Hoje no Napoli e na Seleção Brasileira, Allan relembra início do Vasco
Terça-feira, 13/11/2018 - 05:43
A história de Allan, a grande novidade e primeiro a se apresentar a Tite para dois amistosos, em Londres, na Inglaterra, não fala apenas de mais um jogador que saiu do Brasil cedo até ter o reconhecimento do treinador da seleção brasileira. Allan Marques Loureiro, de 27 anos, é o tipo de coadjuvante que ganha espaço pelas beiradas. E aqui não é metáfora para a versatilidade que o fez barrar Fagner no início pelo Vasco na lateral-direita.

Nascido em Ramos, zona norte do Rio, Allan começou no Olaria, como Romário, foi para o futsal do Vasco aos 15 anos até ir para o campo no Madureira. Voltou emprestado ao clube de São Januário e se integrou à geração poderosa.

Em São Januário, jogou com Philipe Coutinho, Rômulo, hoje no Flamengo, e também atuou ao lado de Dedé, recém chegado do Volta Redonda, que se apresenta à seleção de Tite. Em 2011, foi campeão da Copa do Brasil pelo Vasco - barrou Fagner como lateral-direito em toda aquela campanha - e também venceu o mundial sub-20 pelo Brasil na Colômbia, com os "antigos novos" companheiros de seleção Coutinho, Danilo e Casemiro.

Apesar de reverenciar Allan na coletiva de convocação - "tem rodinhas nas pernas" -, Tite não era exatamente um fã do jogador do Napoli. O auxiliar Sylvinho foi o grande incentivador da convocação do atleta que está há sete temporadas no futebol italiano, em trajetória não tão comum entre tantos brasileiros que vão, não se adaptam e voltam ao futebol brasileiro. Nenhuma novidade para quem o conheceu nos tempos de vacas magras em São Januário.

- Lembro dele aos 16 anos dizendo: meu sonho é comprar uma casa para minha mãe - conta um dos muitos amigos que acompanhou o início de sua trajetória no Vasco.

Os primeiros salários mais "gordos" - chegava aos R$ 20 mil mensais - serviram para comprar um Fiat Uno e acomodar a mãe numa casa melhor no bairro do subúrbio carioca, ao lado dos irmãos. Campeão da Copa do Brasil em 2011 pelo Vasco, Allan ouviu assustado e eufórico a profecia do amigo Alecsandro, hoje no Coritiba: "você vai jogar na seleção brasileira".

- Foi na comemoração, na empolgação, mas o que disse era 100% verdadeiro. Era um menino, mas jogava de volante, de lateral, posições totalmente diferentes. Com o peso do Vasco, mostrava extrema qualidade. Não tinha dúvida que era nível de seleção. Mais cedo ou mais tarde chegaria - lembrou Alecsandro.

"Nunca tive contato com ninguém da seleção italiana"

E demorou. De São Januário, desembarcou em Udine. Recebeu conselhos para se vestir com Felipe, o veterano multicampeão em São Januário, que o recomendou o melhor vestuário na Itália. Cresceu, teve dois filhos, aprendeu italiano, se adaptou e passou a ser especulado na seleção italiana, depois de tanto tempo sem oportunidade no time brasileiro.

- Nunca tive contato com ninguém da seleção italiana. Só soube pelos jornais dessa possibilidade. Esperei muito e estou muito feliz, não vejo a hora de me apresentar à seleção - disse o jogador, em rápida entrevista ao GloboEsporte.com.

O reencontro com Coutinho - com quem foi campeão brasileiro sub-17 pelo Vasco - e Dedé foi muito comemorado pelo meia, que sofreu para marcar Neymar na última partida entre Napoli e PSG (1 a 1). Jogou mais recuado, praticamente como primeiro homem de marcação no meio de campo. A versatilidade sempre chamou a atenção.

- Ele tinha muitas virtudes. Lembro que chegou a ser vaiado no início, ali em São Januário, mas qual jogador que não foi? Ele, mesmo menino, pela sua qualidade, pelo drible muito rápido, do futsal, por ter saído de família humilde, você via no semblante dele que queria vencer. Tinha muita inteligência e jogava em várias posições - recorda Alecsandro.

Após tanta espera, Allan chega com possibilidades de se manter no grupo. Dos concorrentes mais novos, como Casemiro (26), Walace (23), Arthur (22), aos mais veteranos, como Paulinho, 30, e Fernandinho, que não foi convocado, 33, o jogador do Napoli luta por vaga nesse início de caminhada até a Copa de 2022. Sem fugir das características.

Como quando foi questionado sobre a mensagem do Napoli, que o tratou como "doutrinador" em foto com Neymar, no confronto com o craque da Seleção e do PSG. A resposta tem tudo a ver com o pacato meia brasileiro.

- Jogar contra o Neymar não é fácil. Muito melhor estar ao lado dele agora. Quero aproveitar ao máximo essa oportunidade para seguir junto com esses grandes jogadores - disse Alan.





Fonte: GloboEsporte.com