Vascaíno que inspirou matéria após fim do jejum em 1970 lamenta não ter ingresso para domingo

Sábado, 02/05/2015 - 10:09
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O coração vascaíno pulsa fortemente nos dias que antecedem a esperada finalíssima do Campeonato Carioca 2015. O misto de otimismo e ansiedade foi refletido na busca dos cruz-maltinos por ingressos para decisão de domingo, esgotados rapidamente. Tirar da garganta uma explosão entalada na garganta desde 2003 na competição é a obsessão da torcida do Vasco, e Antônio Miranda Ribeiro vive expectativa especial: espera dirimir um jejum de 12 anos pela segunda vez. O corretor de seguros protagonizou foto marcante da edição do dia 18 de setembro de 1970 de "O Globo", cujo o título era "Um grito que demorou 12 anos".

O Vasco sagrou-se campeão campeão de 70 numa quinta-feira, dia 17 de setembro, com uma rodada de antecipação. O adversário era o mesmo, mas não se tratava de final. Precisava vencer o Botafogo para a liquidar a fatura sem se preocupar com o jogo do domingo seguinte, contra o Fluminense, e o fez: 2 a 1 - Gilson Nunes e Valfrido marcaram. Antônio garante que nem mesmo o gol do botafoguense Ferretti, marcado a quatro minutos do fim, foi capaz de tirar a calma dos vascaínos presentes ao Maracanã, absoluta maioria dos 59.110 pagantes, segundo o torcedor.

- O que tenho na memória é uma explosão de alegria da torcida do Vasco, que era maioria absoluta no Maracanã. Eu tinha 23 anos e estava acompanhado dos meus irmãos, amigos e meu pai. Pudemos extravasar após 12 anos com aquela enorme alegria dada pelo nosso glorioso Club de Regatas Vasco da Gama. Valfrido nos deu a vitória, permitindo que gritássemos o tradicional "Casaca". Apesar do gol (do Botafogo), já estávamos muito certos de uma vitória que foi mais do que merecida - disse, assertivamente.

Antônio anseia pelo 23º caneco do Cruz-Maltino no Carioca especialmente por ter acompanhado in loco não somente a final de 1970, mas também por ter presenciado a conquista do Super-Super Campeonato de 1958, obtida após empate por 1 a 1 com o Flamengo, já em janeiro de 1959.

- Em 1958, eu estava lá no Super-Super Campeonato Carioca, em que Vasco, Botafogo e Flamengo disputaram. Eram mais de 100 mil pessoas (130.901) no Maracanã. Agora a emoção é muito forte também. A torcida está ávida por títulos, estamos incontidos à espera da vitórias. Os meus irmãos, participantes do jogo de 1970, também estão eufóricos, incontidos e certos de que vamos ser campeões - prosseguiu.

Sócio remido do Vasco - livre de contribuições por ser associado há mais de 35 anos -, o português só tem uma frustração. Acredita que dificilmente poderá repetir o gesto feito em 1970, pois não conseguiu ingressos. Marido da também lusitana Natália Miranda Ribeiro e pai das igualmente vascaínas Ana Fábia e Marcela, Antônio ainda nutre a esperança de assistir ao jogo contra o Botafogo, no Maracanã.

- Fui surpreendido com o esgotamento de ingressos em tempo recorde. Nunca vi tamanho apelo da torcida em 68 anos como vascaíno, inclusive vamos tomar as dependências do Botafogo. Digo isso não no caso de invadir, mas de que eles vão acabar ficando espremidos. Não esperava que se esgotasse tão rapidamente e lamentavelmente não consegui. Espero ainda conseguir ingressos para mim e minhas filhas, que são vascaínas ferrenhas - encerrou.

Vasco e Botafogo decidem o Campeonato Carioca no próximo domingo, às 16h, no Maracanã. Diferentemente de 1970, o Cruz-Maltino não precisa de uma vitória, basta-lhe um empate. É bom frisar: em 70, o Alvinegro não foi vice-campeão. A competição era disputada em pontos corridos, e o Fluminense ficou abaixo do clube da Colina. Caso vença por um gol de diferença no domingo, o Glorioso força a disputa por pênaltis. Se conseguir saldo superior a um gol, o Bota levará o Carioca.

Mas, se depender de Antônio, cujo o sentimento pelo Vasco não para desde 22 de março de 1947, seu amor infinito não precisará de pênaltis e será campeão carioca pela 23ª vez no domingo.



Fonte: GloboEsporte.com