Confira trechos da entrevista de Eurico ao programa 'Bola da Vez', da ESPN Brasil

Terça-feira, 14/03/2017 - 23:24
comentários

(Para assistir aos vídeos, clique aqui)

Eurico Miranda é do bem.

Em entrevista nesta terça-feira à ESPN Brasil, o presidente do Vasco da Gama respondeu a perguntas sobre críticas que recebe de adversários. Segundo ele, a imagem criada a respeito dele é resultado da "inveja" de rivais.

"Eu sou do bem. Você está falando em política e eu posso estender isso. Falam alguma coisa chamada CPI do futebol, que eu teria sido indiciado. Está lá, anotado. Aí teve Ministério Público, Polícia Federal, inquérito, aí terminou… Ninguém disse como terminou. Terminou simples: nada provado, nada comprovado, inocente. Fui deputado por dois mandatos (1995 a 2002), nunca mexi um centavo com dinheiro público e nunca nomeei uma pessoa que pediram em oito anos. Odiado, eu sei que sou. Primeiro por alguns que não têm nada a ver, pela imagem que fazem a respeito, pelo que possa a ser", disse, indo além.

"Eu estimulei essa rivalidade e me coloquei sempre numa posição defendendo os interesses do Vasco. O Vasco não é um clube local, é um clube nacional. Não é um clube regional. Isso aí te dá uma projeção. Cada um faz depois a imagem de você", completou.

"Também causa inveja. O problema da inveja é da natureza humana. Eu sou casado com a mesma mulher há 48 anos, tenho quatro filhos e nove netos. Não tenho qualquer tipo de problema, de desvio que possa ter. Essas coisas para mim são uma benção. E isso causa inveja."
Confira outros trechos da entrevista:
RIVALIDADE COM FLAMENGO

"O Vasco tinha um tratamento diferenciado na mídia (...). Tinha dois órgãos de imprensa, o Jornal dos Sports, o Mário Filho, que eram Fluminense e Flamengo. Quiseram transformar o Fla-Flu no grande clássico do futebol brasileiro, mundial. Com todo o respeito ao Fluminense, não tem termo de comparação. Eu vi a necessidade de colocar o Vasco como ele era, no confronto direto com o Flamengo. Claro, eu falo umas coisas… Vocês falam 'Pérolas do Eurico Miranda', e é verdade. Eu só torço pelo Vasco e torço para o Flamengo perder."

CRISTÓVÃO BORGES

"Não se contrata ninguém no Vasco que eu não aprove. Não quer dizer que eu vá escolher, mas eu aprovo. O Cristóvão foi uma escolha por N razões. Primeiro, tinha passado ao Vasco e teve uma excelente passagem. Querem atribuir ao Ricardo Gomes, mas o Ricardo Gomes não estava – ele assumiu. Conquistou título, teve uma passagem excelente."

Você contrata de acordo com o que você pode. Não adianta querer jogar depois na mesma situação que estava antes. Primeiro aprumei, fiz algumas contratações de jogadores para o time. Eu precisava de um treinador que se enquadrasse na faixa salarial que a gente precisava pagar – ele se enquadrava nisso."

SIBÉRIA?

"Se eu fosse para a Sibéria, o Vasco fechado."

TRAJETÓRIA: SUCESSOS E REBAIXAMENTOS

"Na minha trajetória de Vasco, são muitos títulos conquistados. Eu estive à frente do Vasco em 25 campeonatos estaduais, o Vasco ganhou nove. Foram três campeonatos brasileiros, uma Libertadores, uma Copa Mercosul. E uma coisa que o Vasco não tinha e brigava por isso: o título do Sul-Americano de 1948. Por que isso veio a acontecer? Em 2001, nós tivemos um problema sério. Em primeiro lugar, a fuga do grande patrocinador, principalmente um contrato que o vasco tinha com o Nations Bank. Além disso, a Globo ficou dois anos sem pagar o Vasco. Isso ocasionou que a gente começasse a ter um certo retrocesso. Aí, vou te dizer que a consequência… Eu não preciso contar pra ninguém que o Vasco não é clube para ser rebaixado. Eu vou repetir: o Vasco é um clube nacional e internacional. Poucas pessoas sabem: o Vasco já jogou em 63 países. Eu fui a alguns deles. Alguns títulos internacionais que foram conquistados pelo Vasco tiveram a minha participação. Isso não é justificativa. É a justificativa que a gente pode dar para o que aconteceu, para a gente ter esse problema. O Rebaixamento foi fruto, o rebaixamento comigo… Eu sempre afirmei que o rebaixamento comigo não acontecia, mas não quero jogar responsabilidade para ninguém. A responsabilidade é exclusivamente minha. Mas eu não fui para o Vasco porque eu queria coroar minha trajetória ou seja lá o que for. Eu fui para o Vasco porque eu concluí que eu não conseguia mais ver o que estava acontecendo com o Vasco."

SALÁRIOS EM DIA

"Os salários estão em dia. Quando eu pago a um, pago a todos."

FLAMENGO CAMPEÃO DE 1987?

"O campeão é o Sport. Reconhecido na Justiça por todas as instâncias (…). Eu participei de uma reunião na CBF que tinha que reconhecer o cruzamento, senão não tinha campeonato (…). Se não tivesse cruzamento, não ia ter campeonato. A Fifa não reconhece o Vasco, o São Paulo, o Flamengo. A Fifa reconhece a CBF. Eu rompia com a CBF e com a Fifa? Eu acho que a CBF existe com os clubes."

CAMPEONATO CARIOCA

"Nota 11. Sabe quanto é que eu recebo por cada jogo que eu faço? Quem faz o campeonato são os clube. Eu recebo R$ 1,2 milhão por cada jogo que eu jogo. Os outros quatro (na verdade três) também. Tem um contrato com a televisão que é um contrato milionário."

REGULAMENTO DO CARIOCA E A TV

"Eu estou aqui na televisão, pelo amor de Deus… Manda perguntar por que na liga de basquete jogam 70 jogos contra o mesmo clube. Esportivamente, é da maneira que você encara. Você joga 70 vezes com o mesmo clube, ganha e não chega… O regulamento é aquele. Você não pode fugir da televisão, é a grande patrocinadora. Não é difícil chegar a essa conclusão."

BRIGA COM ROBERTO DINAMITE

"Eu não vou aqui falar o que eu fiz pelo Roberto. Isso todo mundo sabe. Agora, entre Roberto e Vasco, eu sou Vasco. Você não pode afirmar que eu expulsei ele da tribuna. 'Ah, é o que falam'. Não tem o que esclarecer. Se alguém tirou da tribuna e ele fez aquele golpe… Como eu ia expulsar ele da tribuna. Não tinha nenhum motivo.

BRIGA COM EDMUNDO

"Eu sou Vasco. Entra com ação contra o Vasco, que eu que estou pagando. Entrou com ação contra o Vasco, e eu sou Vasco. Eu não tiro o direito de entrar com ação. Eu não sou inimigo."

BRIGA COM JUNINHO PERNAMBUCANO

"É outro que quis parecer que estava jogando no Vasco de graça. É mentira. Ainda agora tive que acertar com quem era empresário dele valores que tinham que ser pagos. Uma coisa é você chegar e eu querer jogar para a mídia, dizer que é ídolo. Eu posso estar errado, mas é assim que eu penso: entre Vasco e qualquer outra coisa, eu sou Vasco."

GOLEIRO BRUNO

"No caso específico dele, não (contrataria). Pelo caso que é. Você falou 'egresso da prisão'. Talvez outro egresso da prisão, talvez até contratasse. Mas especificamente, no caso dele… Parece que está absolutamente comprovado que aconteceu daquela maneira. Não contrataria."

OPOSIÇÃO DO VASCO

"Não tenho problema de oposição. Qual é a oposição? No momento? Alguma vez impedi? Pelo contrário. Eu reajo a eles quererem fazer coisas contra o Vasco. Se eles não gostam de mim, é outro problema (…). Não tenho nenhuma pretensão de ser candidato no Vasco. O dia que o Vasco não precisar de mim, não fico 30 segundos no Vasco. O problema é que oposição deve ser participativa, apresentando sugestões."

RELAÇÃO COM PEQUENOS E A FERJ

"Nunca tive problema com nenhum clube. Agora, não vai querer prevalecer a vontade deles sobre geral. Você não concorda com o que acontece na Federação? Perfeito. Vai lá, concorre, apresenta candidato. Se os quatro grandes se juntarem, não tem pequenos. Você está vendo problema na Federação do Rio e eu não estou vendo."

CAMPEONATO CARIOCA DEFICITÁRIO?

"Falam que a Ferj recebe mais que os clubes, e isso não é verdade. A Ferj recebe o que está em contrato, resolvido em assembleia geral. Agora, campeonato deficitário? O campeonato do Rio de Janeiro absolutamente não é deficitário. É só pegar o borderô (…). Não tem nenhum jogo deficitário no Rio de Janeiro. (Clubes menores) não recebem a mesma coisa que Vasco e Flamengo, mas recebem todos."

COPA JOÃO HAVELANGE E A CAMISA DO SBT

"Por acaso, foi uma coisa que deu. Eu não botei ESPN porque a ESPN não era concorrente da Globo. Eu estava magoado com uma série de situações, de não ter recebido, de ter disputado dois campeonatos – e acabei ganhando os dois, a Mercosul e o Campeonato Brasileiro. Não posso dizer que me arrependo das coisas, porque não seria justo. O que posso dizer é que, se fosse hoje, eu não faria. Mas não me arrependo. Ninguém sabia (que estamparia a marca."

RELAÇÃO COM ORGANIZADAS

"Não admito interferência. Os caras às vezes pedem ajuda, mas eu não admito interferência da torcida organizada no Vasco."

PAZES COM A FORÇA JOVEM

"Havia brigas internas na Força Jovem. Iam fazer um pleito democrático – fizeram recadastramento dos torcedores e tal. Pediram para fazer no Vasco e eu aceitei. Vou pedir reconhecimento no Ministério Público, porque acho que tomam uma atitude diferente."

GRUPAMENTO ESPECIAL DE POLICIAMENTO EM ESTÁDIOS (GEPE)

"Esse negócio que aconteceu de torcida única é porque o Gepe, que era do estádio, foi dizer que não tinha condições de fazer torcida mista. Qual a alegação? Tinha praia, sambódromo, tinha jogo. O juiz pega e fala que é torcida do estado. Não me fale de Gepe. Tenho que perguntar para o Gepe, o comando da Polícia Militar, se posso sair de casa."

AMADO OU ODIADO?

"Já fui aclamado pelo estado inteiro e já me mandaram para aquela p*ta que todo mundo sabe. No futebol, você vai do céu ao inferno rapidamente. Se você não tem condições de suportar esse tipo de coisa, não assuma a responsabilidade. Tem gente que se assusta com isso."

ASSALTO DE RENDA DE JOGO EM 1997

"Naquela época, o tesoureiro levava parte da renda. Coincidentemente, naquele dia, era um negócio de R$ 27 mil (na verdade, R$ 75 mil), e que ele não tinha como ir. Eu era o vice de futebol e levei para casa. Ao chegar em casa, teve um assalto. Fui assaltado, depois teve inquérito e encontraram as pessoas. Se foi armado, não sei. Naquela época, não tinha tanta coisa como tem hoje no Rio de Janeiro. Mas é ridículo – a gente mexe com milhões e iam dizer que eu ia fugir com R$ 27 mil de renda."

RELAÇÃO COM A MÍDIA

"Eu não vim aqui para limpar minha barra. Eu vim aqui dizer a minha verdade – não é a minha versão. Podem achar que minha verdade não vale. Agora, comprovem - falem, critiquem, mas provem. Não falem por ouvir dizer."

FINAL DA COPA JOÃO HAVELANGE

"Não me obrigue a contar a história do São Caetano, que foi outra sacanagem. Aconteceu um acidente. Minha preocupação única e exclusiva era cuidar dos feridos, primeira coisa. Evidentemente, numa situação daquela, começou a ter um monte de gente que não tem nada a ver em campo. O que aconteceu? Aí distorceu. O pessoal está vendo. Teve um atendimento como não se via em lugar nenhum. Circulavam pelo campo do Vasco ambulâncias sem nenhuma dificuldade. Eu estava recebendo elogio de quem estava transmitindo. Aí veio a Polícia e diz que estava com condições; desce um helicóptero da Defesa Civil para dizer que o governador dava toda garantia, que podia ter o jogo. A Defesa Civil veio me informar que o governador informava isso. Aí estava chegando a hora de uma novela. 'Será que não tem uma autoridade para parar o jogo?' Aí vem o cara de novo para falar que o governador ia suspender o jogo."

CONTRIBUIÇÃO PARA O FUTEBOL

"Eu sei a minha contribuição para o futebol brasileiro. Todos sabem que eu sou Vasco, participei seis meses na CBF. Na minha passagem, logo na primeira administração do Ricardo Teixeira, criei a Copa do Brasil. Conseguimos com a seleção brasileira ganhar a Copa América (1989) que não ganhávamos havia 40 anos e classificamos o Brasil para a Copa do Mundo da Itália (1990). Isso é contribuição minha. Se eu não contribuí nada para o futebol brasileiro, analisem como quiserem."

PRESIDENTE DA CBF

"O Ricardo Teixeira, quando começou, não sabia nada de futebol, mas era genro do (João) Havelange. O José Maria Marin era mais chegado à política do que ao futebol. Eu não posso falar de coisas que não tive participação, mas que ele teve uma conduta sempre para nós... Um cara que respeitava… Apareceram lá essas coisas que fizeram. E o Marco Polo, o que eu posso dizer dele é que ele não enfrenta, não enfrentou."




Fonte: UOL (texto), Twitter ESPN (foto)