Confira a íntegra da entrevista coletiva de Joel Santana após Vasco 2 x 0 Boa

Sexta-feira, 10/10/2014 - 22:57
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Uma troca aos 33 minutos do segundo tempo da vitória cruz-maltina por 2 a 0 sobre o Boa Esporte quase deu problema em São Januário. Lucas Crispim disse ao quarto árbitro que substituiria Kleber, mas Joel Santana desejava era a saída de Douglas. Quis o destino que o camisa 10 ficasse em campo e abrisse o placar no triunfo que levou o Cruz-Maltino à liderança da Série B do Campeonato Brasileiro. Terminada a partida, o técnico confirmou a confusão, mas pontuou: estava convicto do triunfo, independentemente de quem saísse, pois o adversário já se preparava para sofrer o "nocaute técnico".

- Era indiferente se saísse Kleber ou Douglas. Íamos fazer o gol de qualquer de maneira. Acho que o Crispim falou errado, foi falta de atenção. De qualquer maneira, o gol ia sair. Tem aquele momento em qualquer esporte, quando acerta um soco no adversário e entra o nocaute. Você sabe que ele vai cair. Estavam prontos para isso. O problema não foi quem entrou ou quem saiu, já estavam cambaleando há muito tempo. O que eles tiveram de jogador caindo em campo... era toda hora. Eles estavam prontos para o nocaute e levaram. Tchau e bênção, foi nocaute técnico - brincou o treinador.

Outra mexida também foi alvo de contestações. Ao sacar Maxi Rodríguez, que deu lugar a Montoya, Joel ouviu alguns protestos da torcida. Deu de ombros para os apupos.

- O time acertou porque ficou na mesma batida até o final do jogo, atacando. Batia em um, em outro... Levamos um susto só no começo com a bola na trave (de Betinho). O domínio foi muito forte. O gol nos daria tranquilidade, mas ele não saía, fomos fazendo mexidas que eram necessárias. Se eu fosse agradar todo mundo... Não dá. Vejo coisas diferentes porque convivo todo dia com os jogadores, sei das características, condição física, momento de jogo. O jogo tem várias situações, sentimentos e feeling que fazem você mexer. Hoje, o importante foi que as mexidas deram certo. Mudei a forma de jogar, indo pelo meio, abrindo pontas. No final, abri dois jogadores pelos lados, eles estavam fechando o meio. Tive a tranquilidade de não me precipitar. Esperamos. Quando o Crispim entrou pela esquerda, aí começou a juntar o Diego (Renan), e passamos a envolver o adversário. Douglas conseguiu errar com gol vazio. O Douglas, jogador talentoso. De tanto insistir, saiu o gol.

Apesar das críticas na saída do uruguaio, Joel elogiou muito a forma com a qual se portaram os cruz-maltinos em São Januário.

- A torcida teve comportamento excepcional, confiou no que estava vendo. Não era verdade a gente não estar vencendo. Mexi muito, os jogadores conseguiram envolver o adversário e nos colocar em boa situação, agora com 54 pontos. Acho que com 65 deve dar para subir, não sei. Precisamos de 11 pontos. Vamos ter calma, dois jogos fora agora, time voltou a jogar bem. Depois do Joinville, esse jogo de hoje foi equivalente, pela agressividade, comportamento da equipe, paciência para fazer o gol.

Confira a íntegra da entrevista de Joel:

Maxi e Kleber

Foram bem. Eu precisava colocar alguém mais novo, bem fisicamente. E o Maxi trabalhou o suficiente para ter uma condição melhor de aproveitar o resto do cansaço. Coloquei ele do outro lado para dar esse último suspiro. Se estivéssemos ganhando, talvez não o tirasse. Mas eu precisava vencer e precisava colocar mais agressividade. Acabamos o jogo com Montoya, Douglas, Edmilson, Crispim e Dakson. Só homem de frente.

Mudanças

Conseguimos criar situações, o adversário foi cansando. Não sei quantas finalizações conseguimos, mas com certeza foram muitas. Erramos várias, algumas com mais força, outras no domínio, mas uma hora o bloqueio seria furado. A insistência foi grande. A torcida trabalhou junto. Os jogadores continuaram na batida. Nos preocupamos com o condicionamento físico e o time se recuperou bem. Essa semana vamos ter uma situação igual àquela de Brasília. Vamos sair de Brasília de madrugada para pegar a Ponte Preta na rodada seguinte. Uma pena, podíamos ter mais tempo de preparação. Mas estou feliz. Vencemos de novo. São cinco vitórias e quatro empates. Aproveitamento muito bom.

Críticas às substituições

A pior coisa no futebol é a vaidade. Somos um corpo só. Clube, torcida... Não podemos ficar aborrecidos porque um vai sair e outro vai entrar. Somos um grupo. Digo para eles o seguinte: futebol moderno não permite isso. Mas as pessoas falam que o Papai Joel está ultrapassado, que não vê futebol, prefere novela, cinema, não acompanha futebol. Temos que trabalhar o jogo naquilo que o adversário apresenta. Sincronizado com o que vamos colocar em campo. Todos sabem o que acontece pela imprensa, tudo oq ue rola no treino. O adversário vê a forma que jogamos e tenta neutralizar os pontos principais. No momento se cria a surpresa, ele tem de pensar. Mas se eu mexo muito falam que eu mexo 200 vezes no time...

Volta de Thalles e Martin Silva

Que bom, né? Temos o grupo pronto para jogos difíceis. Dependemos dos resultados desses dois jogos fora de casa, podemos voltar ao Rio com uma situação bem mais confortável. Enfrentar o Santa Cruz fora de casa é chato. Já o América-RN mudou depois que goleou o Fluminense. Ainda assim é um time difícil. Joguei lá por quatro anos e tenho muitos amigos no clube. Temos que estar sempre prevenidos e com os pés no chão. Viram aquele resultado ontem do Internacional, do meu amigo Abel Braga? Inacreditável, mas acontece. Futebol é assim, não dá para saber o futuro.

Jogo da Ponte Preta

Não gosto de assistir jogo. Sofro demais e não vai resolver nada. Outro dia fiquei até meia noite trocando mensagens com o Rodrigo Caetano. Não gosto de ver, machuca demais. É muito chato ver adversário na televisão. Hoje sofri até os 85 minutos, o tempo não passa. Amanhã, não. Desci, joguei na banguela e fui embora.

Douglas Silva

Conheço o Rodrigo há tempos. O Douglas não conhecia. Tento passar coisas para eles. Essa posição eu conheço bem. Posso não ter sido top de linha, mas vi grandes zagueiros. Principalmente aqui no Vasco. Vi Bellini, Orlando, Brito, Fontana... Pude ver e aprender. Futebol é assim. Mas não posso contar tudo porque vocês vão ter que comprar meu livro quando eu o escrever. O mundo do futebol ensina muita coisa. Tem que jogar como ele exige. Zagueiro não pode ser brincalhão, tem que ser sério. A pior coisa para um zagueiro é querer fazer mais do que precisa. Isso é ordem: não faça. To ordenando, não estou pedindo. Já ganhei e já perdi campeonato por graça de zagueiro. Não pode errar. Goleiro também não dribla. Resolve logo.

Pole Position

Hoje vamos dormir na pole, mas não resolve. Importante que fomos para 54 pontos. O que trouxermos nesses dois próximos jogos, é lucro.

Fonte: GloboEsporte.com