Vasco defende e Botafogo pede ajustes nas leis de gratuidade, que fazem faturamento dos clubes diminuir

Domingo, 03/05/2015 - 08:28
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A expressão “Maracanã lotado” está difícil de ser usada mesmo em jogos de grande apelo popular, como a final de domingo entre Botafogo e Vasco, que decidirá o Campeonato Carioca. Isto porque a capacidade total do estádio não pode ser alcançada por alguns fatores. O principal deles é a gratuidade por lei estadual, que detém uma fatia de cerca de 12% da totalidade dos 73.015 ingressos da finalíssima (56.249 vendidos ao público em geral). São 8.823 bilhetes que só poderão ser usados por menores de 12 anos, maiores de 65, portadores de deficiência e ex-atletas. Se não forem utilizados, não poderão ser vendidos. Só nos clássicos do Estadual deste ano, esta sobra foi de 50.110 entradas gratuitas. Com um tíquete médio a R$ 42, chega-se a um valor de R$ 2.104.620,00 considerado perdido. Além dos frequentes buracos nas arquibancadas.

Na final da Copa do Nordeste, por exemplo, o jogo entre Ceará e Bahia, no Castelão, teve público pagante de 63.399 e apenas 504 gratuidades.

— Todos saem prejudicados financeiramente, mas o próprio torcedor é o maior prejudicado. O que era para ser uma lei social se torna antissocial, pois muitos torcedores ficam impossibilitados de entrar no estádio mesmo tendo lugares. Nos jogos de mais apelo é maior ainda, pois os ingressos dos setores de gratuidade são os mais baratos e esgotam rapidamente — argumentou o diretor de marketing do Maracanã S.A, Marcelo Frazão.

Opiniões divergentes

Como as gratuidades são retiradas apenas no dia da partida, não se pode afirmar quantas vão sobrar ou se vão sobrar. Porém, Frazão usa os números atuais para basear sua reivindicação por uma melhor regulamentação das leis. Em nove clássicos disputados no Maracanã, a média do uso dos benefícios foi de 27%.

— Somente na primeira partida da final houve quase 50% do uso das gratuidades. Se mantiver mais ou menos isso, com um pouco mais de procura, serão uns três mil ingressos inutilizados. São leis que estabelecem benefícios sociais, mas não são regulamentadas. São usados critérios exagerados. Conceitualmente, estas leis não fazem sentido. Não existem em outros estados desta forma. Não são aplicadas a outros eventos, como cinema, exposições. Não é correto só o futebol pagar esta conta. Não é uma necessidade básica e já temos a lei da meia-entrada, que também é deturpada no país inteiro — declarou Frazão.

Atualmente, as gratuidades são válidas só nos setores Norte e Sul do Maracanã. Como não há regulamentação da lei determinando limites e controle, o Ministério Público e a Polícia Militar definiram a porcentagem de 20% da capacidade total destas áreas. Portadores de deficiência e menores de 12 anos só podem entrar acompanhados de responsável, que precisa de bilhete.

— O primeiro passo é uma conscientização do que está acontecendo. São leis de 1991, 1992. A dos menores é de 2004 (apenas a dos ex-atletas é recente) e uma união das entidades envolvidas. Nem digo para acabar a lei, mas uma adequação é necessária — afirmou Brazão.

Os clubes não são tão incisivos quanto o Maracanã. O Vasco, principalmente. O time que levou mais torcida ao primeiro jogo da final poderia reclamar que a gratuidade é um baque na arrecadação, mas a posição dos dirigentes em São Januário é exatamente o contrário. Através de sua assessoria de imprensa, o clube informou que já fez as contas e concluiu que a diferença é irrisória diante do benefício para crianças e idosos, que engrossam a torcida do Vasco no Maracanã e São Januário. A posição do clube, ainda de acordo com a assessoria, é a de cumprimento da lei nos termos que ela foi estabelecida.

A diretoria do Botafogo acha justa a lei de gratuidade, mas defende ajustes.

— O esporte de alto rendimento é muito dispendioso e envolve altos custos. Portanto, é complicado jogar de graça para uma parcela considerável do público. O que não pode é o Maracanã reservar cerca de 12% dos ingressos para a gratuidade e chegar na hora do jogo e ter apenas 10% desta carga sendo usada. Ou seja, caso a carga não seja utilizada em sua totalidade, o que sobrar deveria ser colocado a disposição de outros torcedores — disse o vice de Comunicação Márcio Padilha.

Além das gratuidades, há ainda as cativas (3.923), cortesias ( 2.498 ) e os camarotes — estes não entram no borderô. Hoje, o Maracanã colocará à venda 675 cadeiras avulsas dos camarotes do setor Leste a R$ 400, na bilheteria 3A do estádio, a partir de 10h.

Fonte: O Globo Online