Veja comparações entre Vasco e Urubu, adversários deste sábado
Sábado, 15/09/2018 - 13:16
Os 20 pontos que separam Flamengo e Vasco na tabela do Brasileiro já seriam suficientes para comprovar a melhor fase do Rubro-Negro - o time de São Januário tem um jogo a menos. As diferenças entre os dois clubes, no entanto, vão muito além das quatro linhas. A distância dentro de campo, inclusive, parece ser menor comparada a outros quesitos.

A reestruturação financeira iniciada na Gávea há alguns anos gerou um abismo administrativo entre os rivais. Devido ao turbulento cenário político e à caótica situação financeira, o Vasco parou no tempo. Panorama que acaba refletindo em campo. Um dos clubes mais vencedores do futebol brasileiro, hoje, geralmente, participa das principais competições como mero coadjuvante.

Há poucos anos a situação não era muito diferente no Flamengo, que tinha a maior dívida do futebol brasileiro. O panorama começou a mudar a partir de 2013, no início da gestão de Eduardo Bandeira. Hoje, as finanças do clube são sólidas, a ponto de o futebol receber investimentos inimagináveis há pouco tempo. Dentro de campo, o Rubro-Negro trocou as brigas contra a degola por disputas no topo da tabela. Mas nem tudo é perfeito. Faltam títulos de expressão.

Investimento no futebol

Atualmente existe uma grande distância de poder de investimento entre os clubes. Enquanto o Flamengo gastou fortunas recentemente em contratações como Paolo Guerrero, Diego e Everton Ribeiro, até chegar em Vitinho, sua última grande aquisição, o Vasco precisou apostar em outro perfil de contrações.

Mesmo na época do último título nacional, a Copa do Brasil, em 2011, o clube procurou jogadores que tinham bom potencial, mas que não estavam em alta e, consequentemente, valorizados por concorrentes. A preferência é por atletas em final de contrato para que não seja necessário o pagamento pela transferência. Maxi López é um exemplo recente, assim como foi Luis Fabiano, no ano passado.

O Flamengo, por sua vez, tem investido pesado para os padrões do futebol brasileiro. Nesse ano trouxe Vitinho da Rússia por aproximadamente R$ 43 milhões. Há um ano, Everton Ribeiro chegou por R$ 22 milhões na cotação da época. Somente em 2018, o clube investiu R$ 68 milhões em aquisições de direitos federativos.

Salários

A folha de pagamento do elenco vascaíno gira em torno de R$ 5 milhões, menos da metade do Flamengo, que chega a aproximadamente R$ 11 milhões.

Embora na gestão de Alexandre Campello o Vasco esteja conseguindo manter a maior parte do tempo os salários em dia, ainda há atrasos ocasionais e um débito com os jogadores que já estavam no clube em 2017. Na última terça-feira, por exemplo, o meia Wagner conseguiu na Justiça sua rescisão contratual com a alegação de atrasos no depósito do FGTS.

Para não ter atrasos grandes e complicar ainda mais a luta do time contra o rebaixamento, Alexandre Campello faz campanha para que os conselheiros aprovem um empréstimo de R$ 38 milhões para necessidades até o fim deste ano.

No Flamengo, há alguns anos o atraso de salários não é notícia. O clube está em dia com seus vencimentos. Um caso recente, emblemático, foi a frustrada negociação de William Arão. O atleta optou por ficar na Gávea por não ter garantias de que receberia em dia na Grécia.

Dívidas

No início deste ano, a dívida do Vasco era estimada em R$ 674 milhões. Até 2020, quando termina o mandato de Campello, a projeção da diretoria é de reduzir este montante em mais da metade.

O Rubro-Negro, que já teve a maior dívida do futebol brasileiro, calcula fechar o ano com dívida de cerca de R$ 330 milhões. O valor é praticamente a metade da receita recorde que o clube em 2017 de R$ 650 milhões, impulsionada pela venda de Vinicius Junior ao Real Madrid.

De olho no rival

O processo de reestruturação financeira do Flamengo, iniciada na gestão Eduardo Bandeira de Mello, virou abertamente um modelo a ser seguido no Vasco.

- Nosso maior rival teve um comportamento semelhante. O que pretendemos é deixar o clube com a dívida equacionada e de longo prazo. O que aconteceu com o Flamengo mostra que a direção é essa - disse Adriano Mendes, vice-presidente de Controladoria do Vasco.

Títulos

O sucesso administrativo no Flamengo não tem se traduzido, necessariamente, em títulos. Essa, aliás, é a maior crítica em relação à gestão de Eduardo Bandeira. Nos seis anos em que esteve à frente do clube, o Rubro-Negro conquistou apenas uma Copa do Brasil (2013) e dois Cariocas (2014 e 2017), até o momento.

No mesmo período, por exemplo, o Vasco, com investimento infinitamente menor ao do rival, também levou dois canecos estaduais (2015 e 2016). Em 2011, a equipe conquistou a Copa do Brasil.

Competitividade

De fato, títulos, por ora, não são o forte do atual Flamengo, mas não há como negar que o maior investimento no futebol colocou o clube em um novo patamar quando o assunto é competitividade.

Após anos ficando pelo caminho e brigando contra o rebaixamento, o Rubro-Negro hoje é presença constante na parte de cima da tabela do Brasileiro e vem chegando longe nas principais competições. No ano passado, por exemplo, foi vice da Copa do Brasil e da Sul-Americana. A Libertadores, no entanto, continua sendo o grande calo nas últimas décadas.

O Vasco, por sua vez, tem feito figuração nas principais competições. Nesse ano, briga contra seu quarto rebaixamento. Ficou pelo caminho na fase de grupos da Libertadores, na Sul-Americana e na Copa do Brasil.

A última vez que ficou à frente do Flamengo no Brasileiro foi em 2012.



Vasco leva a melhor no retrospecto recente

O maior investimento no futebol por parte do Flamengo também não vem se refletindo quando o assunto é confronto direto nos clássicos. Nos últimos anos, quem leva a melhor no retrospecto entre os dois clubes é o Vasco.

Desde 2015, ano em que o Flamengo passou a investir mais no elenco e contratou Guerrero, foram 18 jogos. O Vasco venceu seis, enquanto o Rubro-Negro teve quatro vitórias. Foram oito empates.

Fonte: GloboEsporte.com