Confira entrevista com o candidato Fernando Horta, da chapa Mudança com Segurança
Terça-feira, 24/10/2017 - 07:46
Após conversar com Julio Brant e Alexandre Campello, respectivamente, chegou a vez do Blog do Garone entrevistar outro candidato à presidência do Vasco: Fernando Horta. Assim como com os outros postulantes ao cargo, enviei as mesmas 15 perguntas sobre temas importantes para o clube. Confira as respostas:

André Schmidt – Apresente-se ao torcedor vascaíno: qual a sua profissão, seu currículo e o seu vínculo com o Vasco?

Fernando Horta – O sócio e torcedor vascaíno me conhece de longa data. Fernando Horta, Grande Benemérito do Vasco, empresário em diversos ramos e presidente da Unidos da Tijuca. Meu vínculo com o Vasco vem de longa data. Desde que cheguei em 1965 de Portugal, logo fui levado para ver os jogos do Vasco e me apaixonei. Em 69 comprei meu primeiro título e desde então sou sócio e participe da vida do clube. Sempre acompanhei, por conta própria, o time em viagens e em diversos esportes. Em 1998 a minha escola homenageou o Vasco no seu centenário com o enredo que até hoje é a música cantada após os gols do time. Em 88 tive então minha primeira experiência política e foi justamente me opondo ao Eurico. Quando, após a desistência do candidato da nossa chapa, fui escolhido para representar a oposição. Hoje agradeço por não ter vencido, mesmo já sendo um empresário na época, não tinha as condições necessárias para gerir o Vasco. Hoje muito mais calejado e experiente tenho certeza que, junto com a minha equipe, temos o necessário para resgatar o clube.

André Schmidt – Qual será o foco principal de sua gestão?

Fernando Horta – O foco não pode ser outro a não ser resgatar o Vasco. Veja bem, quando eu digo resgatar é em todos os sentidos. Nós somos vanguarda, mas estamos vindo de administrações que nos pararam no tempo Internamente o foco vai ser democratizar o Vasco e enfraquecer o Eurico no conselho, para que o seu projeto de perpetuação no poder do Club não se concretize. Para isso vamos reformar o estatuto, abrir o clube, promover a pacificação e união das correntes política e remarmos juntos numa direção. O Vasco unido é imbatível. Em relação a gestão o foco é simples: ter um clube aberto e atrativo para o sócio, equipes competitivas, novas fontes de receita e patrimônio não apenas conservado, mas também ampliado.

André Schmidt – Como fazer grandes investimentos no futebol sem comprometer financeiramente o clube? E como reduzir as dívidas atuais?

Fernando Horta – Agindo com inteligência e gerando novas fontes de receita. Essa história de filho brincando de Football Manager no Vasco vai acabar. O futebol vai ser gerido por uma equipe experiente e competente, com o suporte de analistas e mapeamento do mercado. A base também será importante. Nesse aspecto, até acho que o Vasco vem fazendo um bom trabalho e que será melhorado ainda mais. O Vasco é um dos maiores celeiros de craques do Brasil, temos uma excelente geração subindo e eles sempre terão espaço e oportunidade antes de trazermos um jogador. Também vamos investir no Marketing, montar uma equipe comercial forte e criar uma cultura de verdadeiro relacionamento com o torcedor. Vamos alavancar o programa de sócio e mostrar para o mercado que pode confiar no Vasco. Que agora o dinheiro investido no Vasco vai ser gerido por gente competente e revertido para o clube. Outro ponto essencial é que vamos investir no marketing para os esportes olímpicos também, um departamento só para eles, focado em captar recursos tanto de patrocínio, quanto por Leis de Incentivo. Esses esportes sendo autossuficientes, desoneram o clube e aumentam a capacidade de investimento.

André Schmidt – Já houve contato com algum possível investidor/patrocinador?

Fernando Horta – Nós não queremos fazer aqui estelionato eleitoral, prometer fila de investidores ou colocar serviços públicos condicionados a minha eleição e que na minha opinião foi lamentável. Num pais serio, uma concessionaria de serviços públicos jamais deveria ter se prestado a esse papel. O que existe são pessoas que nos apoiam, inclusive os portugueses, tanto os da padaria quanto os dos demais ramos, que ajudaram e continuam ajudando o Vasco a se manter e ser o gigante que é. Essas pessoas sabem que podem confiar em mim e na minha equipe. O que podemos prometer é que vamos apresentar um Vasco atrativo, transparente, como uma excelente plataforma de relações públicas para o mercado. E sem dúvidas a resposta do mercado vai ser positiva. Todo mundo quer se associar a marca Vasco, mas ninguém quer se associar a imagem do Eurico e nem botar dinheiro na mão dele.

André Schmidt – Como fortalecer a marca Vasco novamente no cenário nacional, visto que o clube tem tido dificuldades para encontrar patrocinadores nos últimos anos?

Fernando Horta – Fazendo o Vasco voltar a ser Vasco. Um clube referência, de vanguarda. Primeiro a gente tem que reaproximar o Vascaíno do clube. Usar a internet para diminuir a distancia física que o vascaíno de fora do Rio tem em relação ao clube. Temos alguns projetos interessantes como criar parceiros oficiais do clube em diversos segmentos de negocio e direcionar os vascaínos para consumir essas marcas em troca do apoio que ela dará ao clube. Esse torcedor precisa entender que quanto mais próximo ele tiver do Vasco, participar, se associar e se engajar com o clube, mais forte será a nossa marca. Para o mercado, como eu disse, o segredo vai estar na transparência. O empresário que confiar o investimento dele aqui, pode ter certeza que o seu dinheiro vai para fortalecer o clube e tornar a parceria um sucesso. E o maior reforço para isso tudo ser viável é a saída do Eurico da presidência do Club.

André Schmidt – Durante a gestão atual, o Vasco reativou, entre outros esportes, o basquete profissional do clube. Por outro lado, perdeu sua representatividade no futebol americano. Qual o seu projeto para os outros esportes, além do futebol?

Fernando Horta – Alguns esportes são tradicionais no Vasco. Nós não enxergamos o Vasco como um time de futebol. Somos o maior clube olímpico do Brasil e vamos explorar ao máximo essa vertente e esse potencial. Além da manutenção do Basquete Profissional, pretendemos ampliar a natação, futsal, judô, karatê. Isso tudo vai ser possível porque como disse, vamos ter um departamento de marketing e comercial focado apenas nos esportes olímpicos e captação de recursos. O vascaíno também vai poder adotar um esporte e isso terá um pequeno acréscimo na sua mensalidade e um portal de prestação de contas para ele ter a certeza de que o dinheiro dele foi realmente investido na fomentação do esporte. Outra vertente que vamos explorar e será criado um departamento para isso, vão ser os projetos autossustentáveis, como o do Patriotas por exemplo. É meu compromisso reativar a parceria com a equipe dos Patriotas e queremos investir em outros projetos para o Vasco estar bem representado no máximo de esportes possíveis. Isso só será possível com a saída do Eurico que iniciou uma perseguição sem sentido aos rapazes desse esporte.

André Schmidt – Todo ano de eleição no Vasco é repleto de polêmicas e contradições. Uma das críticas por parte da torcida é sobre a falta de planos de sócios que dão direito a voto e a dificuldade de torcedores de fora do Rio de Janeiro em participar das eleições. É possível mudar esse panorama, tornando o processo mais democrático? Há brecha no estatuto do clube para ampliar os pontos de votação? Como poderia ser feito isso?

Fernando Horta – A eleição do Vasco é disparada a mais conturbada entre os clubes. É pior do que política nacional. Mas nós vamos mudar essa realidade e o ponto chave para isso é a mudança do estatuto, que só é possível com a aprovação de 2/3 do conselho. Hoje só dois candidatos têm essa força lá dentro: Eu e o Eurico. Por isso não é falta de humildade quando eu digo que nós vamos atualizar o estatuto sem precisar beijar a mão do Eurico. Os outros candidatos com todo respeito, nem eles, nem quem está por trás da campanha deles, tem condições de fazer isso. Nós vamos mostrar para o vascaíno a todo momento que a opinião dele é muito valiosa e tem que ser determinante para o clube. Um dos nossos projetos são as Casas do Vasco, que vamos espalhar pelo Brasil. No novo estatuto será permitido votar nessas Casas. Isso vai estimular o sócio de fora do Rio, que é onde está a maior parte da nossa torcida a se associar e ter interesse pela vida política do Vasco. Também estamos programando a volta da categoria Sócio Geral, para democratizar ainda mais o acesso e alavancar o número de sócios estatutários, promovendo uma verdadeira renovação na política do Vasco.

André Schmidt – O que fazer para alavancar o número de sócios-torcedores do clube?

Fernando Horta – Primeiro tirar o Eurico de lá. Com a imagem renovada vamos começar de verdade a nos relacionar com os torcedores. Precisamos dar poder de voto aos sócios de categorias com mensalidade mais barata. Quero ver uma eleição no Vasco com mais de 100 mil sócios votando como acontece nos melhores clubes de Portugal. O Marketing do Vasco hoje, com todo respeito aos profissionais que estão lá, é uma equipe muito enxuta, que nem se quisessem dariam conta de um gigante como o Vasco. A gente vai investir muito nesse departamento, trazer pessoas especializadas em produção de conteúdo, marketing digital e explorar todas as ferramentas que a tecnologia hoje nos oferece. Assim vamos chegar nesse torcedor e oferecer para eles conteúdos exclusivos, experiências únicas, vantagens com parceiros e estimular a ativação dos patrocinadores. E nesse relacionamento também vamos ouvir bastante e dar ao sócio torcedor poder de decisão em temas populares. Com a confiança de que o dinheiro dele está sendo usado diretamente no clube, com vantagens e voz ativa e o resultado nos campos, quadras, piscinas e etc o número vai alavancar sem dúvidas.

André Schmidt – Atualmente, há pouca união entre os grandes clubes cariocas, e isso não tem ajudado muito o futebol do estado. Como você entende essa relação com os outros clubes e o que pode ser feito para a recuperação do futebol carioca de forma coletiva?

Fernando Horta – O problema é que existe muito discurso e pouca ação prática. Você vê, eles inventaram um torneio, não durou dois anos e já rachou. Porque? Um quer ganhar mais que o outro na TV, um se acha mais importante que o outro, e assim todo mundo perde. O futebol carioca precisa se remodelar sim e o diálogo vai ser sempre o caminho que eu vou seguir. Precisamos achar um modelo interessante e rentável que ajude os pequenos a crescerem. Veja bem, o Romário surgiu no Olaria, o Ronaldo no São Cristóvão. Os times de menor expressão são fábricas de talento e dão oportunidade para muita gente. O Vasco sempre vai lutar para que, não tendo prejuízo, o campeonato possa colaborar para o desenvolvimento desses times. Já sentimos na pele uma vez o que é ser excluído e nunca vamos fazer isso com os clubes do nosso estado. Já no relacionamento com os grandes, eu sou um cara completamente da paz. Mas não podem tentar prejudicar o Vasco, aí não vai ter diálogo.

André Schmidt – Um dos pontos positivos dos últimos anos foi o bom aproveitamento da base, que revelou Douglas Luiz, Paulinho e Mateus Vital, entre outros, e conquistou o Campeonato Carioca sub-20. Qual a sua visão sobre o trabalho realizado atualmente e como manter, ou melhorar, o departamento de base para os próximos anos?

Fernando Horta – A César o que é de César, o trabalho na base é bem feito e temos uma boa geração. O que nós vamos fazer é melhorar toda estrutura. O CT vai atender a base, vamos investir numa equipe de análise para dar suporte a comissão técnica e vamos aumentar o número de olheiros e peneiras no Brasil. Onde tiver um futuro craque, o Vasco tem que achar.

André Schmidt – A reforma e a ampliação de São Januário é um tema que há décadas é debatido no Vasco. Há algum projeto neste sentido?

Fernando Horta – Existe uma vontade, mas com o pé no chão. Não podemos jogar com o sentimento do sócio e torcedor vascaíno. Não estamos aqui para ganhar uma eleição às custas de bravatas e mentiras. A reforma de São Januário é um sonho que se resume a uma palavra: Oportunidade. Nós vamos conversar com todos os detentores de projetos e trabalharemos juntos para conseguirmos viabilizar essa reforma. Espero no mínimo, ao final do meu mandato, ter deixado tudo encaminhado para que a reforma se concretize. Se surgir uma oportunidade dentro do próximo triênio, teremos o prazer e dar início a esse importante projeto para o Club.

André Schmidt – E a criação de um CT, é viável?

Fernando Horta – É viável e vai ser obrigatório. Eu assino onde quiser, nós vamos fazer um CT de excelência para o Vasco. O que nós não podemos é cair em contos de fadas de candidatos que menosprezam os portugueses da padaria, mas ficam vendendo sonhos. Primeiro vamos ganhar a eleição, depois comprar o terreno e fazer o CT.

André Schmidt – Qual é a principal urgência que você vê no clube atualmente? Qual será o seu primeiro passo em caso de vitória nas eleições?

Fernando Horta – Nós temos urgências financeiras e urgências políticas. Já citei algumas ao longo da entrevista. De imediato sei que o Eurico vai deixar algumas contas para eu pagar, mas isso não será problema. O bom de estar cercado de pessoas como o Jorge Salgado que viveram bem o Vasco, além do Otto que está no Conselho Fiscal e dentro do possível procura obter informações que nos ajude a projetar um quadro mais próximo da realidade que vamos encontrar. Assim, enquanto uns vão pedir 6 meses para se situarem, nós já vamos estar efetivamente trabalhando logo que assumir. Essas dívidas iniciais e urgentes vão ser sanadas e os acordos continuarão sendo cumpridos. Queria deixar uma mensagem para os funcionários que não vai haver caça às bruxas, não haverá risco de demissão pra quem trabalha corretamente como é a maioria do quadro de funcionários e comigo vocês vão receber em dia, ao contrario do Eurico, que deixa o salario atrasar. O primeiro passo político vai ser a criação de um conselho administrativo, para deliberar comigo decisões importantes para o clube e dar início à reforma do estatuto. Em seguida vamos pôr em prática o nosso Plano de Gestão, tornar a caixa preta transparente e trazer o sócio e o vascaíno em geral ativamente para dentro do clube. Com essa sintonia vamos para 3 anos de resgate e vitórias.

André Schmidt – Já há algum nome definido para a sua diretoria em caso de vitória nas urnas? Qual?

Fernando Horta – Ainda não. Junto comigo, temos excelentes quadros. Tanto dos mais antigos como o Salgado e também da moçada que surgiu no clube com vontade de mudar o Vasco e colaborar. Alem disso, ainda confio numa união das correntes de oposição e vejo bons quadros também nas outras chapas. Vamos primeiro focar em derrotar o Eurico no dia 7 de novembro e depois a gente vê quem é o melhor pra cada função e monta o time que administrará o Vasco.

André Schmidt – O que o torcedor do Vasco pode esperar da sua gestão, caso seja eleito?

Fernando Horta – Honestidade, transparência e muito trabalho pelo Vasco. Estou cercado de pessoas que vivem o clube e amam a instituição acima de tudo. Pessoas que querem servir ao Vasco e não se servir do Vasco. Eu tenho uma longa carreira profissional e não arriscaria jogar tudo que construí fora se não tivesse a certeza que sou capaz de cumprir tudo que prometi. Sou um empresário muito bem-sucedido e um gestor. Sou vascaíno de carteirinha desde 1965. Modéstia à parte, eu me vejo sendo tudo aquilo que o vascaíno pede: um gestor de sucesso, inovador e que vive o Club. Prometo um Vasco limpo, transparente, caminhando para frente junto com seus torcedores e com equipes para disputar títulos. Vamos fazer a transição do Vasco antigo para o século XXI. E essa transição só pode ser feita por quem conhece de negócios, mas principalmente conhece o Vasco da Gama. Por isso Mudar com Segurança. Como eu costumo falar, eu não tenho medo de morrer, tenho é medo de perder a dignidade. E essa dignidade é que quero trazer de volta para o Vasco.



Fonte: Blog do Garone (texto), Reprodução Internet (foto)