Nilton não quer ficar conhecido como jogador violento

Quinta-feira, 27/09/2012 - 10:27

Foi-se o tempo em que Nilton era lembrado pelas duras entradas nos adversários. Após ficar um ano parado por conta de uma séria lesão no joelho direito, refletiu, mudou os hábitos e agora colhe frutos da nova postura. Neste Campeonato Brasileiro, por exemplo, é o jogador com mais passes certos do Vasco, deixando para trás meias do quilate de Juninho Pernambucano e Felipe.

Também não tem deixado de exercer o que lhe compete em primeira ordem, que é marcar. É o atleta com o maior número de desarmes da equipe.

Quando dá, o volante ainda curte uma de atacante, tendo feito dois gols nos últimos três jogos do Vasco, contra Palmeiras e Cruzeiro (na última rodada, contra a Ponte Preta, estava suspenso).

Feliz pelo momento, explicou o que aconteceu para que passasse a se destacar de modo positivo:

– Eu sabia que tinha de aperfeiçoar cada vez mais alguns fundamentos. Acabei melhorando no passe, no lançamento, na marcação... Se hoje estou sendo elogiado, não é por acaso, é porque fiz por merecer. Espero poder dar continuidade a essa boa fase que estou tendo – destacou.

Nilton admitiu que os comentários sobre as jogadas mais duras dele vinham o incomodando:

– Esses lances deixam você um pouco marcado. Eu via os comentários dizendo que eu tinha boa técnica, mas era maldoso. Isso estava me magoando, então pensei que tinha de me aperfeiçoar nos fundamentos. Hoje tenho esses elogios graças à minha força de vontade de virar essa página – declarou.

Conhecido pelo espírito guerreiro, Nilton resumiu a fome de bola que demonstra dentro de campo:

– Isso é o que eu amo fazer. Tem que entrar sempre pensando que é a última partida.

Nilton retornará ao time na partida de sábado, contra o Figueirense, em São Januário

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA:

LANCENET!: Nos jogos, chama a atenção sua entrega em campo. De onde vem a inspiração?

NILTON: Antes do jogo, penso muito na minha filha (Giovanna) e na minha esposa (Karin). Fico visualizando elas. É uma motivação a mais, porque você sabe que elas dependem de você. Isso eu aprendi na época do Corinthians com o Tevez. No pouco tempo que convivemos, ele sempre levava a filha dele nos jogos e falava bastante sobre isso. Foi uma coisa que me motivou, essa questão da relação dele com a família. Então, por conta disso, você já entra com aquela fome de querer vencer.

L!: Você disse que procurou se aperfeiçoar em alguns fundamentos básicos. De que forma fez isso?

N: Você sempre tem de querer adquirir mais conhecimento, não pode achar que já sabe tudo. Eu faço uma autocrítica. Ponho sempre meus jogos para gravar e fico assistindo depois. O pessoal fica até assustado: “Poxa, você assiste todos os jogos mesmo?”. Assisto para ver onde acertei e errei na partida.

L!: E onde melhorou?

N: Acabei melhorando o passe, o lançamento, a marcação... Eu deixava muitos jogadores dominarem para depois dar o combate e, algumas vezes, chegava atrasado. Melhorei o meu desarme.

L!: Você ficou um ano parado por conta de lesão e, quando retornou, acabou falhando na primeira partida (contra o Aurora-BOL, na Sul-Americana). Como foi aquele momento?

N: Lembro que falei com o Dedé: “Eu não estou bem, entreguei um gol”. Aí o Dedé falou: “quer um exemplo maior que o meu? Em 2009 quase fui embora do Vasco!”. Foi aí que pensei: “Tenho que trazer isso para mim também”. Então comecei a ver os jogos e os treinos para me aprimorar.

L!: Você mostrou faro de artilheiro contra Palmeiras e Cruzeiro, o que muitos não sabem é que você já foi atacante...

N: Foi quando eu estava no Etti Jundiaí (clube extinto). Eu fui para o Corinthians para jogar como atacante, fui meia, mas depois fiquei como volante. Estava sempre observando os volantes de cima para poder aprender com eles. Isso foi um aprendizado.

L!: Os jogadores tem chamam de “Homem de Pedra”, em alusão ao personagem do filme “O Quarteto Fantástico”. Por que?

N: O pessoal fica brincando que eu tenho muita força. Isso começou com Dedé e Fellipe Bastos. O Dedé estava falando do filme, eu quis entrar na conversa e ele disse que eu era o Homem de Pedra. Não sei porque fui me meter (risos). Depois começaram a falar nos voos, nas viagens e pegou (risos).

L!: Muitos têm sentido falta de suas cobranças de longa distância. Não pensa em pedir uma bolinha para o Juninho?

N: Como vou pedir ao Juninho para bater (risos)? Ele tem muita qualidade, seja alçando na área ou chutando para gol. É o cobrador oficial. Se eu tiver uma oportunidade quando ele estiver de perna pesada, tentarei.

L!: Ainda dá para acreditar no título brasileiro?

N: Temos que fazer nosso papel dentro e fora de casa. Precisamos ter mais concentração, mais objetividade nas jogadas. A meta é sempre o título. Infelizmente deixamos escapar ano passado. Temos que evitar ter o menor número de tropeços possíveis. Precisamos melhorar e dar aquela secada também nos rivais para nos aproximarmos do topo o mais rápido possível.

Nilton é o atleta com o maior número de desarmes do Vasco


Fonte: Lancenet