Pais de Wendel, que morreu durante testes em Itaguaí em 2012, pedem quase R$ 1 milhão ao Vasco em indenização

Quarta-feira, 08/05/2013 - 08:22

Um ano e três meses depois da morte de Wendel, no centro de treinamento do Vasco em Itaguaí, os advogados de Antônio Carlos Inácio da Silva e Rita de Cássia Venâncio da Silva, pais do garoto falecido, entraram com ação indenizatória contra o clube nessa terça-feira na comarca de São João Nepomuceno, interior de Minas Gerais. Conforme a petição inicial da ação, à qual o GLOBOESPORTE.COM teve acesso, o processo pede quase R$ 1 milhão por danos morais e materiais.

Wendel Venâncio da Silva morreu aos 14 anos no dia 9 de fevereiro do ano passado. Ele chegou ao Rio para ser observado pelo infantil do Vasco em três testes e faleceu em campo, após cerca de 15 minutos de treinamento em Itaguaí. O caso foi arquivado em janeiro na esfera criminal pela Promotoria da Infância e da Juventude de Itaguaí. O promotor Jorge Funken, conforme avaliação do inquérito policial, não viu responsabilidade criminal do clube ou do médico de São João Nepomuceno, Jerônimo Moura, que liberou o garoto para a prática de esportes. Segundo laudo de morte, Wendel morreu por causa de problemas cardíacos e bronquite crônica.

O advogado da família, Daniel Reis, disse que foi feito um cálculo de danos materiais em cima de toda a renda futura que o garoto poderia gerar até os 65 anos de idade. Atacante de destaque na escolinha do ex-jogador do Vasco Marco Aurélio Ayupe em Nepomuceno, Wendel ficou três dias no Rio até a fatídica manhã do dia 9 de janeiro de 2012. A estimativa levou em conta que mais de 90% dos jogadores de futebol no Brasil recebem, em média, dois salários mínimos.

“Com isso, deve o clube requerido aos requerentes em razão do prejuízo material sofrido, pela redução da renda efetiva, pagar-lhes mensalmente a importância equivalente a dois salários mínimos vigentes, desde a data do óbito até que o menor viesse a completar 65 anos de idade, com todos os adicionais, além do 13º salário e acréscimo de 1/3 sobre as férias anuais”, diz um trecho da petição inicial dos advogados dos pais de Wendel.

Pelos danos morais, o cálculo estipulado é de 200 salários mínimos. Somando os dois pedidos, o valor da ação indenizatória deve chegar a R$ 930 mil.

O Vasco ainda não foi notificado da ação, o que deve acontecer em até 20 dias. Depois, vai ter mais 15 dias para preparar a defesa. Em seguida, os advogados da família de Wendel vão se manifestar sobre a defesa do clube em prazo máximo de mais dez dias. Na sequência do trâmite judiciário, o juiz do caso deve despachar para conhecer as provas, depoimentos e audiências do processo. A expectativa dos advogados dos pais de Wendel é de que uma sentença judicial demore mais de seis meses.

O Vasco bancou as despesas do sepultamento de Wendel. No entanto, os pais do garoto reclamam que, pouco tempo depois do enterro - e após o laudo de morte que apontou problemas cardíacos -, não houve mais qualquer contato. Carlos e Rita têm mais dois filhos, um de 24 anos e outro de 20. O pai voltou a trabalhar na confecção da cidade, mas a mulher, que tem acompanhamento psicológico até hoje, não voltou às atividades como revisadeira de roupas.

O diretor jurídico do Vasco, Gustavo Pinheiro, vai aguardar a notificação judicial para que o clube tome conhecimento dos pedidos dos advogados da família do garoto Wendel e encaminhe a defesa para o processo.

Fonte: GloboEsporte.com