Juniores: Confira entrevista com o lateral-esquerdo Bruno Saad

Quinta-feira, 20/12/2012 - 03:11

Se tem um jogador dentro da base que conhece o Vasco como poucos esse é Bruno Saad. No Gigante da Colina desde os nove anos de idade, o lateral-esquerdo passou por todas as categorias e conquistou títulos na maioria delas.

Apesar de ter vivido quase metade de sua vida dentro de São Januário, o garoto não vem recebendo oportunidades e até mesmo por conta disso deve deixar o cruzmaltino após o término de seu contrato, que vai até o dia primeiro de abril.

O 'esquecimento' de Bruno na base do Vasco começou quando ele sofreu uma grave lesão no joelho no momento em que estava voando com a camisa 6 do time juvenil. Além de ficado afastado dos gramados por um longo período, o jovem ainda teve que arcar com todo o tratamento (operação, fisioterapia e reforço muscular).

Esperava-se que a situação fosse melhorar quando o jogador se recuperou de lesão, mas não foi isso que aconteceu. Isso porque Bruno voltou para o time de juniores e não jogou muitas partidas sob o comando de Galdino, antigo técnico da categoria. Segundo pessoas próximas ao lateral, ele nem era relacionado para os treinamentos.

A situação melhorou um pouco após a chegada do técnico Sorato, que passou a dar oportunidade para Bruno mostrar o seu talento nos treinamentos, porém Bruno seguiu sem jogar e viu a lista de relacionados para a Copa do Brasil sem seu nome mesmo com a ausência de Dieyson, integrado ao time profissional.

Enquanto espera por dias melhores no Vasco ou em outro clube, Bruno conversou com o Blog e o resultado deste bate-papo você pode conferir abaixo:

Sabemos que você chegou ao Vasco com nove anos de idade, mas a sua trajetória no clube é desconhecida. Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória no Vasco: Por quais categorias você passou e quais títulos conquistou?

“Cheguei ao pré-mirim e fui campeão da Copa Jornal dos Sports. Fui Campeão Carioca no pré-mirim e no mirim. Também fui campeão da Copa Macaé e Campeão carioca no infantil”.

Quais as maiores dificuldades que você enfrentou no início da carreira e quem sempre te apoiou?

“Acho que a pior dificuldade para um jogador é ficar sem jogar, ficar sem fazer o que mais gosta. Mas meus pais que sempre estiveram do meu lado e sempre me apoiaram”.

Ao longo do período que você está no Vasco quais foram os momentos de maior alegria e de maior tristeza?

“Tive muitos momentos especiais. Consegui conquistar títulos importantes e fui muito feliz em ser vice-artilheiro da Taça Leopoldina. Nessa competição fiquei apenas um gol atrás do nosso ex-atacante Luiz Carvalho. Em um dos jogos que ganhamos por 1 a 0, tive a felicidade de fazer o gol e classificar o Vasco para semifinal. Logo em seguida, joguei mais uma Taça e me lesionei. No momento que estava bem, a dois dias de um jogo contra o Fluminense, rompi o ligamento”.

Você hoje atua como Lateral-Esquerdo, porém até o ano de 2006 você jogava como meia-esquerda. Conta-nos um pouco como essa transição do meio para a lateral. Qual foi o treinador responsável por isso? Quais as maiores dificuldades que você enfrentou para se adaptar a mesma?

“O treinador responsável foi o Álvaro Miranda. No começo eu tive dificuldade em me adaptar a posição, pois eu era um meia passador de bola, não tinha muita velocidade, mas sim um passe bom. Não demorei muito a me adaptar e hoje uma das minhas maiores vantagens é a velocidade”.

Muitos falam que você é um lateral que apoia bastante ao ataque. Queria que você falasse um pouco sobre suas características. Como você gosta de jogar?

“Realmente o meu ponto forte é o ataque. Gosto de atacar bastante e acredito que faça bem isso, mas não esqueço de defender, consigo me sair bem na defesa. Quando um time joga com três zagueiro e dois alas me ajuda mais ainda”.

Quais são seus ídolos no futebol? Pergunto dentro e fora do Vasco.

“Procuro me espelhar em jogadores da minha posição. Meus ídolos são o grande Felipe, que já foi lateral por anos, Marcelo, do Real Madrid, e Roberto Carlos”.

O que representa o Vasco para você?

Vasco foi o ponto de partida pro meu sonho e isso é muito importante pra mim.

Você assinou seu primeiro contrato profissional com o Vasco no dia de seu aniversário e na época chegou a declarar que aquele era o dia mais feliz da sua vida. Hoje, pouco mais de dois anos após a assinatura, você não está recebendo oportunidades e por isso não pode mostrar o seu talento. Na sua visão o que fez o clube mudar de opinião em relação a você? Pergunto por que o contrato profissional é um voto de confiança seu no clube e do clube em você.

“Eu me lesionei no juvenil, quando estava bem e o ex-treinador do juniores do Vasco não ia ver os jogos do juvenil. Foi ver só os jogos da final quando eu já estava machucado. Então não chegou a me conhecer. Quando eu voltei a treinar já era Juniores, mas esse treinador nunca fez questão de me ver jogando mesmo sabendo da minha história no Vasco. Não tinha oportunidades nem para treinar. Acho que isso além de desmotivar um jogador de futebol, atrapalha muito em seu rendimento”.

Você acha a lesão que você sofreu te atrapalhou até que ponto? Acredita que poderia estar próximo de subir ao time profissional caso não tivesse sofrido esse problema?

“Com certeza atrapalhou muito minha vida. Estaria, sem dúvidas, bem e jogando no juniores e com chances de jogar no profissional sim”.

Por ser um dos jogadores com mais tempo de Vasco você se sente triste com o tratamento que vem recebendo hoje do clube? O que mais te aborrece?

“Sem dúvidas. O que mais me aborrece é ver que as pessoas que hoje estão a frente não ligam para um atleta que tem uma vida dentro do clube e que suou muito a camisa para honrar esse nome que tem o Vasco. Clóvis é uma das poucas pessoas boas que existem dentro do Vasco hoje em dia”.

Seu contrato termina no início do ano que vem. Pelas informações que recebi você não vai ficar. Você chegou a ser procurado? Conversaram com você?

“Não, ninguém me chamou para conversar. Vi apenas uma matéria em um site do Vasco”.

Gostaria de renovar com o Vasco?

“Não”.

Você ainda tem como um grande sonho vestir a camisa da equipe profissional do Vasco?

“Um dia eu tive esse sonho em minha vida, mas esse foi atrapalhado por pessoas ruins. Mas quem sabe um dia eu volte a jogar pelo Vasco. Com certeza irei dar a vida mais uma vez por esse grande clube dirigido por pequenos profissionais. O Vasco é muito maior e melhor”.

Fonte: Blog do Carlos Gregorio Jr - Supervasco