemplo claro: São Paulo tem taxa de água de 5% a 7%. No Rio, para os clubes, está quase 18%. É uma discussão que estamos tendo para tentar rever não para o Vasco, mas para todos os clubes - informou.

Fonte: Globo Online