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Léo Gago, hoje no Coritiba, relembra passagem pelo Vasco em 2010


Sábado, 15/10/2011 - 10:23

A derrota para o Fluminense esfriou, mas não acabou com as pretensões de Léo Gago de classificar o Coritiba para a Libertadores, mesmo com o time na décima colocação, a oito pontos da zona de classficação. Para o volante, a vaga na competição seria uma questão de justiça pelo memorável primeiro semestre do Alviverde, que entrou para o Guinness Book (livro dos recordes) pela incrível sequência de 24 vitórias seguidas.

O título paranaense também orgulha, mas a perda da Copa do Brasil e, consequentemente, de uma vaga na Libertadores, em uma emocionante final contra o Vasco, ainda estão entaladas na garganta. É a única coisa que irrita o jogador, que leva na brincadeira até a própria gagueira, que originou o apelido - hoje, praticamente, um sobrenome. Até por isso, assim como todo o grupo do Coritiba, Léo Gago deseja com todas suas forças a vaga na principal competição sul-americana. Contudo, sabe que o Coxa precisa corrigir sua principal falha no Brasileirão: as derrotas longe do Couto Pereira.

- Está sendo uma guerra para a gente jogar fora de casa - admite.

Léo Gago tem razão. Dos 40 pontos conquistados, apenas dez foram como visitante. O jogador, no entanto, faz as contas, analisa a tabela e decreta: “É possível”. Até porque o Coxa “só” tem mais quatro partidas fora de casa. Sendo que o último jogo, segundo Gago, contra o provável rebaixado Atlético-PR, principal rival do Alviverde paranaense.

- Eles estarão praticamente rebaixados. Precisam ganhar sete jogos para escapar. É muita coisa.

Quando incorporou o apelido "Gago" ao seu nome?

(risos) Começou em 2009, quando cheguei ao Avaí. Antes era só Léo. Mas quando fui conhecer os jogadores, o Luiz Alberto (da LA Sports, parceira do Avaí), brincou e me apresentou como Léo Gago. Ele é muito meu amigo, e o apelido acabou pegando. Levei na boa. Sinceramente, acho bacana. Já virou clássico. É um apelido diferente, identifica.

A gagueira atrapalha durante os jogos?

Não. Dentro de campo só falamos coisas como “toca a bola”, “marca ali”. Já está tudo no subconsciente. Não atrapalha em nada.

Agora falando de futebol, mais uma vez o Coritiba jogou bem fora de casa, mas não conseguiu o resultado...

Começamos muito bem o jogo, mas aí o Fred vai e me acerta uma bicicleta daquela. Depois do gol, o Fluminense ganhou confiança. Antes, o time estava um pouco apreensivo e a torcida também, com o bom jogo que o Coritiba estava fazendo. Teve também o pênalti que o Vanderlei defendeu no início do segundo tempo. Achei que fôssemos sair pelo menos com um empate do Engenhão. Mas teve um erro de marcação no segundo gol, e acabamos perdendo o jogo.

O Coritiba tem a terceira melhor campanha como mandante, mas também a quinta pior como visitante. Esse desequilíbrio é o culpado pelo time não conseguir se aproximar da zona de classificação para a Libertadores?

Está sendo uma guerra para a gente jogar fora de casa. Até agora, vencemos apenas o Santos e o América-MG como visitante. Se tivéssemos vencido mais dois jogos, estaríamos muito fortes na briga por uma das vaga na Libertadores.

Após a derrota para o Fluminense, o Coritiba ficou a oito pontos do Flamengo, último time da zona de classificação para a Libertadores. Ainda acredita na vaga?

Em 2009, o Fluminense tinha 1% de chance de fugir do rebaixamento e escapou. Futebol é imprevisível. Estamos a oito pontos do Flamengo. Faltam nove jogos para o fim do campeonato e temos cinco em casa. Se ganharmos todos, faremos 15 pontos e chegaremos a 55. Com mais alguma vitória fora de casa e uns dois empates, podemos conseguir a classificação. É claro que não é fácil, mas é possível. Acho que os três jogos mais difíceis que temos pela frente são contra o São Paulo, no Morumbi, e contra Palmeiras e Atlético-MG, também fora de casa. Na última rodada, temos o clássico contra o Atlético-PR. Ainda não está definido se o jogo será na Arena da Baixada ou no interior do Paraná. Eles estarão praticamente rebaixados ou até mesmo rebaixados. Precisam ganhar sete jogos para escapar. É muita coisa.

Até pelo excelente primeiro semestre do Coritiba, ficou uma sensação de que o clube merecia uma vaga na Libertadores, já que estiveram tão perto de consegui-la pela Copa do Brasil?

Creio que sim. É merecida. Todos no grupo querem muito essa vaga. Fizemos um primeiro semestre que poucos times do futebol mundial conseguiram fazer. Foi muito difícil conseguir essa marca. Ganhamos de forma invicta o Campeonato Paranaense, que não é como o Campeonato Carioca, mas também é uma competição difícil. Fomos muito bem na Copa do Brasil e, na decisão, fizemos um grande jogo contra o Vasco, no Rio de Janeiro. Perdemos por causa do Alecsandro, que fez um belo gol de cabeça. Mérito todo dele. No Couto Pereira, também fizemos um grande jogo. Infelizmente não ficamos com a vaga na Libertadores, nem com o título. Talvez se o arbitro tivesse marcado aquele pênalti no Leonardo, no fim da partida, que todo mundo viu, a história do ano seria outra. Também estamos fazendo um bom Campeonato Brasileiro, mas pequenos detalhes nos jogos fora de casa estão fazendo a diferença. Precisamos ter mais concentração.

Você participou de 22 das 24 vitórias do Coritiba.

É uma marca muito complicada de ser atingida. Vai ficar marcada por muito tempo. Com o futebol nivelado do jeito que está, será muito difícil alguém bate-la. Vai ficar marcada para o clube, para todo o grupo e para mim. Vou poder dizer para o meu filho que participei dessa sequência de vitórias. Fiquei fora de apenas dois jogos.

A marca entrou até para o Guinness Book (livro dos recordes).

Entramos no Guinness Book e tivemos um jantar para comemorar para comemorar a marca. Nunca imaginei que entraria no Guinness, pois a única coisa que sei fazer na vida é jogar futebol (risos). Deus me proporcionou essa oportunidade e fiquei muito feliz, de verdade.

E como está sua situação contratual com o Coritiba?

Tenho contrato com o Coritiba até o fim de 2013. Não tenho mais nenhum vínculo com o Vasco. É claro que se aparecer alguma proposta muito vantajosa de fora do país ou de algum clube brasileiro, vou balançar. Mas acredito muito no projeto do Coritiba, que é de três anos. A diretoria montou um grupo muito forte. Espero ficar e cumprir meu contrato. Mas tenho de pensar que tenho 28 anos e daqui a duas temporadas estarei com 30. Ficará mais difícil aparecer um contrato legal. Minha ideia é ficar, mas se aparecer algo bom para mim e para o Coritiba, que investiu dinheiro em mim, posso sair.

Depois de sua passagem pelo Vasco, ainda tem vontade de jogar em algum grande centro do futebol brasileiro?

Tenho o sonho de jogar fora do país. Mas se não rolar, ficarei tranquilo no Coritiba. Gosto muito da estrutura do clube e a cidade é boa para se morar. Tenho muitos amigos aqui. Gosto dos funcionários, do grupo, da comissão técnica e da diretoria. Estou feliz.

Apesar de ter marcado gols, você não saiu muito bem do Vasco.

No Vasco, fui com a proposta de ficar no clube. De lá, só sairia para o exterior. Mas infelizmente nosso grupo de jogadores não encaixou, do jeito que o time do Vasco está encaixado hoje. Foram muitas trocas de treinadores, e algumas coisas internas não estavam bem. Saí do Vasco de cabeça erguida. Era o terceiro artilheiro do time, com oito gols, atrás apenas do Elton e do Dodô. Não guardo mágoa de ninguém. Sei que o Rodrigo Caetano não queria que eu saísse em definitivo. Mas quando eu não jogava, ficava triste. Vim para o Coritiba acreditando no projeto de subir para a Série A, e graças a Deus deu certo.

Você é amigo do Dedé, que viveu situação semelhante à sua, enfrentando a desconfiança da torcida, mas hoje deu a volta por cima e tornou-se ídolo no Vasco.

Sou muito amigo do Dedé. Na época, sempre saíamos juntos, com o Titi e com o Ernane. Era bem bacana. Fico muito feliz em vê-lo na Seleção Brasileira, como um ídolo do Vasco. Ele veio do Volta Redonda, às vezes nem era relacionado, mas teve paciência e deu certo. É um moleque que merece. É muito humilde e "família" pra caramba. Merece fazer sucesso, ganhar muito dinheiro e ser reconhecido com um dos melhores zagueiros do mundo.

Corinthians e Vasco venceram a Série B, conquistaram títulos e hoje estão no topo da tabela do Campeonato Brasileiro. Acredita que o Coritiba possa seguir o mesmo caminho nos próximos anos?

Acredito que sim. Espero que no final do ano, a diretoria possa manter a maioria do elenco. Nosso grupo é muito forte. No ano que vem, quero disputar a Libertadores. Se não der, vamos em busca do título da Copa do Brasil ou da Copa Sul-Americana. Vamos continuar colhendo os frutos do trabalho que começou na Série B. Já estamos colhendo nesse ano. A torcida merece. Enche o Couto Pereira todo o jogo e apoia muito. É fanática mesmo, e isso é muito gostoso.

Fonte: GloboEsporte.com