Confira entrevista com Tadeu Corrêa, vice-presidente do Departamento Infanto Juvenil

Domingo, 10/03/2013 - 08:01

Na última quarta-feira, o programa Vasco Olímpico, da rede Só dá Vasco, recebeu a ilustre presença do Vice-Presidente do Departamento de Infanto-Juvenil do Clube e esclareceu diversos pontos que até então eram incógnitas para a torcida do Vasco da Gama.

Confira a transcrição completa:

Sobre as diversas VPs que foram criadas no último ano

“O Estatuto do Vasco é um dos Estatutos mais seguros do Brasil todo. Grandes Clubes do Brasil, todos acompanham, se orientam pelo Estatuto do Vasco. É um Estatuto que tem que ser reformado, mas na sua essência tem umas coisas sensacionais. O Minas que é um Clube vencedor, tive a oportunidade de ir lá e uma das coisas que deixaram bem claro, foi que, o Estatuto deles se baseava no Estatuto do Vasco. Essas 4 VPs (Quadra e Salão, Aquáticos, Terrestres e Infanto-Juvenil) são estatutárias. Quando nós entramos no Vasco, em 2008, alguém resolveu juntar essas 4 VPs numa única VP e nos acrescentou mais a Responsabilidade Social. E aí foi criado um monstro, né? Na minha opinião foi criado um monstro. O esporte de quadra e salão, que são vôlei, basquete, esgrima, para um VP administrar isso já é difícil. Os esportes aquáticos, pior ainda, são várias modalidades que você tem para administrar. Então não é a toa que os nossos patrícios, os portugueses lá atrás, dividiram com coerência, o que é de quadra e salão, o que é terrestre, o que é aquático. Estamos nada mais e nada menos resgatando o que já existia no passado e estamos cumprindo o estatuto do Clube. É exatamente essa noção que a gente tem que ter.”

A Esgrima no Vasco

“A Esgrima há uns anos atrás queriam acabar com ela. Eu pratiquei Esgrima no passado e eu pedi para o diretor não acabar com ela. E eu também fui diretor de esgrima. Hoje na Federação do Rio de Janeiro, nós temos só dois Clubes que existem, Vasco e Ginástico Português. A Esgrima ela não tem apoio nenhum, ela não tem nem funcionário para você ter uma ideia. As pessoas que competem ou que participam das competições, elas pagam as suas despesas, elas se autossustentam. Nós queremos resgatar a Esgrima do Vasco, mas precisamos logo de cara contratar um professor para fazer as aulas para as crianças. Porque no momento nós não temos Escolinha de Esgrima. Só temos atletas que competem no auto rendimento.

O ideal é a gente incentivar o esporte, se a gente não conseguir incentivar a Esgrima agora com as Olimpiadas nas nossas costas, não conseguiremos nunca mais. O Vasco tem duas pistas de competição, o Vasco tem todo material, o Vasco tem uma oficina, o armeiro que trabalha com a manutenção das armas, o Vasco tem toda essa estrutura que é cara e necessária.”

A falta de visibilidade para os esportes olímpicos

“Não é que o esporte que não tem visibilidade. O Vasco é tão grande que já tem essa visibilidade. O futebol feminino conseguiu se divulgar por ser Vasco, através de um blog artesanal e através de um Facebook e de um Orkut. Hoje é assustador a interação na mídia do futebol feminino. Se o próprio marketing do Vasco diz que é o esporte mais acessado depois do futebol profissional, o que falta? O que falta são as pessoas mudarem suas mentalidades e começar a entender que o prejuízo ele está na medida direta em que as pessoas estão trabalhando, não façam seus planejamentos de maneira profissional. Eu não vou citar nome, mas tem um Clube no Rio de futebol feminino, que não tem expressão e todo Campeonato Brasileiro, ele tem dinheiro para pagar as meninas, ele consegue televisionamento nos lugares que ele vai e o Vasco não consegue. E as pessoas viram e falam para você que está na função de VP: “O esporte tem que ser autossustentável.” Tá, o esporte tem que ser autossustentável, o homem do esporte faz o trabalho dele, faz a máquina funcionar. Agora o pessoal da área de divulgação, de marketing, de capacitação, tem que correr atrás. O Vasco tem que mudar muita coisa na estrutura estratégica. Tem que ser mais veloz e mais sensível, não é difícil. E outra coisa, o dinheiro que precisa de manutenção desses esportes é ridicularmente pequeno. Vou dar um exemplo: uma determinada pessoa saiu na mídia a pouco tempo que vai receber 150 mil por mês, porque tem uma dívida do Vasco com essa pessoa. Se ele doar esses 150 mil por mês para os esportes olímpicos do Vasco, os esportes olímpicos serão mais que suficientes, 150 mil por mês, resolve os problemas dos esportes olímpicos. Isso dentro de um planejamento de curto prazo.”

O Futebol como predador dos demais esportes e outras questões dentro do Clube

“O futebol, e eu posso falar porque eu fui treinador das categorias de base do Vasco, fui profissional do Vasco, remunerado do Vasco. Eu sou da área, então posso falar, o futebol é o maior predador dos esportes no Brasil. O dinheiro que entra no Clube, ele não pode ser direcionado para um único esporte. O Departamento de Patrimônio precisa sobreviver de dinheiro, por que quando entra uma verba no Clube você não direciona uma porcentagem dessa verba para o Patrimônio? Por que você não separa uma placa no estádio e só o Patrimônio vai usar. O Futebol é o carro-chefe, mas sem grama ele não joga, se as balizas estiverem quebradas, não tem jogo, se as cadeiras estiverem quebradas ou se tiverem algum problema na infraestrutura não tem jogo. Então não é só futebol, existe toda uma estrutura por fora que tem que sobreviver, os esportes olímpicos precisam de muito pouco dinheiro. Você pegar um patrocinador, um grande patrocinador, o máster, de qualquer Clube e separar 1% desse valor, esse 1% vai sustentar dois ou três ou até quatro esportes olímpicos.”

Sobre o Patrimônio

“Eu citei o Patrimônio como exemplo, porque muito gestor chega e fala o seguinte: quando você faz seu planejamento para o vôlei, para o basquete, você tem que colocar no seu projeto, que você vai pagar a reforma do piso quando estragar, o banheiro quando estragar. Peraí, eu trabalho com o esporte, o Patrimônio que tinha que fazer esse projeto de infraestrutura. Então as pessoas usam alguns argumentos falaciosos. Quero deixar claro que dei exemplo do Patrimônio, como poderia ter citado qualquer outra coisa. Uma coisa é certa, a piscina não estragou em 4 anos, a piscina estragou em 20 anos. A quadra não estragou em 4 anos, a quadra estragou em 8, 10 anos. Esse problema de manutenção, a cultura do Brasileiro já não é muito voltada a manutenção das estruturas. “

A volta do Ginásio Poliesportivo

“O VP de Quadra e Salão é uma pessoa sensacional e iniciativa. Ele está se esforçando ao máximo para que isso aconteça. E eu acredito que antes do meio do ano tenha uma solução para isso.”

Sobre as Escolinhas do Vasco, antes grátis, agora pagas

“Criança que chega, quer jogar bola. Ela não quer fazer esgrima, não quer fazer basquete ou outro esporte. A não ser que ela se entusiasme para os outros esportes. Temos um projeto para essas escolinhas de esportes, baseada na nossa tese de doutorado, em que nós vamos tentar, eu falo tentar pelo seguinte, nós vamos lutar contra a cultura do futebol. O modelo ele é um modelo em que você, dependendo da faixa etária, pratica todo gesto motor de vários esportes e na faixa etária superior a esse nível de idade que eu estou falando, você começa a praticar os esportes dentro de uma coleção. Mais ou menos como se fosse um modelo de rodízio, esse modelo existe no Pinheiros, existem em outros lugares. Mas nós temos um diferencial, que é um modelo, eu não vou me furtar de falar aqui porque é grande o assunto, mas em duas horas de aula você tem o treinamento para a área cognitiva e as duas áreas motoras principais, que são os pés e os braços. E com isso nós vamos tentar modificar essa situação do esporte dentro do Vasco. A dificuldade começa já pelos profissionais, nós teremos que capacitar os profissionais. “

Fonte: Blog CRVG Em Todos os Esportes - Supervasco