Brasileiro se inicia com desequilíbrio financeiro entre os clubes

Terça-feira, 15/05/2012 - 19:26

Um dos torneios mais equilibrados de todo o mundo, o Campeonato Brasileiro aproveita o fim dos estaduais e começa a ser disputado neste final de semana. Desta vez, porém, a competição terá uma pequena novidade fora das quatro linhas: será a primeira vez que os times entrarão em campo sob o novo acordo de direitos de transmissão.

Depois de toda a confusão de 2011, que acabou com a dissolução do Clube dos 13, as equipes brasileiras decidiram negociar individualmente seus direitos de transmissão. O novo acordo passa a valer agora em 2012 e começará a deixar as finanças dos clubes ainda mais discrepantes.

Com um mercado mais aquecido, os estados São Paulo e Rio de Janeiro vão abocanhar grande parte do dinheiro da televisão. Os dois times de mais torcidas no país também passam a ser os que mais receberão: Corinthians e Flamengo embolsam R$ 90 milhões por temporada. Na sequência da lista, os também paulistas São Paulo, Palmeiras e Santos se juntam ao carioca Vasco e levam uma bolada de R$ 75 milhões cada.

Os times de outros estados aparecem apenas no terceiro patamar de orçamento. Grêmio, Internacional, Cruzeiro e Atlético-MG se juntam aos outros dois cariocas – Botafogo e Fluminense – e receberão R$ 55 milhões cada um.

Ainda há mais dois degraus de pagamentos: Bahia, Coritiba, Portuguesa e Sport receberão R$ 30 milhões, enquanto Náutico, Ponte Preta, Figueirense e Atlético-GO faturam ‘apenas’ R$ 18 milhões, cinco vezes a menos que Corinthians e Flamengo.

Toda essa diferença financeira deixará ainda mais complicada a missão dos dez times da elite que não pertencem ao eixo Rio-São Paulo: desbancar a dominância de paulistas e cariocas e voltar a levantar o troféu de campeão após nove anos.

Desde o início da era dos pontos corridos, em 2003, apenas o Cruzeiro conseguiu quebrar a dominância Rio-São Paulo e foi logo no primeiro ano da nova fórmula de disputa. “Aquele time era um timão, com Vanderlei (Luxemburgo) no comando e Alex estratosférico”, define o argentino Sorín, lateral-esquerdo daquela equipe celeste e hoje comentarista dos canais ESPN.

Desde então, foram seis títulos paulistas (três do São Paulo, dois do Corinthians e um do Santos) e mais dois cariocas (Flamengo e Fluminense). Em 2011, cinco dos seis primeiros colocados pertenciam ao eixo Rio-São Paulo.

“O lado econômico faz a diferença se você tiver profissionais corretos e souber contratar. No mercado, sempre há jogadores livres, que procuram clubes que paguem em dia. Não é nem que paguem mais, mas que pelo menos paguem em dia”, explica o técnico Muricy Ramalho, dono de nada menos do que quatro títulos na ‘era do pontos corridos’.

Sudeste em alta – Mudando a divisão regional em análise, outro fato recorrente no Brasileirão tem sido a dominância dos times do Sudeste. Equipes de fora da região considerada a mais rica do Brasil não consegue vencer a competição desde 2001, quando o título acabou indo para o Atlético-PR - hoje na segunda divisão -, e nunca ficaram com o caneco em torneios de pontos corridos.

O curioso é que o Internacional acabou sendo o time com mais vices desde a mudança na fórmula de disputa (já são três – 2005, 2006 e 2009), mas vive um grande jejum. O time colorado não levanta a taça de campeão desde 1979.

Outro gaúcho gigante do futebol brasileiro, o Grêmio também enfrenta uma seca, mas um pouco menor: não ganha desde 1996. Por outro lado, porém, o time tricolor viveu momentos muito piores na história recente e até acabou rebaixado em 2004, com direito a lanterna do Brasileirão.

Fonte: ESPN.com.br