Decisivo em 2006 contra a Ponte Preta, Morais dá a receita: 'Jogar fechadinho'

Terça-feira, 08/09/2015 - 07:25
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O Vasco tem uma dura tarefa pela frente contra a Ponte Preta em Campinas (SP). Se no Campeonato Brasileiro o time está há nove jogos sem vencer, no estádio Moisés Lucarelli ele não ganha pela competição há nove anos. Na época, o Cruz-Maltino dirigido por Renato Gaúcho derrotou os donos da casa por 2 a 1, com dois gols de Morais. O herói vascaíno de 2006 agora vai acompanhar o duelo desta quarta-feira, às 19h30 (de Brasília), pela televisão e, apesar da dificuldade, acredita em novo triunfo. O meia, que ainda lembra com detalhes daquela partida, deu a receita para a equipe de Jorginho voltar ao Rio de Janeiro com os tão necessários três pontos na mala.

- Lembro bem, fiz dois gols. Um no passe do Faioli e outro num contra-ataque. Sempre foi ruim, difícil jogar lá. No Paulista de 2010 pelo Corinthians, por exemplo, a gente estava bem, mas chegamos lá e perdemos. Mas dá para ganhar, sem dúvida, com todo respeito à Ponte. É o momento de o Vasco jogar como time pequeno, ser humilde e esperar o adversário. Não pode ficar se atirando na casa dos caras porque eles têm jogadores rápidos, como o Biro Biro. Tem que jogar fechadinho - aconselhou o atleta contra uma equipe que obteve 15 vitórias, quatro empates e só quatro derrotas em 23 jogos em casa em 2015.

O triunfo sobre a Ponte em 2006 foi na segunda rodada do Brasileiro e colocou o Vasco no G-4. Naquela campanha, o time brigou até o final pela vaga na Libertadores, mas terminou um ponto atrás do Paraná, que ficou com a última vaga no torneio continental.

Morais trocou o posto de jogador pelo de torcedor do Vasco em 2008, quando vestiu a camisa do clube pela última vez. Naquela temporada, que terminou com o primeiro rebaixamento da história do Cruz-Maltino no Brasileiro, ele foi negociado no meio do campeonato com o Corinthians e não vivenciou a luta para fugir da degola nas rodadas finais. Mesmo achando que aquele elenco liderado por Edmundo e Leandro Amaral era mais forte que o atual, e reconhecendo a situação delicada que o time está na tabela, o meia não joga a toalha na briga contra a queda para Série B.

- O time parece que vai, mas não vai. No papel tem boas peças: um bom goleiro, um zagueiro experiente lá atrás, um meio-campo de respeito que tem Guiñazu, Nenê... O Dagoberto, que acabou não dando certo. Mas quando não encaixa, não tem jeito. Fico querendo acreditar, mas é complicado. Pelos números, tem 100% para cair, mas é futebol. Tem 15 jogos, de repente se ganhar 10 e ficar com 43... É difícil, mas é Vasco. Se não conseguir voltar a ser forte em São Januário, cai.

Falando em São Januário, Morais é um ferrenho defensor da volta do time ao estádio. Mas internamente no clube, a pressão da torcida, que fica mais próxima dos jogadores, é vista como um fator de risco na fase atual, capaz de transformar o caldeirão em efeito contrário. Nos últimos jogos no local, o time foi muito criticado nas derrotas sofridas para Palmeiras, Cruzeiro e Ponte Preta, e após esses resultados, o Vasco passou a transferir suas partidas para o Maracanã.

- Sempre São Januário. Converso muito isso com meu pai, meu irmão. Numa situação dessa, São Januário sempre foi a força do time. Em 2005, quando voltei para o Vasco, lembro que a gente estava numa situação difícil, tomava pancada fora, mas sabíamos que em casa iríamos nos recuperar. Às vezes nosso time era inferior, mas ganhava na marra, com a torcida. Não cheguei a pegar isso (pressão da torcida atrapalhar). A minoria é que ficava vaiando. Tinha uma galerinha que concentrava ali, chegava cedo, ficava bebendo, e xingava, mas era uns 30. Aí dava 18, 20 mil no estádio e a maioria empurrava. Ali a gente era muito forte.

O meia criticou também o episódio envolvendo a agressão por parte de um torcedor ao zagueiro Rodrigo, na noite da última sexta-feira, durante a chegada dos jogadores à concentração. E lembrou que foi por causa da postura de certos vascaínos que ele deixou o clube em 2008, pouco tempo depois de ter renovado contrato. Para o Vasco ter forças para sair da incômoda situação em que se encontra no Brasileiro, ele avisa que time e torcida precisam estar juntos.

- Em time grande, a torcida acha que vai ajudar cobrando dessa forma, de intimidar, só que acaba atrapalhando. Saí por isso (em 2008). Tinha renovado meu contrato por quatro anos, mesmo com propostas do futebol alemão, da Croácia, aí 10 meses depois fui para o Corinthians. O time estava numa fase ruim, e começaram a colocar na minha conta. Teve um treino que a torcida invadiu e só falavam meu nome. Fui conversar com eles, perguntei se o problema era eu, disseram que sim, então resolvi sair. Fui muito zoado porque iria jogar a Série B no Corinthians e no final do ano o time caiu. Mas torço pelo Vasco, fui criado lá. Para sair dessa situação, só com o apoio da torcida. Não adianta agredir jogador, senão daqui a pouco ninguém vai querer jogar no Vasco.

Morando em Maceió, perto da família, Morais está sem clube desde maio, quando pediu dispensa do CRB após ter se lesionado e perdido espaço no elenco. O meia vai aproveitando o lado paternal para curtir e treinar os filhos gêmeos Davi e Caio, de cinco anos, além de aproveitar os momentos de lazer com familiares e amigos. Porém, engana-se quem pensa que ele pendurou as chuteiras. O jogador garante que vem cuidando da parte física e está aberto a propostas.

- Aqui é praia, futevôlei, churrasco com a família... E treinos diários de segunda a sábado. Sempre tem alguém ligando, perguntando se quero voltar a jogar. A gente começa a pensar na família, tenho dois meninos, tem que ficar mudando de escola, mas futebol é vício. Se pintar alguma coisa boa, vamos ver - afirmou, deixando o futuro em aberto.



Fonte: GloboEsporte.com