Wendel completa 1 ano no Vasco, elogia o time e fala sobre dívida e carreira

Sábado, 27/07/2013 - 10:04

Um ano no futebol pode significar muita coisa. Em mais de 360 dias um time pode se desfazer do favoritismo para um “desmanche” perigoso, que praticamente encerra as chances de título da outrora vitoriosa equipe. Em um ano essa mesma equipe inicia uma nova competição quase sem perspectivas e com um favoritismo ao inverso - ou seja, lutando para não cair -, mas pode também se armar novamente para almejar até uma vaga na Libertadores. É o caso do Vasco, de Wendel, que viu todas as mudanças do time e do clube nesse um ano completado esse mês em São Januário. Entre fases “excelentes e boas” e uma “caída” junto com o time, o meia de 31 anos, nascido no interior de Minas Gerais, na cidade de Mariano, espera uma nova fase do time ainda nesse Brasileiro.

- Diria que nós estamos entre os oitos melhores do Brasileiro - diz Wendel, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Wendel voltou ao Brasil depois de seis anos jogando no exterior. Foram cinco anos na França e um na Arábia Saudita. No retorno, encontrou um clube que tinha acabado de ser eliminado da Libertadores, mas que brigava rodada a rodada pela liderança do Brasileiro com o Atlético-MG - eram dois pontos de diferença a favor do Galo, que terminou vice-campeão. Àquela altura, o Vasco venceu o São Paulo, no Morumbi, na 10ª, na estreia de Wendel. O meia canhoto chegava enquanto Diego Souza e Fagner, que fez o gol naquele dia e já está de volta ao time (fica no banco nesse sábado contra o Criciúma), se despediam da Colina.

Desde então, Wendel jogou 90% das partidas do Vasco, com uma regularidade muito boa. Aos 31 anos, embora não tenha uma lesão muito grave e se sinta muito bem fisicamente, não se vê em atividade com os 38 anos do companheiro de time, Juninho. Quando chegar perto dos 40 anos, o mineirinho já pretende fazer da sua fazenda em Francisco de Sá (MG) seu meio de vida e de lazer ao mesmo tempo.

Confira a íntegra da conversa com o volante, que também joga mais avançado e na lateral-esquerda, mesmo sujeito a críticas, com as quais não concorda muito.

Como avalia esse período com a camisa do Vasco?

Foi um ano em que aprendi a gostar muito do Vasco. Com certeza é um clube que vai ter sempre um lugar especial na minha carreira e no meu coração. Eu diria que nesse tempo passei bons e excelentes momentos. Cito aquela sequência de nove jogos sem derrota - da sétima até a décima-quinta rodada (o Vasco perdeu para o Atlético-MG, na 16ª rodada) -, quando brigávamos pelas primeiras posições, de igual para igual com o Atlético-MG, muitos jogos sem levar gols também. Este ano tivemos um momento importante, naquela fase em que chegamos na final da Taça Guanabara.

Da mesma forma, é lógico que atravessamos momentos delicados, momentos difíceis, que todo clube passa, que a gente dá uma caída junto com toda a equipe, mas prefiro ressaltar esses bons momentos. Nos ruins, a gente sempre aprende. Acho que meu rendimento tem muito a ver com esses momentos da equipe do Vasco.

A chegada do Guiñazu e do Fagner deixam o Vasco bem mais forte. Como você avalia o time com a integração de novos reforços?

Guiñazu é um excelente jogador. O retorno do Juninho, do Fagner, a chegada do Montoya, isso é muito bacana para o Vasco, que só tem a ganhar. Vamos ter mais peças de reposição, o Dorival vai ter mais opções. No meu entender esse ano o campeonato tem uma particularidade: ele é mais curto por causa das paralisações. Então agosto vai ser um mês sobrecarregado de jogos e todos os jogadores de alto nível que chegaram vão nos ajudar muito.

O presidente já falou em título, o Juninho sonha com Libertadores. E você?

Eu penso passo a passo. Sempre venho lembrando em entrevistas das noticias boas que tivemos nas últimas semanas. Vemos que a diretoria tem trabalhado e conseguindo patrocínios, isso ajuda bastante, é muito bom. Mas mas temos um jogo difícil contra o Criciúma. Por isso temos que pensar primeiramente em somar pontos. São só oito rodadas... No início do segundo turno acho que devemos olhar a tabela e criar objetivos. Se vamos brigar pela Libertadores ou por algo melhor. Mas vamos passo a passo, devagarinho. O grupo, apesar de ter qualidade, está sendo formado agora.

Em relação às outras equipes, em que parâmetro você vê o Vasco?

Diria que a gente está na média dos oito melhores da competição, mas sempre tem aquelas equipes que vão brigar lá em cima. Acho que o Internacional, o Corinthians, que sempre têm peças importantes para reformular o elenco e reforçar as suas equipes. Então temos que trabalhar e somar o maior número possível agora.

A troca do Autuori pelo Dorival modificou um pouco a equipe?

Não gosto e não sou de comparar treinadores, cada um tem seu método, seu estilo. Dorival também é linha dura como era o Paulo, mas o bacana é que estamos conseguindo assimilar rápido o que ele pede, principalmente em termos de posicionamento, de não deixar a equipe adversária respirar tanto. No meu entender estamos crescendo rápido e vamos evoluir junto com o trabalho do Dorival.

Na liderança do campeonato está o Coritiba, do Alex, com quem você jogou em 2003 na tríplice coroa. O que você pode falar do Alex?

Para mim é o melhor jogador em atividade no Brasil, depois da saída do Neymar. É um dos amigos que mantive daquele ano de 2003, nos falamos até hoje pelo menos uma vez por semana, trocamos mensagens, temos uma relação bem legal. Para mim, de longe, é o melhor do país hoje. Um meia que já fez mais de 20 gols no ano você tem que tirar o chapéu. Não só pelos gols, mas também pelas assistências e o que ele representa para o Coritiba. Lógico que o elenco tem sua parcela de importância, mas acho que ele puxa o time e consegue colocar a equipe lá em cima.

Você já está com 31 anos. Já pensou em aposentadoria ou no que pretende fazer depois que parar?

Ainda não, me sinto muito bem, nunca tive uma lesão grave. Nesse um ano de Vasco, o time fez 57 partidas, joguei em 50, cerca de 90% dos jogos. É difícil fazer 90% dos jogos, então fico muito contente por essa marca e espero seguir ajudando da melhor maneira possível.

Mas você tem uma fazenda em Minas, certo?

(Risos) Tenho, tenho fazendinha lá numa cidade chamada Francisco Sá, onde nasceu minha esposa. Não é muito grande, mas dá para criar uma cabecinhas de gado (risos), uma outra coisa que gosto, que amo muito. É que nem futebol, a cada dia aprendo mais sobre o ramo, sobre como negociar, essas coisas. É ao mesmo tempo lazer, investimento e passatempo. Sempre que tenho uma folga vou lá, monto a cavalo, rodo pela fazenda para ver se está tudo ok. Se tem ração para os animais, se o gado está bem tratado. É uma terapia.

Pensa em jogar até que idade? Vai seguir o exemplo do Juninho, de outros, que jogam até perto dos quarenta?

Acho que não, eu tento me cuidar. Sei que depois dos 30 anos precisamos nos cuidar ainda mais, principalmente em relação a peso, a alimentação, precisamos cuidar do sono, então procuro fazer tudo certinho, não dormir tarde, me alimentar bem, essas coisas. Mas acho que não vou chegar como Juninho, Zé Roberto... Diria que esses jogadores são exceções. Você conta nos dedos quem chega na idade deles com um nível de performance assim. Acho que até os 35 chego em boa condição, mas até o Juninho, jogando dessa maneira, é mais complicado.

Você tem contrato até meio de 2015. Pensa em cumprir? Houve sondagens recentes do futebol francês que você já comentou.

Tenho mais dois anos de contrato e espero cumprir, espero permanecer. Procuro fazer meu trabalho correto, estou sempre disponível, não importa se em outra posição, se é na lateral, às vezes até recebendo criticas que não considero corretas, porque as pessoas não entendem que é uma posição (lateral) que não é a minha, que estou ali para ajudar. Mas hoje estou muito satisfeito, estou colhendo frutos do trabalho, da minha dedicação. O Dorival tem me colocado na posição que gosto de atuar (meia mais recuado) e acho que fiz um bom jogo contra o Fluminense. As sondagens aconteceram, vieram da França, mas só considero oficial quando sento com meu clube para discutir. Isso não aconteceu. Significa que fiz algo bom quando joguei lá (na França), mas não chegaram propostas concretas.

O Vasco tem uma dívida importante de direitos de imagem com você. Isso já foi negociado, está sendo cumprido?

Nós já negociamos isso, fizemos acordo e clube está cumprindo aquilo que foi acordado. Esse ano que renegociamos, então está super tranquilo. O Vasco está fazendo o máximo em termos de salário, está brigando muito para colocar tudo em dia, estão chegando os dois patrocinadores. Isso é muito bom, a gente sente isso (o esforço), chega até a gente. Agora espero que a gente dentro de campo consiga apresentar coisas boas também.

Wendel vê o Vasco bem mais forte com a chegada de reforços na equipe


Fonte: GloboEsporte.com