Felipe, Gaúcho e Cristiano Koehler marcam trajetória de René Simões no Vasco

Quinta-feira, 06/06/2013 - 10:06

Na última segunda-feira, completaram-se seis meses desde a chegada de René Simões ao Vasco. Antigo desejo do presidente Roberto Dinamite, o profissional do futebol que ficou ainda mais conhecido no Brasil ao levar a Jamaica para uma Copa do Mundo e comandar a seleção feminina brasileira de futebol chegava com plenos poderes. E logo de cara, ele precisou usá-los. Ao saber das declarações em entrevista - e das polêmicas no clube - de Felipe, o então novo diretor executivo de futebol do clube decidiu rescindir o contrato do jogador mais vitorioso da história do Vasco.

Mas a força de René em São Januário foi posta à prova quando mediu poderes com outro pilar da nova fase da gestão Dinamite, que terceirizou a administração do futebol ao contratar o diretor geral Cristiano Koehler. CEO do Vasco, como se entitula, Koehler, aos poucos, passou a se incomodar com René. Depois de meses de atrito e desgastes nos bastidores, o ponto final aconteceu em reunião esta semana. Em São Januário, o presidente Roberto Dinamite estava encarregado de demitir o amigo René. De Goiânia, para onde voou para resolver contrato do garoto Fabio Lima, René se antecipou e comunicou que estava fora da diretoria – o clube só deve comunicar oficialmente a saída de René durante esta quinta.

No período em que René esteve à frente do futebol do Vasco, René esteve longe de ser unanimidade. A rescisão de contrato de Felipe foi considerada uma decisão drástica. O dirigente tomou a decisão depois de, segundo relatou, tomar conhecimento de todas as histórias do meia ocorridas em 2012. Entre outras coisas, entendeu que ele influenciava negativamente o comportamento dos mais jovens e entendeu ter dado um recado ao restante do grupo em termos disciplinares. Para algumas pessoas do clube, chegou a se vangloriar de uma decisão que contrariou alguns de seus companheiros de clube, como o diretor técnico Ricardo Gomes:

- Eu fui na raiz.

Mas outros atos foram mais curiosos do que propriamente sérios. Em janeiro, René foi até Pinheiral (RJ), onde a equipe realizava a pré-temporada. Ao lado do diretor geral Cristiano Koehler, reuniu os jogadores para falar de atraso de salários. Logo no início de seu discurso, alguns de seus três telefones começaram a tocar insistentemente. Ele parou a conversa:

- Desculpem. Isso não pode acontecer. No meu tempo, quem fazia isso tinha que pagar dez - disse René, antes de se deitar no chão e fazer algumas flexões para perplexidade de Koehler, jogadores e comissão técnica.

Os jogadores se queixavam de isolamento e também das promessas não cumpridas de René. Internamente, alguns atletas faziam disso até motivo de brincadeiras. Esse fato chegou até o conhecimento da diretoria, que adicionou esse fato à sua série de restrições ao trabalho do diretor executivo.

Em São Januário, comenta-se que ultimamente até mesmo Ricardo Gomes não escondia sua insatisfação com René Simões. Paulo Autuori também. A informação é de que a dupla teria se decepcionado com algumas atitudes de alguém que, por considerem ser um homem do futebol, não esperavam. Uma delas foi a demissão de Gaúcho ainda no vestiário, após a derrota para o Nova Iguaçu, algo que desagradou o diretor técnico.

Com todas dificuldades que o Vasco apresentou a um novo profissional de gestão executiva no futebol, René fez o que conseguiu em São Januário. Contratou mais de 10 jogadores - "sem gastar um centavo", como disse na apresentação de boa parte deles - e circulava por todas áreas do clube, com certa desenvoltura. Na coletiva de apresentação de Autuori, ele convocou patrocinadores para procurarem o Vasco.

- Aproveitem agora. Mais tarde será difícil entrar no clube - disse René, à época. Em seguida, nas entrevistas que era solicitado a falar sobre parcerias do Vasco, o dirigente já demonstrava outra postura, dizendo que cada um falava sobre o seu setor.

O jeitão expansivo - e os comentários sobre contratações que não vingaram, acordos não cumpridos - que abre portas a René também provocou distintas reações no clube. Sem citar nomes, Paulo Autuori mostrou insatisfação por diversas vezes. Reclamava de notícias vazadas e de pouca privacidade. Ato contínuo às declarações de Autuori, René passou a responder que não comentava mais nomes especulados ou procurados para reforçar o time.

Algumas contratações já não foram mais tocadas por ele. Foi o caso do atacante André, que veio do Santos e foi trazido pela DIS. Koehler que se reunia e apontava o passo a passo da negociação. Não à toa, ao tomar conhecimento das bases da contratação do zagueiro Rafael Vaz, do Ceará, o diretor geral decidiu terminar com a era René no Vasco. Se no tempo em que conviveram em São Januário, René e Cristiano nunca criaram afinidade ou demonstraram sintonia, agora nem mesmo a amizade com o presidente Roberto Dinamite era capaz segurar a pressão pela saída de René. Ironicamente, o ex-técnico que demitiu Gaúcho vira ex-diretor pelas mãos de um gaúcho cada dia mais poderoso no Vasco.

Fonte: GloboEsporte.com