Doriva relembra passagem como técnico do Vasco: 'Foi um desafio muito importante na minha carreira'
Quinta-feira, 25/06/2020 - 15:07
Nosso bate-papo de hoje é com Doriva, técnico campeão carioca pelo Vasco em 2015, após longo jejum do clube em termos de títulos nessa competição. Na verdade, foi o bi-estadual de Doriva, que havia vencido no ano anterior o Paulista com o Ituano. Com o título conquistado pelo cruzmaltino, ele atingiu um feito inédito na história do futebol brasileiro: nunca um outro treinador havia sido campeão paulista e carioca na sequência.

Dorival Guidoni Júnior, de 48 anos, o Doriva, foi revelado para o futebol pelo São Paulo. Com apenas 19 anos, foi campeão brasileiro pelo tricolor paulista, em 1991. Isso sem falar da Recopa Sul-americana (1993 e 1994), Supercopa da Libertadores (1993) e Mundial de Clubes (1993). Como volante, ainda passou por times como Atlético-MG, Sampdoria, Porto, Celta de Vigo, Middlesbrough, além de ter defendido a seleção brasileira no vice-campeonato da Copa do Mundo de 1998.

Quando encerrou sua carreira como jogador, Doriva foi para o Ituano, em 2009, para ser auxiliar técnico. E foi no próprio Ituano onde foi efetivado como treinador principal da equipe em 2013, salvando o time do rebaixamento. No ano seguinte, conseguiu um feito inesquecível para uma equipe do interior: a conquista do Campeonato Paulista.

O trabalho impecável de Doriva à frente do Ituano despertou a atenção de outros grandes clubes do futebol brasileiro. O primeiro foi o Athletico-PR. Em seguida, veio o convite do Vasco, que representou um dos maiores desafios, até então, de sua carreira. O início foi promissor com a brilhante conquista do Carioca de 2015 em cima do Botafogo. Apesar do título, uma sequência negativa no ínicio do Brasileiro obrigou o treinador a colocar um ponto final nesse trabalho.

Mas Doriva não abaixou a cabeça e seguiu confiante em seu potencial. A partir daí, o técnico voltou a estar no radar de vários clubes. Assim aconteceu na Ponte Preta, São Paulo, Bahia, Santa Cruz, Atlético-GO, Novorizontino, CRB, Criciúma e São Bento.

Como faz parte da história do Vasco, fiz questão de conversar com Doriva e relembrar sua passagem pelo gigante da colina. Nesse papo, o técnico fala do grande desafio em treinar o Vasco, da brilhante conquista do Carioca de 2015 e revela os fatores que determinaram sua precoce saída do Clube.

Confira!



Após se destacar no Ituano, o Vasco foi o seu primeiro grande desafio na carreira de técnico. Como foi treinar esse clube gigante?

Doriva: Foi muito bom treinar o Vasco. É um grande clube mesmo. Clube que estava passando por um momento, que vinha de um descenso e teve o acesso pra série A do Campeonato Brasileiro. Então, estava se reorganizando, fui contratado pelo Eurico e graças a Deus o trabalho foi excelente. Eu tive um período muito bom ali, mas a gente vinha conversando, durante todo o processo, da necessidade de qualificar o elenco pro Campeonato Brasileiro, pois o Brasileiro é outro nível. Apesar de ter tido sucesso no Campeonato Carioca, a gente precisava fortalecer a equipe pra disputar o Brasileiro. Precisava trocar muitos jogadores. Era um elenco muito numeroso, mas precisávamos de mais qualidade. E depois do Carioca que vencemos, nós iniciamos o Brasileiro já com a certeza de que precisariam chegar jogadores de peso pra fortalecer aquele grupo. O início foi razoável e depois a equipe não conseguia encaixar. Tinha essa necessidade de chegar outros atletas, não chegou, e foi aí que eu saí do Vasco. Mas sem dúvida nenhuma foram poucos meses, mas foi muito bom ter trabalhado no Vasco. Foi um desafio muito importante na minha carreira.

De concreto, o que pesou para os resultados não acontecerem e o trabalho ser encerrado ainda em 2015, quando você acabou pedindo pra sair?

Doriva: Exatamente essa reformulação. Acho que o Vasco tinha uma equipe competitiva a nível estadual. Tanto é que a gente conseguiu conquistar o campeonato. Mas a nível nacional precisávamos de reforços e a diretoria estava tendo dificuldades em trazer novos jogadores...jogadores qualificados pra jogar a série A do Campeonato Brasileiro. E o início realmente não foi tão bom. A gente precisava qualificar e o Vasco demorou. Na verdade, demorou a trazer as peças. Quando eu saí, começaram a chegar algumas peças. O Celso Roth, que entrou no meu lugar, teve dificuldade e depois o Jorginho, que conseguiu dar sequência, conseguiu ainda tirar muita coisa daquele grupo e quase que o Vasco no final ainda consegue escapar. No meu modo de ver, faltaram essas peças. Quando se joga um campeonato, você tem que qualificar o teu elenco. O Campeonato Brasileiro é muito difícil e faltaram então, esses ajustes que teriam que ter sido feitos no decorrer do Campeonato Carioca.

O Vasco sob seu comando conquistou o título do Campeonato Carioca depois de 12 anos. Como foi trabalhar com aquele grupo e o que representou aquele momento para você?

Doriva: Foi sensacional. Pra mim foi muito importante. Foi consolidar o meu nome no cenário de treinadores. Entrar definitivamente nesse mercado, já que eu já tinha sido campeão paulista com o Ituano. Tinha ido pro Athletico-PR e fiquei pouco tempo por conta de situações extra-campo e aí eu precisava novamente consolidar o meu trabalho e esse trabalho do Vasco foi muito importante. Peguei uma equipe que praticamente era a terceira ou quarta força do Estado e nós conseguimos estimular aqueles atletas e conseguir o título. Isso foi sensacional! Foi uma conquista que vai ficar marcada na minha carreira. O vascaíno estava carente de título. Fazia já um longo tempo que não ganhava o Carioca. Então, isso ainda tornou mais importante a conquista. Fica no meu coração guardada como um ponto muito importante da minha carreira como treinador.

A vida de treinador é feita de altos e baixos, mas você é um excelente profissional e tem tudo para voltar a ser chamado para trabalhar em grandes clubes. Espera um dia ter o nome lembrado para retornar ao Vasco?

Doriva: Com certeza! A gente sabe que é difícil mesmo a vida de um treinador. Atualmente, eu tenho trabalhado num nível um pouco menor, mas tenho dado meu melhor sempre. Tenho estudado bastante para estar sempre muito atualizado e com certeza tenho esperança sim de voltar a trabalhar num nível alto e se for no Vasco, quem sabe? O desejo de retornar é sempre muito grande e de trabalhar num nível alto no Campeonato Brasileiro, com atletas muito qualificados. A gente fica nessa expectativa, mas temos que ter os pés no chão, continuar trabalhando, tentando encaixar aí bons trabalhos pra que o nosso nome volte a ser lembrado pra esses grandes clubes. Então, é assim mesmo. A gente tem que ter os pés no chão, saber que o nosso trabalho é bem conceituado e tem estrutura pra trabalhar em nível mais alto. É questão de oportunidades mesmo. Vamos aguardar, né? Quando acontecer, a gente vai estar preparado.



Fonte: Twitter Detetives Vascaínos