Gabriel Pec: 'Tenho que explicar isso para as pessoas. Nunca joguei no PEC. O PEC era um time de futsal adulto de Petrópolis'
Sexta-feira, 09/04/2021 - 13:39
É apelido? É sobrenome? Desde quando Gabriel Pec começou a ganhar destaque no Vasco, despertou-se a curiosidade sobre o nome utilizado em sua carreira como jogador de futebol. A partir de então, criou-se a lenda de que o jovem havia surgido no Petrópolis Esporte Clube (PEC), time de futsal que no início de 2000 fez sucesso disputando a Liga Nacional. Porém, essa história é verídica somente em partes.

Artilheiro e destaque do Vasco na temporada, o jovem de 20 anos, na verdade, surgiu de outro time de sua cidade na Região Serrana do Rio, o Carangola Futebol Clube, uma equipe amadora petropolitana.

Mas afinal, qual foi então a associação entre Gabriel e o Petrópolis Esporte Clube? O próprio atacante explica.

"Eu tenho que explicar isso para as pessoas. Eu nunca joguei no PEC. O PEC era um time de futsal adulto de Petrópolis, que disputava a Liga Nacional e era famoso. Então, quando cheguei ao Vasco [com 8 anos], tinha muito Gabriel, e o coordenador do salão gostava muito do time do PEC também. Eu chegava no clube, ele falava a escalação do PEC e brincava comigo, aí ficávamos conversando sobre o time. Foi pegando, pegando, e ficou Pec, mas eu nunca joguei lá. Era um time de adulto", explicou ao UOL Esporte.



"O Carangola foi muito importante na minha vida"

A relação de Gabriel Pec com o Carangola é de carinho e muita gratidão. Ele passou a jogar pela equipe amadora de Petrópolis (RJ) com apenas 7 anos na Copa Zico. Coordenador do time e responsável por lhe dar a oportunidade, Robson Ferreira ficou encantado com as "travessuras" que viu em campo.

"Ele chegou através de um pai de um menino que montou uma equipe com o filho dele e outros meninos da idade. Esse pai perguntou se eles podiam ir juntos para a Copa Zico com o Carangola. Eles eram muito pequenininhos, mas eu permiti e fui assistir um jogo deles. Eu fiquei encantado, especialmente com ele [Gabriel Pec], miudinho, fazendo as travessuras. O Gabriel dava balão, caneta, driblava de costas... Fez o diabo", recordou Robson.

Pelo Carangola, Gabriel Pec foi campeão da Copa Zico no sub-11 e no sub-13. Neste último título, tomou uma atitude onde demonstrou todo o seu carinho pela equipe que o projetou.

Na ocasião, ele já defendia o Vasco, mas o Cruz-Maltino não disputava o torneio oficialmente. Então, os pais dos garotos vascaínos criaram um time "fictício" chamado Barra Brasil para que disputassem a competição e se mantivessem ativos.

Porém, ao saber que o Carangola disputaria o torneio, Gabriel pediu para jogar pelo time de Petrópolis numa forma de gratidão, já que era seu último ano antes de se federar.

"Ele [Gabriel Pec] fez questão de se despedir do Carangola na Copa Zico, de quando ele era sub-13. Inclusive, estávamos com uma equipe fraca na ocasião. Ele levou uns atletas do Vasco e de outros clubes que não iam jogar pelo Barra Brasil, e acabamos sendo campeões com ele sendo eleito o melhor jogador da competição", contou Robson.

Cada vez mais se consolidando no profissional do Vasco, Gabriel Pec fez questão de demonstrar todo o seu carinho e gratidão pelo Carangola Futebol Clube:

"O Carangola foi muito importante na minha vida, porque lá que comecei a dar meus primeiros passos no campo. Foi lá que fui aprendendo como se joga, achei minha posição... Foi tudo lá. Então, o Carangola foi muito fundamental. Através dele, pude jogar competições aqui no Rio como a Copa Zico, que é muito importante, e pude ser campeão dela, chegar em final... O Carangola foi muito importante na minha vida e na minha carreira".



Apelido verdadeiro era para ser Gabriel Carangola?

Com toda uma história e relação com o Carangola, e sem ter atuado pelo PEC, não seria mais correto o seu apelido ser Gabriel Carangola? O atacante concorda em partes com a pergunta, mas avalia que, foneticamente, o Gabriel Pec soa melhor e se sente mais à vontade com esta alcunha.

"Se fosse para ser de onde eu joguei, teria que ser Gabriel Carangola, mas aí não ficaria tão maneiro assim como Gabriel Pec (risos). Acho que Gabriel Pec encaixou melhor e ficou legal, mas se fosse para ser por onde eu joguei mesmo, teria que ser Gabriel Carangola (risos)", avaliou o jovem.



Relação com Petrópolis

Atualmente, Gabriel tornou-se um xodó da cidade da Região Serrana do Rio que possui pouco mais de 300 mil habitantes. Por lá, aliás, não é Pec nem Carangola. O jovem é conhecido pelo seu nome de batismo: Gabriel Fortes.

"Aqui na cidade ele é conhecido como Gabriel Fortes. A família Fortes é muito conhecida aqui na cidade. O Pec foi o coordenador que colocou lá no Vasco", explica Robson.

Youtuber, influencer cruz-maltino e petropolitano, João Almirante falou da torcida especial dos vascaínos do local pelo "menino prodígio".

"É mais um motivo para torcermos para o moleque dar certo. Já tivemos aqui, num passado não tão distante, os irmãos Fábio e Rafael, que foram para o Manchester United e surgiram na base do Fluminense. Agora tem o Pec, que ainda muito jovem foi para o Vasco e agora está se destacando e começando muito bem a temporada. Está voando o moleque neste início de ano. A gente fica feliz. Esse fato dele ser petropolitano faz a galera aqui da cidade acreditar um pouquinho mais, ter um carinho um pouco maior e uma expectativa também grande de que ele se confirme", declarou o youtuber do "Portão 9", que garantiu já ter deixado sua marca no campo do Carangola em uma pelada da imprensa.

"É verdade! Eu já fiz um golaço. A extinta TV Adonai tem esses arquivos, sabe-se lá onde eles estão, mas esse gol está gravado (risos). Fiz esse gol de fora da área lá no campo do Carangola. Acredito que Gabriel Pec já deva ter feito muitos gols lá, mas eu também deixei minha marca, ok?"

Apesar de já morar no Rio de Janeiro há muito tempo, Gabriel Pec segue com familiares em Petrópolis e, sempre que pode, costuma visitar a cidade que nutre muito carinho.

"Minha relação com Petrópolis é muito boa, gosto muito de ir para lá. Algumas pessoas da minha família até vieram para o Rio também, mas a base da minha família é toda de lá. Em festas de fim de ano como Natal, Ano Novo e até em folgas mesmo, costumo ir lá para vê-los, mas essa pandemia está nos afastando bastante. Minha família está em casa e a gente quase não está se vendo, mas estou morrendo de saudades e, sempre que posso, vou para Petrópolis porque gosto muito de lá", frisou.



Relação de tio e sobrinho entre Gabriel e Robson

A relação entre Gabriel Pec e Robson Ferreira se iniciou entre um menino sonhador e um coordenador do Carangola. Com o tempo, porém, as formalidades foram ficando para trás e hoje o trato é considerado como se fosse entre um sobrinho e um tio.

"Temos uma relação muito legal. Ele é um menino com a cabeça muito boa, agradecido, tem um reconhecimento grande por tudo o que aconteceu, então ele sempre vinha me prestigiar quando a equipe precisava de um reforço. Criamos um vínculo familiar, os pais são adoráveis, estamos sempre juntos. É uma relação muito forte. Ele me trata como um tio e eu como um sobrinho querido", declarou Robson, que é farmacêutico e trabalhava no Carangola por hobbie.

Gabriel Pec, por sua vez, faz questão de demonstrar reciprocidade ao "Tio Robson":

"Robson sempre foi um cara espetacular. Sempre foi muito fã do meu futebol desde moleque. Desde pequeno me dava muita moral na cidade, sempre me colocando para jogar nos clubes que ele dirigia e eu sempre fui muito feliz ganhando títulos com ele. Ele tem um carinho pela minha família e por mim. Criamos essa relação desde pequeno, vivi coisas muito maneiras. Sempre recebi total apoio dele e recebo até hoje. Então, esse cara em Petrópolis é meu grande amigo agora, meu tio Robson. E o filho dele também, o Vitinho, sem palavras os dois. Fico muito feliz deles verem que do Carangola podem nascer frutos."



Fonte: UOL