Menino vascaíno que foi protegido pelo pai durante Atlético-PR x Vasco em 2013 diz que não irá ao jogo deste sábado

Sábado, 24/05/2014 - 12:31
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Quase seis meses se passaram desde o dia 8 de dezembro de 2013, mas as imagens da selvageria na Arena Joinville não saem da cabeça do jovem Marcos Vinícius. Em meio à briga generalizada entre torcedores de Vasco e Atlético-PR na última rodada do Campeonato Brasileiro, o menino foi salvo pelo pai, Marcos Aurélio dos Santos, e por um torcedor que acabou ferido no fim da confusão. O trauma, no entanto, continua vivo. Mesmo tendo voltado a frequentar o estádio nos compromissos do JEC, o pequeno vascaíno já avisou: não vai mais a jogos de seu clube do coração.

A primeira oportunidade para rever o Vasco de perto será neste sábado. Às 16h20 (de Brasília), o clube de São Januário volta à Arena Joinville para enfrentar o próprio Joinville pela sétima rodada da Série B. Em campo, estarão as duas paixões de Marcos Vinícius. Mesmo assim ele prefere assistir ao confronto do sofá de sua casa, que fica localizada a 300 metros do estádio.

- Meu filho já avisou que não quer mais ir a jogos do Vasco. Ele ficou um pouco traumatizado. Depois do ocorrido, ele ficou um tempo sem ir a estádios. Quando começou o Campeonato Catarinense, eu voltei a ir, pois sou sócio do Joinville. Mas o Marcos Vinícius demorou muito mais para voltar por causa da briga. Só lá pela quarta rodada do estadual é que ele começou a ir comigo novamente. O medo mesmo foi só no começo, mas sempre que vê uma confusão ele fala e comenta - lamenta o representante comercial Marcos Aurélio, de 37 anos.

A família é dividida. Marcos começou a torcer pelo Vasco por causa do pai. Hoje, se diz mais fanático pelo Joinville. É até sócio do clube. Já Marcos Vinícius acompanha mais o time carioca. Não perde um jogo pela televisão. Se a briga tirou seu desejo de voltar aos estádios em um jogo do Cruz-Maltino, pelo menos não diminuiu sua paixão pelo futebol. O menino já foi até matriculado em uma escolinha.

- Ele deixou de frequentar o estádio por um tempo apenas, pois o futebol em si ele joga desde os três anos. Agora eu o coloquei na escolinha do Santos aqui na cidade - lembrou.

Família dividida entre Vasco e Joinville

Depois de ir a Criciúma a trabalho, Marcos Aurélio pretende voltar a Joinville na manhã deste domingo. Espera chegar a tempo da partida. E garante que dessa vez vai torcer pelo time da casa, por mais que o filho prefira ver o jogo pela TV.

- Sempre torci pelo Vasco e pelo Joinville. Meu filho também, mas ele é mais Vasco. Por mais que moremos perto do Joinville, ele sempre deu mais ênfase ao Vasco. Sempre vê os jogos pela TV, mas agora não quer mais ir aos jogos do Cruz-Maltino. Ele diz que é Joinville, mas no fundo do coração sei que vai torcer pelo Vasco neste sábado.

Por mais que tenha superado o episódio, Marcos ainda convive com o trauma do filho. E lamenta a impunidade do país diante dos brigões daquela tarde de domingo. De todos os 31 condenados na operação “Cartão Vermelho”, comandada pelas polícias de Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina, não há mais nenhum preso - eles respondem a três processos: dois por tentativa de homicídio e um por lesões corporais. Três, no entanto, ainda estão foragidos: Anderson Barbalho Cavalcante Batista, Caique Matheus Pereira Soares e Marcelo de Souza, todos da torcida "Os Fanáticos", do Atlético-PR.

- A violência é algo inadmissível. E todos já fora soltos. O que aconteceu comigo pode acontecer com qualquer um. No Brasil é assim. Acontece uma coisa como aquela, fazem o maior estardalhaço nos dias seguintes, prendem alguns e pouco tempo depois todos esquecem. Essa impunidade que mata a gente. Na época do ocorrido, sempre falei que não poderíamos perder para esse tipo de situação. Se todo mundo desistir e recuar, os caras começam a dominar e tomam conta do território. São apenas alguns ignorantes da torcida organizada, não fazem parte da torcida. Mas tenho certeza de que neste sábado não vai acontecer nada. Aquela briga foi algo fora do contexto para a nossa cidade. Não vai ter confusão - avisou.

Marcos Aurélio, de azul, protege o filho com a ajuda de um torcedor do Atlético-PR


Fonte: GloboEsporte.com