Juniores: Goleiro reserva Brenner alega ter sofrido ofensa racial em jogo da Copa São Paulo

Sábado, 12/01/2013 - 19:03

O goleiro reserva do Vasco, Brenner Artur Gomes, de 17 anos e que disputa a Copa São Paulo de Futebol Júnior, alega ter sido vítima de racismo durante o empate em 1 a 1 entre a equipe cruz-maltina e o Comercial-SP, de Ribeirão Preto (SP), na noite desta sexta-feira, partida que valeu aos cariocas a classificação à segunda fase como líder do Grupo K.

O crime teria sido cometido por um torcedor adversário e testemunhado por um policial. O acusado, de acordo com Brenner, fugiu do local enquanto era providenciado reforço para prendê-lo em flagrante.

- Eu estava no banco de reservas, e quando fomos nos aquecer, depois do intervalo, os torcedores começaram a zoar o Vasco, dizendo que no clube tem falta d'água, e a falar mal dos cariocas. Aí, do nada, um deles começou a me chamar de "goleiro macaco". Como foi alto, todo mundo que estava perto escutou. Tinha um policial perto, ele falou que tinha ouvido e chamou reforço para ir buscar o cara que gritou, porque a arquibancada estava muito cheia. Quando viu a polícia, o cara que me chamou de macaco saiu correndo, e não deu mais para achá-lo - conta Brenner, por telefone. Ele é de Vitória (ES) e chegou à base do Vasco em fevereiro de 2008.

O jovem goleiro vascaíno afirma ainda que o fato foi relatado pelo chefe da delegação do clube, Jair Bragança, ex-goleiro do Vasco e do Vitória-ES nos anos 1970, ao quarto árbitro, Everton Osvaldo Clemente. Ele teria garantido que tudo seria mencionado na súmula. O registro, porém, não foi feito. No relato oficial do jogo, o árbitro Flávio Rodrigues Guerra nada escreveu a respeito. Observou apenas que ao fim da partida a assistente Alexandra Aparecida foi atingida nas costas por chinelos arremessados por torcedores do Comercial-SP.

Goleiro queria abandonar partida

Brenner chegou a São Paulo apenas na última quinta-feira, véspera do terceiro jogo do Vasco na Copinha, porque Jordi, goleiro titular, foi convocado para a Seleção Brasileira sub-20, que disputa o Sul-Americano da categoria, na Argentina.

Ele ainda se diz abalado com as ofensas que recebeu, curiosamente vestindo a camisa de um clube pioneiro na inclusão dos negros como jogadores de futebol no país.

- Foi a primeira vez que isso aconteceu comigo. Na hora, fiquei muito triste, queria ir para o vestiário, mas meus companheiros conversaram comigo e me convenceram a ficar no campo. Aquilo acabou com meu dia. Alguns familiares me ligaram para dar força quando ficaram sabendo, mas ainda estou mal. Isso não deveria acontecer com ninguém e fico ainda mais triste por ter sido no Brasil. Vamos ter uma Copa do Mundo aqui em 2014, e acontecem coisas como essa - lamentou.

Brenner


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Fonte: GloboEsporte.com