Mandarino lamenta campanha interna contra Daniel Freitas e Cristóvão

Sábado, 15/09/2012 - 08:29

O ex-vice-presidente de futebol bate de primeira: a decisão de deixar o cargo, que ocupava desde janeiro de 2009, não tem volta. Retorno José Hamilton Mandarino também não teve e nem espera da carta que enviou a Roberto Dinamite na última quarta-feira. O ex-homem forte do futebol fala em "desalinhamento" de ideias com o presidente do Vasco e ataca o que chamou de "campanha orquestrada" contra o diretor Daniel Freitas e o ex-técnico do clube Cristóvão.

Dinamite ligou após a sua carta de demissão?

Não, não nos falamos. Ele não me procurou, e eu não o procurei. A carta, que eu fiz questão de mandar em caráter privado, de forma educada, coloca de forma nítida os motivos da minha retirada. Foi uma decisão extremamente pensada, mastigada e meditada há muito tempo.

Por quê da sua saída agora?

Não foram razões pontuais. Saio por uma conjunção de fatores. Houve desalinhamentos em diversas questões gerais do clube.

Sentiu-se pressionado pelas críticas sobre sua ausência?

Sou da seguinte convicção: o dirigente não remunerado que fica muito tempo no clube é porque tem alguma coisa errada. O meu papel era de coordenar, supervisionar as funções no futebol. O modelo profissional é assim. Não tenho que administrar vestiário, cuidar da logística do clube. Mas na hora de discutir contrato de receita de TV, que envolve o futebol, por exemplo, eu jamais deixei de tratar o assunto com atenção e zelo.

Verdade que a presença do Daniel Freitas é um dos motivos de sua saída?

Veja bem, se há alguma coisa para se colocar como limitação ao Daniel é só o fato de ele não ter experiência. Mas é uma pessoa digna, trabalhadora, presente, que tem conhecimento da engrenagem do Vasco e do futebol. O que estão fazendo com ele é uma sacanagem. Essa campanha orquestada, e aqui não quero nomear ninguém, que nunca poderia acontecer. Se há restrição profissional a alguém, se prefere outro, você chega e fala, mas não é por isso que você vai sacanear alguém.

Como assim?

Algumas pessoas estavam atuando contra o Daniel e contra o Cristóvão lá dentro. E no momento que você começa a desautorizar o comando das pessoas, está feito o fenômeno da desagregação, está pronto o estímulo ao desafio. Esse grupo, apesar de tantos problemas, nunca antes havia mostrado uma falta de compromisso. Minha saída tem dois sentimentos: alívio e o outro de preocupação, pelo que está por vir pela frente.

Pensa em ser candidato à presidência em 2014?

Não, não... Não quero e não sou muito de fazer planos a longo prazo. Por outro lado, o Vasco não vai sair da minha cabeça nem do meu coração na minha vida. Sou conselheiro eleito e de maneira ou de outra vou continuar na vida do clube. Vivi quatro anos muito intensos no Vasco. Não quero nada do clube, só que a instituição se fortaleça. Meu medo é que tudo isso que acontece reverta aquele quadro da gestão anterior (refere-se ao ex-presidente Eurico Miranda) que eu sei muito bem o quanto custou.

O Nelson Rocha (vice de finanças) vai sair também?

Espero que não, mas sei que ele também está muito irritado com o que está acontecendo. Se ele sair, aí sim será um strike...

Dinamite e Mandarino juntos no fim de 2009


Fonte: Extra online


‘O RISCO ERA GRANDE DE FICAR COM UM MICAÇO’

Criticado pela saída de jogadores importantes como Diego Souza, Mandarino defendia a lógica do mercado. No caso de Diego, uma cláusula obrigava o Vasco a pagar 1,2 milhão de euros à Traffic até o fim de setembro para a compra de mais 20% dos direitos econômicos do jogador (o clube ficaria com 53,3%). Caso contrário, não receberia nada em futura venda.

Sem dinheiro, muitos no clube lembravam — e Mandarino partilhava da ideia — que era grande investimento sem grandes possibilidades de retorno no futuro.

— O risco era grande de ficarmos com um micaço na mão. Diego, nem como melhor de 2009, recebeu grande oferta europeia — disse uma fonte ouvida pelo Extra.

Na campanha contra o diretor Daniel Freitas, uma fonte do Jogo Extra contou que Mandarino se referia, entre outras pessoas, a Gerson Junior, genro de Dinamite dono da agência de viagens que trabalha com o clube (Locaflat), que ia atrás de Felipe Ximenes, diretor do Coritiba. Gerson disse que nunca tentou fritar Daniel Freitas e atribuiu a informação a “pessoas que querem atingir Dinamite através dele”.

Fonte: Extra