Milton Mendes, técnico que lançou Paulinho nos profissionais, prevê sucesso do jogador na Europa
Domingo, 29/04/2018 - 10:54
O destino de Paulinho será o Bayer Leverkusen, da Alemanha, assim que se recuperar da fratura no cotovelo e completar 18 anos, em uma transação de 20 milhões de euros (cerca de R$ 85 milhões). Ele deixa o Vasco com apenas 35 jogos disputados e sete gols marcados, mas com muitos fãs. Um deles o técnico Milton Mendes, responsável por integrá-lo aos profissionais em 2017.

Ex-treinador cruz-maltino, Milton Mendes, que voltou a morar em Portugal, aposta que Paulinho terá sucesso no Bayer e rapidamente irá para uma equipe ainda maior da Europa.

- Acredito que ele terá grandes possibilidades de vingar na Alemanha. Vai ser bem visto fora, o país se encaixa no que ele pretende para ele. Meu conselho para ele é seguir sendo o que é. Em pouco tempo ele estará em uma equipe maior - disse o treinador.

O jovem atacante, então com 16 anos, foi incorporado ao time profissional durante um processo de reformulação que culminou com a saída de atletas como Rodrigo, Andrezinho e Julio dos Santos, e a promoção de outros, como Alan, Ricardo, Cosendey, Andrey e Paulo Vitor, além de Paulinho. Mateus Vital também ganhou espaço.

Paulinho por Milton Mendes:

Reformulação forçada
Tinha alguma coisa que não estava bem. O que eu fiz, com apoio da direção, foi fazer alterações. Aí surgiu o Paulinho neste processo, durante o Carioca ainda. O clube não tinha dinheiro e precisávamos rejuvenescer, então tiraram alguns atletas mais velhos.

A primeira vez que viu Paulinho
Comecei a assistir aos jogos da base, e, em um deles, contra o Fluminense, nas Laranjeiras, o Paulinho me chamou atenção. Ele entrou durante o jogo, e no primeiro lance já dominou indo em direção ao gol, buscando tabelas... Comecei a prestar atenção. Falei com a diretoria que tinha gostado dele e que queria observar.

Os primeiros passos no profissional
No primeiro treino ele foi discreto. No segundo, o que me chamou atenção foi que ele pediu para falar comigo e perguntou se aquilo que ele tinha entendido da atividade era o que eu queria. Aí expliquei para ele. Tinha 16 anos... me chamou atenção. É diferente. Aí ele treinava conosco e jogava no sub-20. Contra Flamengo, Coritiba e Atlético-PR, ele ficou no banco. Eu queria colocá-lo em um jogo resolvido, preferi esperar.

A estreia
Colocamos na partida contra o Vitória, no Barradão, quando fizemos o 3 a 1. Ele construiu o quarto gol, o do Guilherme. Foi ótimo. Depois jogamos contra o Santos, e ele não entrou. Entrou contra o São Paulo. Como tinha ido bem, coloquei no jogo contra o Atlético-MG e ele fez os dois gols da vitória.

Maturidade de veterano
O que mais me chamava a atenção era a maturidade dele ao abordar os assuntos que a gente tratava. Lembro que quando eu o coloquei contra o Atlético e expliquei o que queria, ele entendia rápido. Acredito que ele terá grandes possibilidades de vingar na Alemanha. É um time grande lá, mas ele vai ter chances de jogar. O grau de exigência ele já tinha no Brasil.

Longe dos conflitos dos mais velhos
O que tinha de problema já tinha sido sanado dentro do vestiário. Causou desgaste, lógico que causa, porque fazer transformações exigiu uma série de trabalhos extras. Mas para mim fica um aprendizado bom. O Paulinho fazia o papel dele e não entrava em conflitos, isso também me chamou atenção. Foi titular comigo e continuaria sendo. Ele vai ser bem visto fora, a Alemanha se encaixa no que ele pretende para ele. Meu conselho para ele é seguir sendo o que é.
Acredito que meu trabalho ajudou o Vasco, que conseguiu a partir dali ter uma tranquilidade. O time estava bem preparado, tanto que fez um final de campeonato extraordinário, sem tirar o mérito do Zé Ricardo. As coisas já estavam tranquilas para seguir em frente.

Hora extra fora do clube
Ele fazia um trabalho de força intercalado com um personal fora do clube. Isso foi tema de conversa. Foi falado entre nós, e houve quem discordasse que ele deveria fazer esse trabalho fora. Mas eu disse que estava surtindo efeito, que ele aguentava bem os choques sem perder a habilidade. Teríamos que tentar levar isso para os outros. Serviu como visão para mim.



Fonte: GloboEsporte.com