Após passar pela prisão, Hernande, tri estadual pelo Vasco, hoje trabalha em frigorífico

Domingo, 04/11/2012 - 14:26

Para quem sobreviveu ao calor infernal de uma cela ocupada por 37 presos em Bangu, os dois graus negativos do frigorífico não são exatamente uma fria. Aos 38 anos, Hernande, tricampeão carioca (92-93-94) pelo Vasco, trocou o futebol pela indústria de alimentos.

Há três meses, o ex-atacante é um dos gerentes de produção da Sadia, em Chapecó, Santa Catarina. No novo trabalho, ainda tenta esquecer o passado que até hoje permanece congelado nas piores lembranças.

Em abril de 1995, Hernande perdeu o controle de seu Tempra e foi parar na calçada da Rua 24 de Maio. Os quatro estudantes por ele atropelados recuperaram-se das fraturas, mas o processo correu à revelia e, em dezembro de 2000, Hernande foi preso no aeroporto, quando voltava da Alemanha, após um teste no Hanover.

— Eu nem sabia por que estava sendo preso. Fui levado para uma sala, onde me explicaram. Se eu não tivesse cabeça, seria hoje um marginal — lembra o ex-jogador.

Hernande ficou sete meses preso, dividindo cela com presidiários como José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha, traficante já falecido que ganhou fama após uma fuga de helicóptero do presídio da Ilha Grande. Solto em 2001, Hernande jogou no Botafogo, mas precisava dormir na cadeia até conseguir a condicional, no ano seguinte.

O SONHO DE VER O FILHO NO VASCO

Hoje, Hernande divide seu coração entre o Grêmio e o Vasco. Sofre com a má fase do time que abriu-lhe as portas de São Januário quando tinha apenas 13 anos e espera que Nandinho, o mais velho de seus quatro filhos, repita a trajetória no futebol:

— Ele tem 18 anos, é zagueiro e quer fazer um teste no Vasco. Seria minha continuação no clube onde passei a juventude. Nunca vi meu filho jogando, mas dizem que ele é uito técnico — afirma Hernande, misturando sonho, curiosidade e orgulho pelo rapaz, que mora em Rio Bonito com a avó materna.

Sonhando com um futuro de fartura enquanto vive entre aves e suínos congelados, Hernande, um dos heróis do tri do Vasco, em 1994, ainda consegue alimentar a alma com alguns momentos do passado:

— Minha melhor lembrança é o Maracanã com 110 mil pessoas, e eu dando o passe pro Valdir fazer o terceiro gol numa vitória por 3 a 1 sobre o Flamengo, em 1993,

Hernande abandonou o futebol e atualmente trabalha na Sadia


O ex-jogador espera que o filho Nandinho vire jogador profissional


Fonte: Extra