Ex-setoristas do Vasco relembram convivência com Juninho Pernambucano e comentam suas declarações
Quinta-feira, 03/05/2018 - 10:54
Rodrigo Campos

Sobre a polêmica JUNINHO PERNAMBUCANO X SETORISTAS.
Em 2012 eu fazia cobertura do Vasco.
Em um belo dia, trouxe a informação de uma reunião entre jogadores e diretoria.
Assunto: salários atrasados
Juninho, mesmo tendo uma situação bem confortável, era o que mais falava nesta reunião. Cobrava pelo grupo todo.
Obviamente, a diretoria não gostou de saber que a notícia da reunião vazou.
Emitiu uma nota oficial me chamando de mentiroso. Disse que meu objetivo era tumultuar o ambiente. Que não houve a tal reunião.
Ao perceber essa injustica do clube, o mesmo JUNINHO PERNAMBUCANO me ligou e me chamou para uma entrevista exclusiva. Objetivo: confirmar para todos, que esse repórter estava falando a verdade!
Ou seja:
Como se diz na gíria;
"O cara é sujeito homem"
Parabéns, JUNINHO!! !

Rodrigo Campos

Presidente do VASCO: Eurico Miranda
Ordem: Nenhum jogador pode falar com a imprensa.
Juninho Pernambucano, em respeito aos SETORISTAS, avisa:
"Do lado de fora do clube, ninguém manda na minha vida. Vamos todos lá na rua, que eu falo com vocês "
Orgulhoso por ter presenciado este momento.


Marluci Martins

Juninho Pernambucano conviveu com jornalistas maravilhosos ao longo da carreira. Afirmo isso porque acompanhei de perto a maior parte da sua trajetória. Mas enfiou no mesmo balaio do discurso inconsequente aqueles que ele, um ex-jogador, considera "prostitutos". Logo ele, sempre tão mimado pela imprensa. Logo ele, que pediu a seu assessor que me ligasse três vezes para mudar ou excluir algo que havia dito em uma entrevista gravada. Vale de certa forma para alertar sobre essa tentadora oferta de mão de obra boleira no mercado. Não que eu seja contra, não sou mesmo. Mas um ex-jogador bêbado na bancada me assusta tanto quanto um rebelde sem causa que vocifera contra seu passado. Perdem todos, o jornalismo e o futebol. Responsabilidade é pra quem tem. Não se compra nem com o salário de R$ 100 mil ganho no passado. E não escrevo por inveja. É por vergonha alheia mesmo. Parabéns ao Sportv, que deu a merecida dura no ar.


Juninho nunca deixa de falar

Fui setorista do Vasco entre 2012 e 2013, pelo jornal Lance!. Em um intervalo nesse tempo, convivi com Juninho Pernambucano no dia-a-dia de trabalho.

O que eu vi de perto foi um grande jogador (na minha opinião o maior ídolo da história do Vasco) já no fim da carreira, um sujeito querido, atencioso, educado e respeitador com torcedores, funcionários, atletas mais jovens e imprensa – salvo os problemas que ocorreram com alguns profissionais e que não cabem destacar aqui.

Após a repercussão depois das recentes opiniões do ex-jogador e hoje comentarista sobre setoristas, decidi escrever aqui no Acréscimos o que penso.

Quando iniciei a cobertura em São Januário, ainda bastante inexperiente, presenciei o desmanchar do bom time que o Vasco tinha em 2011. Em meio à saída de medalhões do elenco e as constantes e péssimas crises administrativas e políticas que o Gigante da Colina vivia (e vive), era Juninho quem dava a maioria das entrevistas ao término de jogos e treinos. Quando tinha polêmica no ar, era o camisa 8 quem aparecia para dar sua opinião diante dos setoristas.

Aurino Leite, meu editor na época, que era repórter setorista no início dos anos 2000 em São Januário, contava que era da mesma forma no tempo dele: quando surgia uma crise, Juninho não se escondia e aparecia para falar.

Certa vez, em uma coletiva, depois de um treinamento, Juninho se pronunciou de uma forma que deu a entender que o elenco do Vasco era ruim. Ele disse, quase que literalmente, que o plantel daquele momento, já cheio de garotos e atletas menos renomados, era fraco. A essa altura, basicamente todos os grandes nomes dos times de 2011 e 2012 já estavam longe do Vasco.

A declaração de Juninho Pernambucano causou um verdadeiro frenesi nos setoristas presentes. Entre eles, lá estava eu. Todos (de TV, rádio, internet, impresso) já tinham a polêmica declaração em mente para dar como manchete. Contudo, minutos depois de sair da sala de coletivas, Juninho voltou e pediu, com educação, para que ninguém utilizasse a polêmica frase como título de matéria, que poderíamos até relatar que ele disse que o elenco não era dos mais qualificados, mas para não dar destaque a isso logo de cara, não botar no topo do texto: "Juninho diz que o time do Vasco é ruim". Eu respeitei o pedido. Pelo que me lembro, todos os presentes também o fizeram.

Em minha opinião, Juninho se equivocou quando se fez entender que todo setorista é sem caráter e realiza práticas abomináveis – para não dizer palavrões. No entanto, é evidente que pessoas com condutas condenáveis existem em qualquer profissão, inclusive na de jornalista/setorista e ele deve ter os motivos dele para concluir isso.

Aliás, outro erro de Juninho foi tratar os repórteres que cobrem o dia-a-dia dos clubes de futebol como alguém menor em uma redação. Como se fosse um cargo para ficar e sair o mais rápido possível para alcançar algo melhor. Sabemos que diversos desses trabalhadores são as "estrelas" de algumas empresas, tamanha importância de alguns nomes.

Juninho errou e acertou na polêmica declaração. É assim mesmo na vida, a gente erra e acerta o tempo todo, às vezes acontece tudo ao mesmo tempo. Digo outra vez: Juninho errou e acertou na polêmica declaração. Situação extremamente comum para um cara que nunca se privou de falar.

Texto de Felipe Lucena



Fonte: Facebook do jornalista Rodrigo Campos (texto), Facebook da jornalista Marluci Martins - O Globo (texto), Blog Acréscimos, Reprodução Internet (foto)