Romarinho: 'O Vasco era um sonho que já ficou pra trás'

Sábado, 15/12/2012 - 19:20

Romarinho nunca teve namorada. Nunca inventou desculpa para deixar de treinar. Não é marrento, não entende nada de política, é tímido e discreto. O filho de Romário herdou do pai o jeito de andar e a voz, embora não a use para atacar os desafetos com frases de efeito. Apesar de as diferenças darem de goleada nas semelhanças, Romarinho carrega a pressão por ter o nome e o sangue de um craque famoso. Não tem sido fácil, mas ele quer fazer história no futebol. O Brasiliense é o trampolim da hora; o Vasco é um passado provavelmente sem volta, e o futuro ao Barcelona pertence. O namoro com o time espanhol está para começar. Pivô da crise entre Romário e Roberto Dinamite, o rapaz de 19 anos troca um sonho por outro.

Você fica constrangido quando o Romário fala mal do Roberto Dinamite?

Constrangido, não. Meu pai, por ter sido quem foi, tem o direito de falar o que pensa. Não vou me meter nisso, mas meu pai sempre vai ter meu apoio.

Como está a relação com Rodrigo, filho de Roberto Dinamite?

Mandei mensagem pra ele pelo Facebook. Sou amigo dele desde os sete anos. A gente não tem que se meter na briga de dois ídolos. Não tenho nenhum problema com ele.

E como era a sua relação com o Roberto?

A gente se cumprimentava.

Foi difícil sair do Vasco?

Minha vida toda está lá. Fiquei triste no dia da rescisão e fiz uma retrospectiva de tudo que passei lá. Comecei no Vasco aos 7 anos, jogando futsal. De 2003 a 2005, tive uma passagem pelo Fluminense. Voltei pro Vasco e, em 2007, fui para o campo. Esperava ser mais aproveitado.

Ficou magoado?

Não é mágoa, não. É tristeza, pois eu tinha o sonho de fazer carreira lá. Queria ter uma bonita história no Vasco.

Acha que ainda voltará ao Vasco no futuro?

Ah... (Pausa). Não sei responder, não. Não sei se vou querer... Ainda estou meio confuso com isso tudo. O Vasco era um sonho que já ficou pra trás.

É difícil ser filho do Romário?

É complicado. Há uma pressão muito forte sobre mim. Acham que eu tenho que ser igual ao meu pai. Todo mundo quer que eu jogue igual a ele. Mas meu pai foi um jogador diferenciado, um dos melhores do mundo. Eu queria ser conhecido como Romarinho. Só isso.

Como se desvincular da imagem do pai?

Nunca vou conseguir. Tenho que me acostumar. Ele foi um craque e nunca será esquecido. Mas vou tentar ter meus méritos e fazer minha própria história.

Você te alguma semelhança com seu pai?

Só o jeito de andar. Dizem que a voz também é parecida. Somos diferentes, mas nos damos muito bem. Meu pai era bom de arrancada e fazia muitos gols. Tenho velocidade, mas jogo pelos lados do campo.

Por que você saiu do Vasco?

Eu me machuquei no dia em que a nova comissão técnica entrou. Perdi espaço. Eles fecharam com outro grupo de jogadores. Umas pessoas comentavam que o problema é a dívida que meu pai cobra do clube. Eu escutava que a diretoria não queria que eu jogasse. Meu contrato terminaria no fim de abril. Queriam me emprestar para um clube do Paraná, e eu teria que renovar meu contrato, pois o campeonato paranaense vai até o fim de abril. Acho que não aconteceria mais nada de bom pra mim no Vasco. O Brasiliense será mais interessante.

Já conheceu o Luiz Estevão, presidente do Brasiliense?

Ele foi lá na minha apresentação. Parece ser gente boa.

Sabia que ele foi o primeiro senador do Brasil a ser cassado por quebra de decoro?

De política, eu não sei nada. Estou totalmente por fora.

Acompanha o trabalho do seu pai como deputado?

Escuto os elogios. Acho que está indo muito bem. É o que todos dizem.

Romário faz críticas também ao presidente da CBF, José Maria Marin, e ao ex-técnico da seleção, Mano Menezes. Isso pode atrapalhar sua carreira?

Acho que ele tem cacife pra falar. É um ídolo mundial. Se houver algo errado, ele tem que meter o pau mesmo.

O que acha da polêmica sobre remover ou não a estátua do Romário?

A estátua está ali por causa dos méritos dele. Não pode sair de lá, não.

Acompanha o Twitter do seu pai?

(Risos). Meu pai não era assim, né? Agora, ele fica direto na Internet, e fala o que quer. É ele mesmo quem escreve lá...

Você é marrento?

Não. Sou tímido. Não falo muito e observo mais. É o meu jeito. Meu pai é mais solto.

É namorador?

(Risos). Nunca namorei. De vez em quando, fico... Mas, sério mesmo, nunca tive nada. Nem sou muito de sair. Gosto mais de jogar futevôlei. Quem sabe um dia aparece uma menina que me deixe apaixonado?

Quer ter filhos?

Quero ter muitos filhos. Três ou quatro. Seis, não. Meu pai exagerou (risos).

É verdade que, ao contrário do seu pai, você gosta de treinar?

Adoro treinar com bola. Não falto a um treino. Meu pai só deixou de treinar depois de consagrado, mas eu ainda tenho que provar muito. No ano passado, fiz um gol na Copa São Paulo, e meu pai me ligou. A ligação nunca completava. Quando ele conseguiu falar comigo, perguntou: "Meteu só um golzinho e já está marrento?"

Sabia que teu pai não assume ser marrento?

Ah, vamos dizer então que ele tem personalidade forte. Vamos chamar de outra coisa... (Risos). Mas ele pode, né? Tenho mais é que escutá-lo.

O que acha dessa invasão de Romarinhos no nosso futebol?

Sinto orgulho. É por causa do meu pai.

Seu pai vai a Barcelona numa tentativa de te levar pra lá. Quer ir?

É um sonho de qualquer jogador. É o melhor time do mundo. Nasci em Barcelona. Vim pro Brasil já com um ano de idade.

Quem é o melhor jogador do mundo?

É o Messi. Mas meus ídolos são meu pai e Ronaldinho Gaúcho.

Quais são seus sonhos no futebol?

É jogar no Barcelona, disputar a Champions League e chegar à seleção brasileira.

Quando vai estrear no Brasiliense?

No dia 20 de janeiro, contra o Brasília. Mas estou no time reserva.

Fonte: Extra Online