Montoya: 'Acho que ainda não mostrei nada pelo Vasco'

Quarta-feira, 15/01/2014 - 07:58
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Muita expectativa, dois meses de espera, apenas nove jogos e uma tristeza indisfarçável. O ano de 2013 com a camisa do Vasco não foi como Montoya esperava. Contratado em junho após se destacar pelo All Boys, da Argentina, o colombiano enfrentou problemas para ser regularizado e só estreou em agosto. Para piorar, ainda sofreu com as poucas oportunidades para mostrar seu futebol e, quando entrou em campo, não correspondeu às expectativas. Uma história que ele espera reescrever já a partir do Campeonato Carioca. Até porque, segundo palavras do próprio jogador, ele ainda não teve tempo de mostrar nada pelo Vasco.

- Acho que ainda não mostrei nada pelo Vasco. Ainda que eu tenha jogado bem algumas partidas no ano passado, na Argentina eu tinha uma sequência muito boa e saía sempre como melhor da partida. Era diferente. Mas é bom passar por isso para saber que eu nem sempre vou estar bem e que os momentos difíceis estão ai para serem superados - disse Montoya em entrevista ao GloboEsporte.com em Pinheiral, palco da pré-temporada vascaína.

Sorridente e já se virando bem com o português, o colombiano de 22 anos não esconde que ficou triste com as poucas oportunidades que recebeu em 2013. Mas prefere não culpar a demora na regularização e avisa que em momento algum pensou em deixar o clube. Aos poucos, já começa a se sentir mais carioca e tenta controlar a ansiedade de provar, em campo, por que foi contratado.

- O treinador já falou que está observando meu trabalho, meu esforço e isso é bom. Agora quero começar o ano bem e aos poucos as coisas vão acontecer - frisou.

Confira a íntegra da entrevista abaixo:

Você jogou pouco em 2013. Como está lidando com a ansiedade nesta temporada que se inicia?

Sou novo, mas com o passar do tempo vou amadurecendo. Todo jogador precisa disso para ficar mais tranquilo, para suportar essa ansiedade. Acho que meus companheiros me ajudam muito, estão sempre perto de mim. Eles falam para eu ficar tranquilo, que a única saída para melhorar é o trabalho. É o que eu estou fazendo. O treinador já falou que está observando meu trabalho, meu esforço e isso é bom. Agora quero começar o ano bem e aos poucos as coisas vão acontecer.

Qual porcentagem do seu futebol acha que já conseguiu apresentar com a camisa do Vasco?

Falo muitas vezes com minha família e amigos sobre isso. Acho que ainda não mostrei nada pelo Vasco. Ainda que eu tenha jogado bem algumas partidas no ano passado, na Argentina eu tinha uma sequência muito boa e saía sempre como melhor da partida. Era diferente. Mas é bom passar por isso para saber que eu nem sempre vou estar bem e que os momentos difíceis estão aí para serem superados.

Foi frustrante ter poucas oportunidades depois de chegar como destaque do futebol argentino?

Acho que frustração é uma palavra muito forte. Mas eu não nego que fiquei triste. Você sempre tem vontade, acha que pode ajudar muito o time, e ver o jogo de fora é chato. Mas eu ficava tranquilo esperando minha oportunidade, sabendo que, se eu treinar bem, ela vai aparecer.

A questão da regularização lhe atrapalhou no início e você ficou um bom tempo sem poder jogar. Acha que as coisas teriam sido diferentes se aquilo não tivesse acontecido?

Eu acho que as coisas acontecem como têm de ser. Deus tem as coisas melhores para você e obviamente as quedas acontecerão, mas temos que nos levantar de novo. Se aconteceu assim, é porque era para ser, porque eu não deveria chegar aqui com tudo funcionando bem. Não estou falando do rebaixamento, apenas do que aconteceu comigo. Agora é um novo ano e espero poder ajudar da melhor maneira, ficar à disposição e que nosso time possa recuperar a confiança.

Em algum momento você pensou em sair por causa da falta de oportunidades em 2013? Ser emprestado, talvez?

Como jogador sempre vou querer estar em campo. Obviamente as pessoas têm formas diferentes de pensar. Meu assessor falou que, se eu não for usado e tiver oportunidade, poderia ir para outro time. Por outro lado, a diretoria sempre disse que confia em mim, nas minhas qualidades e que neste ano eu terei mais oportunidades. Vim para o Vasco em 2013 e tenho minha mente centrada no clube.

Na sua estreia você falou que se sentiu um pouco preso pelo ganho de peso que estava passando. Hoje, como se sente?

Deixei de fazer esse ganho de peso e estou me sentindo mais ligeiro, mais rápido. É uma característica minha e não posso deixá-la escapar. Agora, com a preparação do Daniel (Gonçalves, preparador físico), estou me sentindo bem, rápido e com muita vontade de começar a mostrar meu jogo e minhas qualidades.

Adilson é um ex-zagueiro vitorioso, um treinador que gosta mais de marcação, de participação no jogo, do que mais especificamente de habilidade. É difícil agradá-lo, convencê-lo de que você merece a confiança dele?

Já desde o ano passado ele nos mostrou a forma como gosta de jogar, de treinar... Eu como jogador tenho que usar a inteligência, conhecer o jogo que o técnico prefere e, pouco a pouco, ir me moldando dentro disso. Ele corrige muito bem, fala quando eu faço algo que ele não gosta e isso é muito legal. Com o tempo vou me adaptar mais e vou fazer o que ele quer em campo.

Como analisa essa profusão de nomes sul-americanos no futebol brasileiro? É como se o Brasil fosse a ponte para a Europa para os sul-americanos? Há essa mentalidade desde garoto: jogar no clube do seu país, depois no Brasil e depois na Europa?

No meu país, sempre se falou que o passo mais importante para chegar na Europa era passar por Argentina e Brasil. Eu já passei pelo All Boys e agora estou no Vasco. Acho que são objetivos conseguidos, coisas boas para a minha carreira e experiências que podem me preparar para saltos ainda maiores. Mas não posso deixar de trabalhar nunca. Sei que o Brasil é uma grande vitrine e estou tranquilo por estar aqui. Apenas esperando a oportunidade para seguir crescendo.

Já deu para se sentir um pouco carioca?

Gosto muito do Rio, é uma cidade maravilhosa. Tem muitos lugares para conhecer. A praia é muito linda. Minha mulher gosta muito da cidade e é um lugar bom para melhorar nossa qualidade de vida. Sempre rendi melhor assim. Ano passado, na verdade, não pude ir muito à praia pela situação que estávamos vivendo. Mas, quando posso, tento ir. Às vezes sofremos muito nos treinos e prefiro descansar na folga. Mas costumo ir na piscina sempre que possível.

Como vê as chances da Colômbia para a Copa do Mundo no Brasil? Sonha estar na lista?

Demonstrou nas Eliminatórias que está preparada. Acho que não podemos falar demais porque os europeus sempre vão ter muitas qualidades. Mas dá para ter confiança em uma boa campanha. Sabemos que o treinador tem ajudado muito, que temos jogadores reconhecidos internacionalmente, peças que são as melhores de seus times... Isso tudo nos deixa tranquilos de que podemos fazer um bom campeonato. Agora é difícil ser convocado, já está muito perto da Copa. Joguei pouco no ano passado, mas sonhar não custa nada. Estarei sempre à disposição. Se não der dessa vez, tudo bem. Sei que ainda sou muito novo.

Se o Vasco realmente jogar a Série B, você vai conhecer um futebol brasileiro diferente. Estádios muito acanhados, jogos no interior do país, gramados ruins. Está preparado?

É o que temos. Se o Vasco tem que enfrentar essa adversidade, tem que ir para cima. Quando o campo não está muito bom, temos que fazer outras coisas. Correr mais, brigar mais... Pouco a pouco vamos nos preparando. É algo normal e não deixa de ser o Vasco da Gama por jogar a Segunda Divisão.

Fonte: GloboEsporte.com