Cabeleireiros de Vasco e Botafogo revelam o estilo dos jogadores

Domingo, 27/03/2016 - 10:37
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Neste domingo, quando Vasco e Botafogo entrarem no campo de São Januário, às 16h, levarão um pouquinho de personagens quase invisíveis, mas muito presentes no mundo da bola: os cabeleireiros dos jogadores. É com Ded Black e Thavinho que os atletas de Vasco e Botafogo, respectivamente, dão aquele tapa no visual às vésperas das partidas.

Mais que profissionais da tesoura, eles são também ouvintes, conselheiros e psicólogos, quando preciso. Tudo ao gosto do cliente. Até porque é preciso respeitar os altos e baixos de quem vive do futebol. O clima no vestiário oscila rapidamente, no vai e vem dos resultados. Saber ler o que se passa dentro da cabeça de alguém é uma virtude para quem cuida do cabelo fora dela.

— Não podemos invadir o espaço dos caras — explica André de Souza Costa, o Ded Black, de 35 anos: — Quando a fase da equipe é ruim, o ambiente de trabalho muda, os jogadores ficam mais calados, tem aquela cobrança em cima deles, o peso. Isso se reflete no tamanho da gorjeta também.

O cabeleireiro vai até São Januário ou à concentração para atender o elenco vascaíno há seis anos. Muitos atletas chegaram e saíram do clube nesse período, mas Ded Black continua lá. Seu maiores elogios vão para Guiñazu, argentino que deixou a Colina no início do ano. Atualmente, Jordi é um de seus grandes amigos. É pelo goleiro, que será titular hoje no lugar de Martín Silva, a torcida de Black:

— Se você trabalha com futebol, deixa de torcer por um clube e torce pelos jogadores. Jordi é um parceirão. Quero que faça um ótimo jogo.

Gustavo da Silva, o Thavinho, de 30 anos, também garante não ter time de coração. Já seu filho, Kauan, de dez, joga na é alvinegro, joga na escolinha do Botafogo, e serviu de modelo para as fotos do Jogo Extra. Também pudera. Desde 2007 que seu pai dá expediente em General Severiano. É ele quem faz a estrela na cabeça de Jefferson, sempre que solicitado. Mas dar preferência ao goleiro por ser o capitão está fora de cogitação. O cabeleireiro revela que furar a fila do corte é falta grave nas concentrações, passível de cartão.

— O pessoal fica louco, dá discussão e tudo. Eles ficam até sem se falar — conta ele, explicando que não dá para abraçar dois times ao mesmo tempo: — Teve uma época em que eu atendia jogadores do Botafogo e do Fluminense. Antes de um clássico, eles me chamaram para trabalhar no mesmo dia. Não tinha como. Escolhi o Botafogo, porque eram meus clientes há mais tempo, e o pessoal no Flu ficou chateado, nunca mais me chamou (risos).

Neilton e Julio dos Santos, os mais vaidosos

Tem jogador de futebol que gosta de lançar tendência no cortes de cabelo. Uns são muito vaidosos, outros nem tanto. No Vasco, por exemplo, o zagueiro Rodrigo raspa a própria cabeça. Já Nenê, frequentador dos salões de beleza de Paris quando jogou na França, ainda não entregou suas madeixas nas mãos de Ded Black. E o mais vaidoso do elenco atual vem do meio-campo vascaíno.

— Julio dos Santos é o que sempre pede para dar uma aparada aqui ou ali — diz o cabeleireiro, que costuma dar cursos fora do Rio e busca patrocínio para participar de um evento nos EUA.

O estilo do volante paraguaio é até conservador perto do de Neilton. O atacante alvinegro é quem mais dá trabalho para Thavinho: é obcecado pelo moicano que cultiva desde os tempos de Santos, provavelmente por influência de Neymar.

— Os jogadores querem chegar até onde a imaginação deles deixa. Neilton tem muito cuidado com o moicano. Aquele cabelo é a segunda mulher dele — diverte-se o cabeleireiro alvinegro, que começou a mexer nas tesouras aos 11 anos, com o irmão mais velho, já falecido.

Thavinho conta que só falta o técnico Ricardo Gomes se submeter a sua tesoura.

— Do time atual, eu corto o cabelo de todo mundo. Já cortei o de outros técnicos, como Cuca e Oswaldo (de Oliveira), mas o Ricardo está faltando — diz ele.



Fonte: Extra Online