Dagoberto relembra passagem pelo Vasco e declaração sobre briga contra o rebaixamento

Terça-feira, 21/03/2017 - 13:48
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Dagoberto diz que se cansou do futebol profissional. Aos 33 anos, o atacante pendurou as chuteiras por tempo indeterminado. Sua última partida profissional foi em agosto do ano passado, pelo Vitória, contra o Santa Cruz, em jogo válido pelo Brasileirão. O atacante entrou no final da partida e atuou por cinco minutos. Desde então, preferiu se manter longe dos gramados. Dagoberto quer ficar com a família e sentir, finalmente, que está aproveitando a vida.

– Estava sentindo falta de fazer as coisas sem horário, sem obrigação. O futebol não está me fazendo bem mais. Tomei esta atitude para viver um pouco. Futebol te suga. Nesse meio você conhece cada peça. Com uma derrota, muda tudo. Tem muita falta de profissionalismo. É difícil. Está piorando a cada dia. Somos tratados como produto. Se não render, não presta. Quando vi que não dava mais, fui viver minha vida. A vida é muito curta para sofrer assim – desabafa Dagol.

A derrocada, para o atacante, começou quando foi emprestado para o Vasco. Pelo Cruzeiro, acostumou-se a ser campeão brasileiro. Na equipe carioca, a rotina mudou: teria que lutar contra rebaixamento. Foi a primeira situação em que Dagoberto se viu atuando por um time no qual não brigava pelo título nacional. Afinal, dos 15 campeonatos brasileiros que jogou, Dagoberto conquistou cinco.

– No Vasco, foi bem complicado, foi difícil. Você se acostuma a lutar lá em cima. Realidade era brigar por outra coisa. Quando você vê essa realidade, e o grupo de jogadores em que você está não percebe a situação, fica ainda mais difícil. Dei uma entrevista falando a realidade. Fui rebatido pelo presidente (Eurico Miranda). Todo time deveria entrar para buscar objetivos altos...

O ponto, por ora, final chegou no Vitória. Dagoberto não teve grandes atuações pelo time baiano. Em vinte jogos, não marcou gols. O estopim para a tomada da decisão de interromper a carreira envolveu a falta de união entre os jogadores da equipe.

– Nós, os mais velhos do time, conversamos com o (treinador) Vagner Mancini para tirar a concentração. Depois de dois empates, alguns jogadores pediram a concentração de volta. No futebol não existe mais profissionalismo. Começando pelos jogadores. Vê que a maioria é amadora nisso. Acham que uma concentração vai resolver. Essas coisas foram me dando certeza de fazer outras coisas na vida. Quando eu concentrava, chegava no jogo de cabeça inchada. Chega na sexta, passa o sábado e só joga domingo às 18h30... Fica tenso, nervoso. Eu me alimento muito melhor quando estou em casa. Estou com família, filhos. É outra vida. Fica mais leve. Para não criar caso, eu parei.

Dagoberto sentiu ainda mais que havia acertado na escolha após o acidente da Chapecoense, em novembro do ano passado. O atacante recebeu propostas para voltar ao futebol, mas não se sentiu atraído. Ele garante seu retorno apenas se for para um clube de fora do Brasil, principalmente da Europa, que apresente uma situação boa para ele e para sua família.

– Tive muitas propostas. Dirigentes vieram até Curitiba para conversar. Eu fui muito sincero. Não quero jogar aqui. Quero viver minha vida. Estou em um momento muito abençoado. Apontamos muito o dedo para os outros em algumas situações, mas não olhamos como temos tratado o próximo, cuidado dos nossos filhos. Quero ser presente. O que aconteceu com a Chapecoense foi muito forte. Todo mundo falou que teria atitude diferente depois. Estamos precisando de moralidade. Olhamos os políticos metendo a mão em tudo que é lado, e o que temos feito? Somos diferentes? Estava necessitando disso para ser um humano diferente.

Fora da rotina de atleta, Dagoberto está curtindo a vida. Ele brinca muito com a filha Thayná, de nove anos, e o filho Mateus, de cinco. Fisicamente, manteve-se bem. Joga futevôlei, tênis e golfe – inclusive disputa campeonatos nestas modalidades. O atacante é empreendedor. Abriu uma hamburgueria chamada Fábrica Gourmet e administra uma unidade da lanchonete Subway, ambas localizadas em Curitiba.

– É uma coisa diferente, que temos curtido. Tem um chef chamado Beto, que é amigo da família. Ele fez hambúrguer para nós. Eu e minha esposa gostamos de culinária, gastronomia. Montamos a hamburgueria a partir de uma conversa de mesa. São hambúrgueres artesanais, o lugar é bonito.

Bom de boca, como o próprio se define, o atacante apenas administra a lanchonete. Ele fica longe da chapa.

– Se eu dependesse de mim para fazer os lanches, estaria frito. Sou ruim no negócio. Me garanto para comer. Tem um de bacon, que chama Bacon Lovers, muito bom. O melhor é o Obelix, que tem molho com mel, cebola caramelizada e queijo brie. É o meu predileto – finaliza Dagoberto, finalmente feliz.



Fonte: GloboEsporte.com