Em 5 meses de Vasco, René passou por pressões, desconforto e já planeja novos horizontes para o clube

Sábado, 04/05/2013 - 09:50

Cinco meses depois de chegar ao clube, o jeitão René Simões já marca a temporada 2013 do Vasco. Entre pronunciamentos megalômanos para unir vascaínos e expor sonhos - como no dia em que admitiu ter feito consulta por Kaká - , negócios e novidades quase toda semana - foram mais de 10 contratações até agora -, o diretor que encerrou a carreira de Felipe no time de São Januário divide opiniões. Muitos acham que René poderia falar menos, sem esbarrar em outras áreas e chamar menos atenção, mas todos reconhecem nele incansável trabalhador. Ao seu estilo, René espera "molhar o bico" de novo do vascaínos, como aconteceu quando comemorou a chegada de Autuori, sua maior vitória até agora.

- Todo mundo dizia que era impossível (contratar) o Paulo Autuori. Eu sonhei com o Paulo e falei: não vou perder essa oportunidade de pelo menos perguntar se ele quer nos ouvir. E hoje estou aqui apresentando o Paulo. Estou realizando meu sonho - dizia René, na coletiva de apresentação do técnico Paulo Autuori.

No dia 5 de dezembro de 2012, Roberto Dinamite encomendava a René Simões a tarefa de desenvolver o futebol profissional e a integração com as categorias de base.

- Quero trabalhar oito para três. Oito jogadores da base e três “superstars” - afirmara há cinco meses.

Até hoje, foram poucas oportunidades de o diretor modificar qualquer coisa na base do clube. Em tempos de vacas magras e muitos problemas, René se queixa que ainda não teve tempo de se reunir com o diretor Mauro Galvão e outros profissionais das categorias de base do clube. No entanto, comandou as negociações pelo ressarcimento do Vasco no caso Mosquito - que rendeu quase R$ 1 milhão aos cofres cruz-maltinos. A vontade de René é "importar" o modelo do Corinthians na base, com observações diversas nos quatro cantos do país. Mas a ideia esbarra no mesmo obstáculo de tudo a que o clube se propõe hoje: a falta de recursos.

Duas semanas depois de sua chegada, René apresentava os primeiros reforços da temporada: Michel Alves e Thiaguinho. Os dois estavam fora dos planos até a contratação de Autuori. O goleiro se aproveitou de um clássico ruim de Alessandro contra o Botafogo, enquanto o atacante Thiaguinho entrou bem nos testes realizados pelo novo treinador, após a saída de Gaúcho.

O ex-técnico, aliás, se apresentou quase como desafeto de René, no ponto que o diretor mais ficou exposto nesses primeiros tempos de Vasco. Após a derrota para o Nova Iguaçu, a terceira seguida do time no Carioca, um pressionado René demitiu Gaúcho ainda no vestiário. Ricardo Gomes, no dia seguinte, estava de saída do clube, mas um pedido de Autuori o fez repensar a decisão. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Gaúcho criticou indiretamente René, dizendo que não havia sido consultado na maioria das contratações. Nos últimos dias, o mesmo fez o preparador de goleiro Carlos Germano, que desabafou sobre a contratação frustrada do goleiro Julio Cesar.

René garante que "nenhum jogador chega nem sai do elenco" sem que o diretor Ricardo Gomes e os técnicos - antes Gaúcho, agora Autuori - concordem e que todos tenham um consenso. Sobre a queixa de Germano, o diretor tentou encerrar a polêmica.

- Acho que ele não teve cuidado (na entrevista). Foi pego desprevenido. Tenho muitas reuniões com Ricardo e Autuori, que são os comandantes da comissão técnica. Cada um gerencia isso de uma forma. Por exemplo, tem treinadores que escalam seus goleiros. Outros, consultam o preparador. Em outros lugares, o preparador é quem escala. Germano foi meu jogador na seleção de juniores em 1988. É um cara fantástico. Não há problema algum - disse René, que conversou nessa sexta-feira com o ex-goleiro sobre o episódio.

Sem custos

Num misto de choque de realidade e excesso de sinceridade, René dizia aos quatro ventos, em reuniões com empresários e atletas, além das entrevistas e coletivas de imprensa, que o Vasco não estava gastando um centavo nas contratações do início do ano. Nessas condições quase todos vieram: além de Michel e Thiaguinho, Fillipe Soutto, Leonardo, Pedro Ken, Yotún, André Ribeiro, Robinho, Edmilson, Nei, Sandro Silva e agora Alisson - Elsinho já havia sido contratado na gestão Daniel Freitas. Mas outros, praticamente fechados, como o lateral Juan e o atacante Zé Love, frustraram o diretor. Dos contratados, poucos ganharam a vaga de titular e um já foi dispensado (o zagueiro André Ribeiro). Apesar de já ter contratado um goleiro este ano, ainda houve a polêmica com o goleiro Julio Cesar, do Corinthians.

René defende suas decisões lembrando da debandada de mais de 10 jogadores no fim do ano passado. As dificuldades financeiras também, claro, são lembradas.

- O início foi bem complicado. Tivemos um espaço de tempo absolutamente curto para montar um time. Sem dinheiro, tivemos que recorrer a trocas, costuramos acordos de cavalheiros e fomos trazendo jogadores. A possibilidade de se aprofundar em escolhas no mercado, ela não existiu. O risco, evidentemente, de erros ficou muito grande - disse o diretor executivo do Vasco.

Com contrato até o fim de 2014, René garante já ter iniciado o planejamento do ano que vem. Esperando mudanças e boas notícias em breve - como o provável anúncio da patrocinadora máster Nissan para o meio do ano -, o diretor aposta em novos ventos para o clube.

- Quando chegarmos em setembro garanto que todo o planejamento de 2014 estará pronto. Teremos então setembro, outubro e novembro para observar o mercado. No início do trabalho foram 15, 20 dias onde tivemos de sair contratando sem dinheiro. Alguns deram certo, outros não - lembrou René Simões.

Entre ideias, planos e frustrações, o diretor diz que "não é maluco de não querer agradar a torcida do Vasco", apesar de declarar independência, como foi no caso Felipe, quando contrariou boa parcela dos vascaínos.

- Ainda tem outras coisas para acontecer para molhar o bico da torcida. Talvez ainda nada da ordem de toda a grandeza do Vasco, mas coisas interessantes, sem dúvida.

- O início foi bem complicado. Tivemos um espaço de tempo absolutamente curto para montar um time. Sem dinheiro, tivemos que recorrer a trocas, costuramos acordos de cavalheiros e fomos trazendo jogadores. A possibilidade de se aprofundar em escolhas no mercado, ela não existiu. O risco, evidentemente, de erros ficou muito grande - disse o diretor executivo do Vasco.



Fonte: GloboEsporte.com