Pré-Mirim: Técnico Fernando China comenta disputa do Mundialito

Sexta-feira, 05/04/2013 - 08:14

A equipe pré-mirim do Vasco da Gama disputou no último mês de março o Mundialito de Clubes de Futebol de 7 na Europa. Os 'Meninos da Colina' disputaram oito jogos e obtiveram seis vitórias e duas derrotas. Um dos insucessos, a derrota para o Barcelona nas quartas de finais, ocasionou a eliminação do clube de São Januário e o impediu de terminar a competição entre os quatro melhores (VEJA).

Apesar de não ter conseguido avançar para as semifinais, o cruzmaltino conseguiu terminar o torneio entre os oito melhores, algo considerado muito bom pela diretoria do clube. Um dos grandes responsáveis por essa boa campanha foi o treinador Fernando China. Ao lado dos membros da comissão técnica, o comandante conseguiu superar as dificuldades e fazer com que a geração 2003 do Vasco passasse a ser considerada uma das melhores do mundo

Para obter mais informações sobre o desempenho vascaíno no Mundialito, o programa Só dá Base procurou Fernando China e esse concedeu uma entrevista que foi ao ar no programa da última quarta-feira (03/04). Na oportunidade, o profissional fez uma análise do desempenho da equipe sub-10 na competição, apontou os pontos positivos da viagem para Europa e revelou quais são os planos da categoria para o restante da temporada.

Confira um bate-papo exclusivo com Fernando China, treinador do pré-mirim:

Como você avalia o desempenho do pré-mirim no Mundialito?

"Lá fora a gente teve a oportunidade de fazes esse intercâmbio e essa co-aprendizagem com outra escolas. O pré-mirim teve uma preparaçãon bem parecida com a do mirim e algumas vezes a gente conseguiu treinar e jogar num campo que possuía dimensões próximas das que encontraríamos no campeonato. Eu acho que o pré-mirim foi crescendo, se encontrando ao longo dos jogos e da competição. Na fase classificatória nós tivemos sete jogos e tínhamos uma proposta de jogo, que de certa forma seguimos. Ao longo da competição acabamos fazendo algumas adaptações e modificamos a posição de alguns atletas. Aqui no Brasil a gente está acostumado a jogar o futsal e o futebol de campo, nós não temos uma experiência e uma vivência muito grande do futebol de 7. Evoluímos gradativamente dentro da competição no que diz respeito a parte emocional, técnica e tática. Os garotos deram uma resposta muito boa. Nós tivemos um tropeço na fase classificatória contra o time do Fabril (POR) e essa derrota serviu para a gente focar um pouco mais na competição. Infelizmente a gente pegou o Barcelona nas quartas de finais, pois devido a esse tropeço nós saímos em segundo do grupo. Antecipamos o confronto contra o Barcelona, mas vencemos a equipe do Porto, que é muito boa. De uma maneira geral, avalio como positivo o retorno do grupo, que contava com meninos de até dez anos. A grande maioria dos atletas ainda não havia viajado. Apesar da gente ter o Barcelona como referência, a equipe não sentiu e jogou o seu máximo. Tomamos os gols pelo fato do Barcelona hoje está bem a frente do Vasco. Mas todos nós ficamos muito satisfeitos com a

A preparação feita por vocês antes da viagem foi boa?

"A gente procurou trabalhar alguns dias em Itaguaí. Lá nós trabalhamos com as dimensões oficiais dos campos do torneio. Fizemos as medidas e marcamos com umas fitas. Tudo isso para chegar o mais próximo possível do que a gente enfrentaria lá. É importante você treinar no ambienta mais próximo possível do que vai acontecer na competição, até porque o piso é diferente, assim como o time de marcação e o time de posicionamento. Tudo isso é muito particular. Quando a gente joga num espaço reduzido e eles têm essa vivência do salão, eles precisam passar por um campo intermediário antes de começarem a jogar no campo com onze jogadores. A gente precisa realmente passar por esse tempo no futebol de 7. Mas nós conseguimos treinar lá em Itaguaí nas dimensões próximas ou iguais as que enfrentamos no Mundial. Trabalhamos coisas básicas, como posicionamento, finalização e a força do passe, que precisa ser outro por conta do piso. Fizemos uma preparação bem legal para essa competição, pois procuramos reproduzir o ambiente de jogo. Agora é claro que os europeus levam vantagem por trabalharem o futebol de 7 desde a categoria sub-10. Portanto não podemos fechar os olhos para o tempo de experiência que eles têm no society. Acho que fizemos uma boa participação, pois fomos bem contra as equipes que enfrentamos e fomos eliminados para o Barcelona, que é uma das maiores escolas do mundo".

A grande maioria dos atletas que representaram o pré-mirim em Portugal são oriundos ou ainda praticam Futsal no clube. O que foi feito para não deixá-los sobrecarregados

"A grande maioria dos atletas ainda tem essa dupla jornada salão e campo, mas a gente está sempre conversando com a parte do salão. Nessa preparação para o Mundialito a gente conseguiu que o Futsal desse uma recuada em termos de treinos para não sobrecarregar. A gente tem um entrosamento legal, não tem divergência. Pelo Vasco a gente não pode ter essa vaidade. Temos sempre que sentar, conversar e ver o que é melhor para o clube. Isso aqui sempre acontece de maneira tranquila".

O que essa viagem trouxe de positivo para os atletas e membros da comissão técnica?

"Lá eles puderam trocar experiências com outras culturas, com outros centros. Lá nós tivemos contatos com grupos da Noruega, da Espanha, de Portugal, Marrocos e Estados Unidos. Isso para a formação educacional e para o caráter do individuo é muito importante. Sem contar na parte técnica, que por si só cresce no decorrer da competição. Mas esse fator social é tão importante quanto o fator técnico. A gente estava localizado num hotel onde estavam hospedadas várias delegações e todos os dias trocávamos ideias com o pessoal lá. Foi uma experiência muito forte para eles, sem dúvida. E a receptividade foi a melhor possível. É um povo muito receptivo e muito educado. A organização do evento também foi muito boa. Nós da comissão técnica crescemos também, pois convivemos com várias escolas, vimos de perto a qualidade dos atletas e a forma de jogar de vários times. Realmente não tem preço participar de uma competição como essa. Temos que tentar implantar aqui no Brasil o que aprendemos lá. Não adianta a gente passar por uma competição dessa, trocar várias experiências e não mudar nossa cabeça. Da mesma forma que a gente aprendeu com eles lá, eles também aprenderam com a gente. Troca de informações faz o trabalho crescer. Lá nós tivemos a oportunidade de fazer isso com várias nacionalidades diferentes, vários profissionais diferentes. Isso foi muito legal".

O que você aprendeu nesse período de experiência na Europa e pretende aplicar no Brasil?

"Eu sempre fui adepto da questão dos jogos reduzidos, dos campos reduzidos e da progressão. Nessa categoria, onde a gente tem geralmente a transição do futsal para o campo, o choque de realidade é muito grande. Dentro do meu trabalho sempre procurei buscar esses jogos reduzidos e ir aumentando aos poucos para facilitar o entendimento dos atletas, facilitar essa transição. Lá eu tive a oportunidade de conhecer pessoalmente um especialista do Porto (POR) nessa área. Ele é um dos percussores na questão dos jogos reduzidos e essa troca foi bastante legal. Apesar de possuir um conhecimento, foi importante para mim conversar com ele. Sempre que a gente conversa e troca ideias pessoalmente a gente consegue extrair coisas boas. Essa metodologia de você reduzir o campo e ir aumentando os setores aos poucos faz com que o garoto entenda gradativamente e se adapte mais rápido ao futebol do campo. Eu acho uma metodologia bem legal e ao longo desse tempo tenho conseguido resultados bons em termos de trabalho".

Vocês tiveram a oportunidade de enfrentar o Barcelona nas quartas de finais da competição e acabaram sendo derrotados. O que você poderia falar sobre o trabalho de base realizado pela equipe espanhola? O estilo de jogo dos meninos realmente é parecido com o que é profissional?

"A postura é a mesma. Eles têm uma escola, uma filosofia de jogo bem definido e ela vai do profissional até essa categoria pré-mirim. Eles têm valorização da posse de bola, tem tranquilidade para girar a bola de um lado para o outro e não tem pressa para fazer o gol. Eles ficam tocando até aparecer um companheiro bem livre para fazer essa finalização. A filosofia de trabalho deles é bem definida: toque e valorização da bola. Eles tocam, passam e não se desesperam com a bola. Mas isso é um processo, não é do dia para a noite que vamos conseguir implantar. Eles já vem implantando isso há muito tempo, mais de vinte anos, e hoje eles têm o objetivo de fazer um time principal com vários jogadores oriundos da base. Esse é o objetivo do Barcelona hoje. Hoje eles não possuem um time formado por 100% de atletas formados na base, mas eles têm esse objetivo de no futuro jogar com 100% de atletas da base".

Quais as próximas competições da categoria pré-mirim? Qual será o foco do trabalho a partir de agora?

"O grupo que viajou para Portugal foi formado por atletas do primeiro anos, atletas nascidos em 2003. O grupo do ano é o 2002 e ele ficou treinando com uma parte da comissão técnica que não viajou. Agora o foco principal vai estar com esse grupo para a disputa da Taça Rio Bonito. Mas temos a intenção de manter esse grupo 2003, pois nós gostamos muito do que vimos lá. Se possível, queremos colocar o 2003 para disputar as mesmas competições que o grupo 2002 vai disputar. Nós vamos buscar um logística para fazer isso, ainda vamos discutir isso com a comissão técnica e com a diretoria. De qualquer forma, os dois grupos vão continuar trabalhando, mas o 2002 com uma intensidade maior. Durante o ano teremos a Taça Rio Bonito, que começa em Maio, a Copa Light e outras competições que iremos confirmar ou não a participação. O trabalho não se encerrará, apenas passamos por um estágio, que foi o mundialito. Voltamos e já estamos pensando nos próximas competições".

Deixe uma mensagem final.

"Agradeço a oportunidade de passar tudo aquilo que a gente vivenciou. Quero agradecer sempre a todos que fizeram parte do grupo de preparação, não somentem os que viajaram para Portugal, mas também os que ficaram no Brasil. É um grupo que está muito afinado, pois trocamos ideias sempre e falamos a mesma língua. Todo mundo é muito importante. Hoje eu estou concedendo a entrevista, mas estou falando não por mim, mas pelo grupo. É cansativo, a gente tem uma responsabilidade grande com as crianças de 10 a 12 anos, mas graças a Deus tudo vem acontecendo bem. Alguns pais viajaram conosco e tiveram uma postura maravilhosa. Eles entenderam que era uma equipe e que todos deveriam ficar concentrados. Foi tudo muito bom em todos os aspectos. Todo mundo que estava lá se ajudava e estava preocupado com o outro, com a imagem que a gente estava levando lá para fora. O Vasco da Gama é muito grande e que o representa tem a missão de deixar sempre uma imagem positiva. Tenho certeza que saímos de lá com essa imagem reforçada. Com a imagem de um clube grande, que se apresentou muito bem, que fez uma competição boa e que está buscando melhorar. Para a torcida gostaria dizer que a gente está trabalhando muito para montar uma equipe e qualificar os atletas que a gente possui cada vez mais".




Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr - Supervasco