Helton fala sobre carreira e diz que ainda não pensou em seu futuro fora do Porto

Quinta-feira, 15/11/2012 - 23:16

Já são sete anos no gol do Porto, com incríveis 16 títulos neste período. Não por acaso, o goleiro Helton tornou-se ídolo no Dragão, e teve a honra de ser o capitão na conquista da Liga Europa e do Campeonato Português invicto de 2011. Temporada, aliás, que o jogador lembra nesta entrevista ao LANCENET!, que foi a mais inesquecível de sua carreira, pois a conquista continental, além de tudo, foi em um dia especial.

- Ganhamos no dia do meu aniversário, e ainda por cima era o capitão do time. Além disso, também tivemos um grande jogo contra nosso rival nesta temporada por 5 a 0. Não é todo dia que se consegue esse resultado - disse o jogador, que apesar de ser uma das referências do time, não pensa no futuro, e ao ser perguntado se pretende sair do Dragão, ou até mesmo retornar ao Vasco, clube que o revelou, garante que não há nada sobre um futuro fora da "Cidade Invicta", e acha que poderia ser mais reconhecido pelo mundo do futebol:

- Ainda não pensei de forma concreta sobre o que fazer no meu futuro. Em alguns momentos aqui, paro para pensar sim. Em termos de valorização, achando que poderia ser mais valorizado do que aquilo que sou, essa é a grande verdade, mediante aquilo que faço e fiz pelo próprio clube. Mas isso é uma questão de saber o momento.

Aos 34 anos, o jogador deixou de ser o capitão, já que ficava muito longe para poder argumentar com o árbitro, caso precisasse em algum momento. Mas nem por isso deixou de ser um líder em campo. Ele lembra que quando começou a carreira no Vasco, teve que entrar no time principal meio que de surpresa, pois Carlos Germano saiu de repente, e tinha o Mundial de Clubes para ser disputado na sequência.

Naquele time do Vasco, existiam jogadores experientes como Romário, Edmundo e Mauro Galvão. Agora, ele é um dos principais nomes de um time jovem do Porto, que tem joias como James Rodríguez, Alex Sandro, Atsu e Jackson Martínez. Mas ressalta que são tempos diferentes.

- A receptividade que procuramos ter com eles foi a mesma que tiveram comigo. E foi muito boa. O Vitor Baia, Pedro Emanuel, Jorge Costa, que foram jogadores fundamentais no meu início. Mas hoje em dia é um pouco diferente essa relação, basta ver as horas de voo dessa galera. Eles já estão mais do que experientes para saber os seus lugares. Todos que chegam respeitam aqueles que já estão. Nunca tive problemas com isso.

Líder do grupo e música sempre na vida

Ao seu lado na liderança está Lucho. O argentino ficou com a braçadeira, e recebeu muitos elogios do carioca. No jogo contra o Dínamo de Zagreb pela Liga dos Campeões, na Croácia, o apoiador soube da morte de seu pai, e não só fez questão de ir a campo, como fez um gol na partida. Helton revela que foi um dos primeiros a saber.

- Foi uma notícia chata. Estávamos na concentração. E nessas horas é muito complicado, pois é difícil saber até o que fazer. E todos gostam muito do Lucho, principalmente por ser um jogador exemplar. Tínhamos como objetivo a vitória e dedicamos a ele o resultado, como forma de conforto e agradecimento - recorda o jogador.

E por falar em Liga dos Campeões, o goleiro ficou até sem palavras quando o assunto foi Ibrahimovic. O Porto ainda enfrenta o Paris Saint-Germain pela competição, em partida que deverá valer a primeira posição do Grupo A, e o sueco fez quatro gols na partida de sua seleção contra a Inglaterra, sendo uma bicicleta de fora da área, que foi assunto no mundo todo.

- (risos) Realmente precisa dar os parabéns ao jogador. Sobre o grupo, temos a oportunidade de ficar com a primeira colocação e vamos agarrar com unhas e dentes. Até porque isso nos dará uma vantagem na próxima rodada. Mas somos humildes, sabemos das dificuldades e vamos trabalhar para superar o desafio.

Para encerrar o agradável bate-papo, um dos assuntos favoritos de Helton: música. Agora ele tem um companheiro para isso, o colombiano Jackson Martínez.

- (Risos) Ele já foi em um ensaio de uma banda que eu tenho aqui, a H1 Music Band. Tocávamos todas as quintas-feiras e ele foi em uma. Foi muito legal, e depois disso fiquei sabendo que ele era compositor. Certamente vou chamá-lo para ver um ensaio nosso, já que estamos gravando um cd e dvd.

BATE-BOLA

Helton
Goleiro do Porto ao LANCENET!

LANCENET!: O bom início da temporada dá tranquilidade para a sequência?

Helton: Começar a temporada obtendo bons resultados é muito importante. Isso nos possibilita, caso seja necessário, dar uma respirada no meio do campeonato. Além disso, é uma tranquilidade para poder trabalharmos e podermos desempenhar melhor a nossa função nos jogos.

LNET!: Disputa será novamente entre Porto e Benfica, talvez Braga?

H: Ainda é cedo para falar em concorrentes. O campeonato está no início e muita coisa pode acontecer. Nós precisamos aproveitar as oportunidades que aparecem para seguirmos na frente.

LNET!: Dá para aproveitar a classificação antecipada na Liga dos Campeões para arrancar no Português?

H: Sempre procuramos o primeiro lugar, independente da competição. Portanto, vamos buscar a liderança de nossa chave, independente de já termos nosso lugar assegurado nas oitavas de final. Mas claro que o cenário faz com que possamos focar no campeonato nacional.

LNET!: Há uma mudança de cenário na Liga dos Campeões com má fases de clubes grandes como Arsenal e Milan, e bons momentos de outros como Málaga?

H: Acho que atualmente não existe mais essa história de um mais forte que o outro. É necessário respeitar o adversário, mas saber que é possível uma equipe de menor expressão pode superar outra que tenha um histórico com mais presenças em finais ou títulos.

LNET!: Já projeta o duelo contra o Paris Saint-Germain, que deverá valer a primeira posição do Grupo A?

H: Precisamos que saber que não somos invencíveis. Vamos enfrentar uma equipe que tem o mesmo objetivo que o nosso, por isso é fundamental aproveitar as chances.

LNET!: Em um médio prazo, o futebol português vai ficar polarizado entre Porto e Benfica?

H: Acho que essa coisa de se determinar antes quem vai cair ou lutar pelo título é um pouco ultrapassada. Se um clube sabe respeitar o seu profissional, consegue desempenhar um bom trabalho. O Rio Ave, que é treinado pelo Nuno Espirito Santo, como quem trabelhei, é um bom exemplo disso. O futebol hoje é muito nivelado.

LNET!: Como foi a mudança de André Villas-Boas para o Vítor Pereira?

H: É complicado falar de treinador. O André Villas-Boas, independente de onde ele estiver, estarei torcendo por ele. É um profissional que hoje tenho como amigo. E Comparar equipes que passam, atuais ou futuras é um pouco complicado, pois tudo sempre muda.

LNET!: A saída do Hulk fez perder um jogador importante, mas o jogo coletivo do Porto cresceu?

H: Costumo dizer que o Hulk nos ajudou muito. Tivemos a oportunidades de ter outros jogadores que supriram a ausência dele. Claro que se ele quiser voltar amanhã vamos receber ele de braços abertos. (risos) O que espero é que aqueles que entram façam o seu melhor.

LNET!: Após a aposentadoria, vai se dedicar mais à música?

H: Tenho estado cada vez mais ligado à música. É uma ideia de no futuro dar mais atenção a esse lado ou até mesmo me aprofundar. Certamente terei mais tempo para desfrutar desse caminho.

Carreira luso-brasileira



VASCO
Helton acabou entrando em uma roubada no Vasco. O goleiro Carlos Germano não renovou seu contrato próximo da disputa do Mundial de Clubes, e saiu. Sem tempo para contratar um jogador experiente, o Clube da Colina foi com a jovem promessa mesmo. Em um amistoso preparatório contra a seleção da Argélia, em São Januário, ele não apenas pegou um pênalti, como na sequência deu um lançamento com as mãos para Felipe marcar na goleada por 7 a 0. Foi só início da carreira vitoriosa dele por lá, que ainda seria marcada pelos títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa Mercosul do mesmo ano.

UNIÃO LEIRIA
Em 2002, Helton acabou não renovando com o Vasco, e não conseguiu contatos com grandes clubes europeus, mas foi para o União de Leiria, que pelo menos foi uma ponte para que pudesse ir mais tarde para o Porto.

PORTO
Foi no Dragão aonde ficou mais tempo e foi mais vencedor. Chegou em 2005, e já levou o Campeonato Português seis vezes, quatro Taças de Portugal, além da Liga Europa de 2011, na temporada perfeita do Porto.

SELEÇÃO BRASILEIRA
Já foi convocado diversas vezes, mas nunca conseguiu se firmar. Estava presente na conquista da Copa América de 2007, e foi aos Jogos Olímpicos de 2000, em Sydney, quando o Brasil perdeu para Camarões nas quartas de final.

Fonte: Lancenet