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Dinamite, sobre ser campeão: 'Pegamos o gosto e agora eu quero mais'


Domingo, 04/12/2011 - 06:18

Roberto Dinamite tem hoje a chance de entrar para a história como o único a conquistar um Brasileiro como jogador e presidente de um clube. Na véspera do clássico com o Flamengo, o dirigente sentiu fortes dores no tornozelo direito (operado recentemente e dolorido pela intensa agenda de compromissos) e passou por uma longa sessão de fisioterapia, durante a qual recebeu o MARCA BRASIL.

O presidente, que este ano comemorou 40 anos do seu primeiro gol, que lhe valeu o apelido de garoto dinamite, conta que pegou o gosto de ser campeão, rechaça a sina de vice para o arquirrival, desdenha da fama de pé-frio de Pelé e comemora a valorização de Dedé, sempre destacando o ressurgimento do orgulho vascaíno.

MARCA BRASIL: O Vasco hoje é o time da moda?

Roberto Dinamite: O clube se reestruturou. Além de ter pessoas muito competentes, elas se doam o tempo todo, fazem o ‘algo mais’. Hoje, o que é feito no futebol, eu não vivi em momento nenhum na minha carreira, em relação à estrutura e aos profissionais.

MB: Ao contrário da administração passada, o clima hoje é mais leve em São Januário?

R: Não tem comparação. Hoje, o pessoal fica na fisioterapia tratando e é possível jogar conversa fora, brincar. Esse clima que está no clube é o que eu quero. Não pode só trabalhar. Tem que ter uma relação mais descontraída.

MB: Como foi viver a manifestação da torcida após a Copa do Brasil?

R: Fui campeão várias vezes pelo Vasco e nunca vivi uma manifestação tão bonita e espontânea do torcedor. Pegamos o gosto e agora eu quero mais. Hoje, quando um torcedor se aproxima, ele não diz: ‘Parabéns, o Vasco foi campeão’. E, sim: ‘Parabéns pela sua administração’. Isso é muito bom. É fruto do trabalho bem feito por todos.

MB: Você escala o time?

R: Não! Senão eu ia querer me escalar. Mas tem o Elton e o Alecsandro. Dois grandes goleadores que já decidiram jogos importantes para o Vasco.

MB: O Pelé declarou que torce pelo Vasco e deixou os vascaínos preocupados pela fama de pé-frio. O que dizer?

R: Tenho uma foto do Pelé na minha ante-sala com a camisa do Vasco. O momento é tão especial que não tem como discutir isso. Acredito no trabalho e nos profissionais. Eu enxergo o Pelé como talismã. É o cara!

MB: O Ricardo Gomes vai ao Engenhão?

R: Não acredito. Ele pode ir à concentração, como tem feito, mas é uma decisão pessoal e da família. Não é o Vasco que vai dizer. Hoje, temos o Ricardo como uma pessoa muito especial. Entre os jogadores, todos querem ganhar o título para ele.

MB: Ele volta em 2012?

R: É uma decisão que passa pelo lado clínico e ao mesmo tempo familiar. O Vasco já provou que acredita no trabalho do Ricardo, tanto que o auxiliar (Cristóvão Borges) dele está aí.

MB: O que dizer do Cristóvão? Passou no ‘teste’?

R: Ele passou no teste da função de técnico e de saber que é um auxiliar do Ricardo. Ele sabe que é o segundo, mas que hoje está à frente. No entanto, em momento algum o Cristóvão pediu para melhorar seu salário. Hoje, ele está muito valorizado e com certeza vai colher frutos com relação a esse comportamento, que tem sido exemplar.

MB: O Dedé virou um fenômeno. Como você explica?

R: O futebol explica isso. Num momento foi dada uma oportunidade e ele soube segurar. O técnico e a direção têm méritos, mas o maior é dele, porque foi e continua sendo muito aplicado. Ano passado, o Dedé foi eleito o melhor zagueiro e esse ano vai ser de novo. A valorização é muito grande em relação a 2009.

MB: O Dedé é melhor investimento do que qualquer papel na Bolsa de Valores?

R: Pode ter certeza. Não vou falar números, mas se antes ele podia ter saído por 3x, hoje ele vale um milhão de x. Por quê? Ele entendeu que era importante se firmar no Vasco, depois veio a convocação e ele está evoluindo, crescendo.

MB: O Anderson Martins preferiu ir para o Catar...

R: Ele poderia estar fazendo dupla com o Dedé e estar na Seleção. Mas foi uma decisão dele. O Dedé também poderia ter saído e optou por ficar. Hoje, ele tem o reconhecimento do clube e uma valorização que o Anderson não tem.

MB: Tem um gosto especial ganhar do Flamengo?

R: Quero ser campeão. É contra o Flamengo, mas se fosse contra outro adversário eu seria feliz do mesmo jeito. Não joguei só contra o Flamengo, e sim contra todos os grandes clubes. Não tenho essa coisa de ‘sabor a mais’. Só quero deixar claro que, historicamente entre os dois, quem tem mais ‘vice’ é o Flamengo.

MB: É melhor conquistar um título como jogador ou como presidente?

R: Como presidente. Como jogador já foi. O meu primeiro título brasileiro foi importante, me deu condição de estar aqui, mas, hoje, o que me vale é o momento. Quero ser campeão agora. O outro já está registrado. Gostei muito de ser campeão da Copa do Brasil, foi muito gostoso e quero mais.

MB: O presidente dorme nesse momento?

R: Durmo porque tenho que dormir. Tomo um remedinho (risos). Quando eu era jogador, eu pensava um pouco sobre o que poderia acontecer. Mas hoje eu acredito que o trabalho já foi feito. Tem que dormir para no outro dia aguentar a emoção.

MB: O que dizer ao elenco nessa última conversa?

R: (Dinamite bate no coração) Tem que estar pulsando forte, mas com equilíbrio. Para ganhar, tem que ter aplicação, determinação, mas com o coração batendo de forma equilibrada. É uma partida de atenção.

MB: O Péricles Bassols (árbitro do jogo) preocupa?

R: O Vasco não precisa ser ajudado. Não preciso falar mal dele nem pedir que ele faça uma grande atuação. Ele deixou de marcar um pênalti contra o Flamengo (no primeiro turno), mas neste jogo eu espero que ele não erre.

Fonte: Marca Brasil