Nenê relembra passagem pelo PSG e fala sobre relação com Ibrahimovic; veja vídeo

Terça-feira, 05/04/2016 - 19:40
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Fundado em 1970, fruto de uma fusão entre Paris FC e Stade Saint-Germain, o Paris Saint-Germain entra em campo nesta quarta-feira para dar mais um passo rumo às semifinais da Liga dos Campeões. O adversário será o poderoso Manchester City, com transmissão em tempo real pelo GloboEsporte.com às 15h45 (de Brasília). O time francês só conseguiu alcançar esta fase da competição em 1994/95, quando foi eliminado pelo Milan. E após a conquista do tetracampeonato nacional no início de março, o astro Ibrahimovic esnobou o passado e afirmou que o clube só passou a existir após ser comprado pelos cataris, em 2011. Ex-camisa 10 do PSG, o meia-atacante Nenê, hoje no Vasco, rebateu a declaração do sueco.

- Eu acabei falando que não concordo com ele, respeito a opinião dele. Mas não concordo. O PSG tem uma história muito grande, desde a época de Raí, Valdo, o próprio Leonardo. Depois Ronaldinho. Então, acho que ele foi muito infeliz. Respeito a opinião dele, mas não concordo. E foi uma maneira dele dizer que o clube tem hoje outra dimensão, mas não que o clube passou a existir agora - afirmou Nenê.

Por falar em Ibrahimovic, a relação entre Nenê e o sueco sempre teve destaque na França. O brasileiro era o camisa 10 do clube quando a estrela foi contratada, e ambos tiveram alguns problemas em treinos. Nenê, no entanto, nega que tenha deixado o clube por problemas de relacionamento, e revela que Ibra chegou a ficar surpreso com sua mudança para o Al Gharafa, do Catar:

- Não tive nenhuma divergência pessoal, foi mais coisa da imprensa, eles especulavam. Sei lá, no treino a gente acabou chegando mais forte, e isso é uma coisa natural. Ele nunca chegou pra mim e falou... Eu não ouvi isso da parte dele, não sei se é verdade. Pelo nome que ele tinha, seria bom para a imagem do clube. Não creio que tenha partido dele, porque ele nunca jogou com a 10 em outros clubes. Então, acho que era mais da imprensa. Ele viu que eu estava feliz com a chegada dele, porque era para somar. E aos poucos ele percebeu isso. Tanto que quando eu saí, ele falou que estava triste porque estava indo embora, que era para ter continuado. Foi mais coisa de imprensa, a gente sabe que ele é um pouco especial, mas no fundo não teve problema nenhum.

O brasileiro chegou ao Paris Saint-Germain em 2010. Antes, já era conhecido do torcedor francês pela sua passagem no Monaco. Consciente do avanço econômico do PSG, e da era de contratações galácticas, Nenê afirma que sempre se tratou de um clube grande, com muita pressão e que brigava pelos títulos nacionais:

- Sempre foi um clube grande, a pressão sempre foi muito grande e era diferente dos demais times da França. Mas é claro que não tinha o poder financeiro que tem hoje e a estrutura para contratar jogadores. Tem mais jogadores de alto nível, e do mesmo nível para você poder jogar o ano todo em nível excelente. A gente tinha time para jogar o Campeonato Francês, mas não tinha time para disputar a Champions League. Então, não eram 22 jogadores do mesmo nível como é hoje, porque não tinha esse poder financeiro para poder contratar. É mais isso, essa é a diferença. Algumas coisas no clube, eles melhoraram bastante. Próprio estádio, o CT. Então, essa é a diferença. Mas sempre foi uma potência na França, um time grande. Realmente a estrutura hoje em dia faz com que o clube chegue no nível dos melhores da Europa.

Com 112 jogos, 48 gols e 46 assistências, Nenê se tornou referência em ídolo no PSG em duas temporadas e meia. Chegou em 2010, mas saiu em 2013 faltando seis meses para o término do seu contrato. Para o atual ídolo do Vasco, os anos com a camisa do PSG foram incríveis, os melhores da carreira:

- Creio que foram os melhores anos da minha carreira. Porque eu já estava adaptado na questão do idioma, o francês é difícil. Já tinha me adaptado ao campeonato, e depois do segundo ano de Monaco eu fiz um grande campeonato. E começaram a mudar um pouco a ideia, porque era muito físico na França. Era mais correria, estilo da Inglaterra. Os times começaram a mudar, e isso foi muito bom. Com as minhas características, era bom ter um time que tocasse a bola. O primeiro ano foi excelente, o segundo melhor ainda. Porque muitos pensavam que eu não conseguiria o mesmo nível do primeiro ano. Foi muito bom, sempre tive um carinho enorme da torcida, da cidade. Um respeito muito grande. Foi muito bom. Realizações começaram a acontecer, como jogar uma Champions League. No Monaco não tinha jogado ainda. Então, foi muito bom. Pena que acabou tendo uma decisão de sair, mas era uma coisa que eu tinha que pensar do outro lado, não esportivo. Até hoje tenho recordações maravilhosas de lá.

A saída do PSG, seis meses antes do término do contrato, porém, foi uma decisão pessoal. Nenê deixa claro que a oportunidade financeira pesou ao aceitar a proposta do Catar, mas também lembrou que seria interessante ter continuado no clube. Revela um "empurrãozinho" dos cataris donos do PSG, e a recusa do PSG por propostas de gigantes europeus, como o Milan:

- Poderia ter ficado, é uma coisa que eu penso. Todo mundo me pergunta até hoje na França, a imprensa francesa falava que eu estava fazendo falta. E isso me deixava orgulhoso, porque não tinha um canhoto na posição que eu estava fazendo. Mesmo com todos os jogadores que chegaram. Então, às vezes eu fico pensando que poderia ter continuado. Mas foi uma decisão minha. Não foi na loucura, foi bem pensado. Pensei no lado familiar, no aspecto financeiro e acabou que não sei se isso adiantou muito ou não. Mas penso que poderia ter continuado mais tempo lá. É, teve (influência dos cataris na ida para o Al Gharafa). A família lá é uma só, e cada um tem seu time. A preferência deles era essa (mudar para o Catar). Tanto que eu tinha propostas de clubes europeus, que poderiam jogar contra eles. E eles pediam o valor (da multa). Faltavam seis meses para acabar meu contrato. O próprio Milan, vários clubes importantes. E eles não deixavam sair, livre. E para o Brasil, que eu falei com o Leonardo na época, ele disse que a facilidade, também para o Catar, seria maior. O presidente também falou comigo, que gostaria que eu jogasse lá no Catar, porque era um país em que estava crescendo o futebol. Foi uma coisa que também era a preferência deles. Deu uma facilitada, porque para os times europeus eles pediam um valor, e para Brasil e Catar não pediam.

Pelo time de Paris, Nenê fez parte do elenco que conquistou o primeiro título entre os quatro conquistados em sequência. Foi na temporada 2013-14. Além disso, foi artilheiro do Francês em 2011/12, quando o time ficou com o vice-campeonato. Antes da era catari, o PSG só havia conquistado duas vezes o campeonato nacional, além de conquistas locais como Copa da França e Copa da Liga Francesa. Com muito dinheiro e investimento, a ideia dos donos é colocar o clube no topo do futebol europeu. E no futuro, quem serão os grandes ídolos do PSG? A galera da antiga, ou os galácticos? Nenê responde:

- Sinceramente, acho que eles preferiam a outra época. É o que eu sinto às vezes. Recebo ainda muitas mensagens de torcedores do Paris, e sinto que eles gostavam mais. Não sei se é por amor à camisa, a gente suava a camisa mesmo. Não que o que estão hoje não façam. É mais pela imagem, está mais pelo dinheiro? Enfim, tem um monte de opinião. Não sei se eles vão diferenciar épocas e épocas, mas creio que eles sentem falta dessa época antes da era dos cataris. É difícil de dizer, mas tomara que eles lembrem da nossa época. Eles adoram brasileiros, pelos brasileiros terem passado lá e feito sucesso. Fico com isso, tenho certeza que gostaram da nossa época.

Por fim, Nenê acredita que o Paris Saint-Germain tem totais condições de chegar à final da Liga dos Campeões. Lembra que a equipe vem crescendo na competição nos últimos anos, e deixa claro que para vencer a competição europeia é preciso mais do que contratações, mas jogadores com experiência e espírito coletivo. Sobre a soberania na França, ele deixa claro que seria bom ter investimentos em outras equipes também, para o campeonato local não ficar sem graça com um time muito mais rico e forte do que os outros.

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Fonte: GloboEsporte.com