Há 50 anos, Vasco batia o Peñarol, então campeão sul-americano e intercontinental

Segunda-feira, 06/03/2017 - 03:43
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No dia 4 de março de 1967, o Vasco vencia o Peñarol por 2 a 1 em amistoso realizado no Estádio do Maracanã. A equipe uruguaia era a base da seleção de seu país, e tinha conquistado há menos de 5 meses, a Copa Intercontinental, vencendo o poderoso Real Madrid na Espanha e em casa.

Os auri-negros contavam com o grande goleiro Ladislao Mazurkiewicz, titular da meta uruguaia nas Copas de 66, 70 (quando foi eleito o melhor goleiro da competição) e 74, com o lateral-direito Pablo Forlan (pai do atacante Diego Forlan), com o meia Silva e com o oportunista atacante equatoriano Spencer.

Porém, o Vasco também tinha seus trunfos. O principal deles, e nome do jogo, o estreante Nei Oliveira, jovem meia-atacante contratado junto ao Corinthians. Foi ele o autor dos 2 gols vascaínos, sendo o do desempate aos 44 do 2º tempo.

A equipe cruzmaltina contava também com o grande zagueiro Brito, que viria a ser campeão mundial pela seleção brasileira em 1970, com o artilheiro Bianchini , e com o meio-campista uruguaio Danilo Menezes, ex-jogador e ídolo do Nacional-URU, grande rival do Peñarol.

E mesmo tendo o time uruguaio aberto o placar com um gol irregular – no cruzamento de Spencer para Silva, “a bola saiu quase meio metro” conforme descreveu o “Jornal do Brasil” do dia seguinte – o Gigante da Colina se superou e chegou a virada no apagar das luzes.

Vamos relembrar mais esta vitória da belíssima e gloriosa história cruzmaltina !

O juiz da partida foi o sr. Eunápio de Queiroz e as duas equipes atuaram com a seguinte formação:

VASCO — Edson; Jorge Luiz, Brito, Ananias e Oldair; Maranhão e Danilo; Nei (Nado), Adilson, Bianchini (Nei) e Moraes.

PEÑAROL — Mazurkiewicz; Fórlan, Lescano (Perez), Varela e Mendez; Gonçalves e Côrtes; Abadie (Berdochi), Silva, Spencer e Hernandés (Acuña).

1º TEMPO

O Peñarol manteve o seu tradicional esquema de amarrar o jogo ao máximo, fechando-se na defesa e procurando surpreender o Vasco da Gama. Com esporádicos contra-ataques, mas sempre perigosos. Enquanto isso, o time brasileiro buscava a solução, procurando perfurar o bloqueio contrário à base da mocidade e velocidade de seu ataque, alimentado pelas incursões de Jorge Luiz, embora sentindo a falta de apoio do meio de campo, bastante inseguro.

Aos três minutos, o Peñarol inaugurou o placar com uma cabeçada de Silva, colhendo o lançamento da linha de fundo de Spencer, após tirar Oldair da jogada. Vinte minutos depois, o Vasco da Gama empatou por intermédio de Nei, num trabalho elogiável de Jorge Luiz, que criou a situação, desvencilhando-se de dois adversários, chutando na trave. No rebote, Nei completou com sucesso. Aos vinte e quatro minutos, Bianchini desperdiçou a melhor oportunidade de colocar o Vasco da Gama com vantagem do marcador, quando chutou pela linha de fundo, estragando belo trabalho de Danilo Menezes.

2º TEMPO

As duas alterações introduzidas na equipe do Peñarol, no meio tempo, soltaram mais o Vasco da Gama, apesar da intenção evidente dos uruguaios de neutralizar os avanços insinuosos de Jorge Luiz, com Acuña funcionando mesmo como ponta, na frente, o que não ocorrera com Hernandez, na fase inicial. Já pela direita, Berdochi que substituiria Abadie, também, preocupou-se menos com o sistema defensivo e daí, então, nasceram as avançadas sempre perigosas dos vascaínos, que só não somaram no marcador por falta de sorte nas conclusões de Nado, Danilo Menezes e Adilson, precisamente aos 23, 29 e 40 minutos.

Aos 23 minutos, Nado trabalhou bem pelo seu setor, foi à linha de fundo e centrou para Adilson que fez o corta luz, deixando a bola ficar para Danilo Menezes, que vinha atrás, mas

o desfecho saiu por cima do travessão.

Aos 29 minutos, Nei, como lateral direito, brecou uma avançada uruguaia e esticou, de primeira, para Adilson, que tocou rápido para Morais correr pela extrema esquerda e limpar toda a defesa do Peñarol, sobrando a bola para Nado, sozinho, com o gol aberto, que na ânsia de apenas encostar com o peito do pé, acabou perdendo o tento.

Aos 40 minutos, a vez foi de Adilson, que se desvencilhou de dois contrários e partiu para a finalização corno deveria fazer, embora a bola caprichosamente corresse toda a área confiada à Mazurkiewcz e saísse raspando o poste direito.

Finalmente, aos 44 minutos, saiu o gol da vitória merecida do Vasco da Gama. Perez cobrou mal um tiro de meta e a bola, tocando em Adilson, foi por ele dominada e logo entregue à Nei, que selou a sorte dos uruguaios, exibindo muita categoria, ao colocar a bola de mansinho no fundo das redes.” (Correio da Manhã – 05/03/1967)

A equipe uruguaia campeã nacional em 1964/65 e 67 não estava acostumada a ser derrotada e após o jogo, promoveram um grande tumulto dentro de campo e brigaram entre si no vestiário. A vitória vascaína não havia descido bem para os auri-negros:

“Após o jogo, os jogadores uruguaios se acercaram do juiz Eunápio de Queiróz e o ofenderam, mas o incidente não tomou proporções porque houve a interferência de terceiros.

Também no seu vestiário, os uruguaios criaram outro incidente, pois xingavam-se mutuamente, e alguns jogadores, entre os quais Mazurkiewcz, Perez, Fórlan e Gonçalvez chegaram até a trocar empurrões, socos e pontapés, por causa das falhas de zagueiro e goleiro no último gol” (Jornal do Brasil – 05/03/1967)



Fonte: História Cruzmaltina