Juniores: Apontado como 'joia', Bruno Cosendey vive expectativa de chegar ao profissional do Vasco

Sexta-feira, 26/12/2014 - 17:18
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Alexandre Lobo tinha um sonho. Queria ser jogador de futebol. Até tentou e teve passagens por clubes de menor expressão do Rio. Mas sucumbiu diante da falta de apoio familiar. O objetivo, no entanto, renasceu no dia 25 de janeiro de 1997. Desde então, o motorista de táxi praticamente vive em função do desejo de ver o filho brilhar pelos gramados mundo afora. E não economiza em cobranças e conselhos. Aos quatro anos, o pequeno Bruno Cosendey já dava os primeiros chutes em uma escolinha. Hoje, prestes a completar 18, é um dos principais nomes do time de juniores do Vasco que se prepara para a disputa da Copa São Paulo e encara a expectativa de ser promovido para o elenco profissional.

- No início, eu quase me separei da minha esposa. Ela achava ridículo eu parar de trabalhar para acompanhar o Bruno em todos os treinos. As contas começaram a acumular porque eu só conseguia trabalhar de manhã. Mas dentro de mim eu pensava: "ele vai conseguir, vou fazer de tudo para isso" - lembra Alexandre.

Em nome do pai, que sempre o estimulou a brincar com a bola desde pequeno, Bruno começou sua caminhada no Grajaú Tênis Clube. Com cinco anos foi convidado para jogar futsal no Vasco ("Foi quando eu piorei mais (risos). Comecei a cobrar, dar esporro mesmo", recorda Alexandre). Bruno não ficou muito tempo no clube e passou ainda pelo futebol de salão dos rivais Flamengo e Fluminense. Em 2007, já com 10 anos, voltou ao Cruz-Maltino para iniciar a trajetória no futebol de campo. Desde então, acumula vitórias, boas atuações e muitos aprendizados.

- Meu pai sempre teve esse sonho, mas não teve muita estrutura familiar para continuar. Ele passou essa vontade para mim desde pequeno, me ajudava muito. Aos poucos, passou a ser o meu sonho também. Vivo agora a expectativa de chegar ao profissional. Dá para perceber o interesse do clube. Para concretizar, só depende de mim. Vamos um passo de cada vez, degrau por degrau. Não quero atropelar nenhuma etapa - frisa.

Campeão por dois rivais no mesmo ano

No retorno a São Januário, Bruno já começou a conseguir ajudar a família financeiramente. Era a senha que Alexandre precisava para manter o sonho vivo e diminuir as reclamações naturais da esposa Lena. Diante dos percalços tradicionais das categorias de base, o jovem meia se destacava. Certo ano, conseguiu uma façanha curiosa: foi campeão de futsal pelo Flamengo derrotando o Vasco e campeão no campo pelo Cruz-Maltino sobre o Rubro-Negro.

Hoje, no entanto, seu futuro é apenas guiado pela Cruz de Malta. Bruno se classifica como um jogador obediente taticamente e dinâmico. Não gosta de correria, prefere a cadência, a bola no pé. No futebol brasileiro, se espelha em Kaká e, principalmente, Paulo Henrique Ganso.

- Criticam muito ele por ser lento e pouco dinâmico, mas é um cara diferenciado com a bola no pé. O Ganso pensa. Eu gosto disso. Sou um jogador que pensa também - resume.

Com 16 anos, Bruno já estava nos juniores do Vasco. Apoiador de origem, passou a jogar recentemente como volante para ajudar o treinador diante da falta de opções em uma competição na Itália. Se adaptou rapidamente à nova função e agora prefere atuar mais recuado. Foi até o artilheiro da equipe na última Copa do Brasil Sub-20, com quatro gols, atuando nesta função. O que não muda, no entanto, é a vaidade. Com brinco nas duas orelhas e tatuagens espalhadas pelo corpo, o jovem não nega que gosta de se arrumar bem.

- Vem desde pequeno. Todo jogador gosta disso, de furar a orelha, arrumar o cabelo. Sou muito vaidoso. Já tive todos os tipos de cabelo: moicano, raspado, liso... Só não dá para se apegar muito a isso. É preciso ter um limite.

"Pra quem tem fé, a vida nunca tem fim"

Limite esse que é imposto por Alexandre diariamente. O pai, por exemplo, só libera tatuagens que tenham algum significado - normalmente religioso ou ligado à família. As broncas nesses 12 anos de carreira também foram muitas.

- Antigamente era pior. Mas meu pai mais ajuda do que atrapalha. É mais fácil para quem tem uma estrutura familiar como a minha do que para aqueles meninos que não têm os pais por perto. Meu pai sempre tem algo a corrigir. Mesmo quando jogo bem. Fala onde errei, tenta consertar... Eu brinco que ele é o cara mais chato do mundo (risos) - explica.

Já com contrato de patrocínio da Nike, Bruno não é apenas bem orientado dentro de casa. Sua carreira é agenciada pela Gestifute, que pertence ao português Jorge Mendes, considerado o maior empresário do futebol na atualidade. No Brasil, o representante da empresa é o ex-jogador Deco. O volante tem também a cidadania portuguesa por causa de seu avó paterno, o que pode lhe abrir portas no futebol europeu futuramente.

- Meu sonho é inicialmente chegar ao profissional do Vasco, fazer história aqui. Mas infelizmente ou felizmente, não sei, o mundo do futebol no geral é na Europa. Claro que tenho esse desejo também. Tenho a cidadania portuguesa porque meu avó é português.

Depois de anos de dedicação, falta pouco para Alexandre se sentir realizado. Falta pouco para Bruno chegar ao profissional do Vasco. Até porque, como diz o verso da música "Anjos", do Rappa, tatuada no braço direito do jogador, "para quem tem fé, a vida nunca tem fim".

Como está a Joia 2014

O goleiro Jordi fez sua estreia entre os profissionais na temporada 2014. Diante da irregularidade de Diogo Silva, o jovem de 21 anos se tornou o reserva imediato de Martin Silva em setembro, logo após a chegada do então técnico Joel Santana. Ao todo, disputou quatro partidas na Série B do Campeonato Brasileiro, com três vitórias, uma derrota e apenas um gol sofrido.

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Fonte: GloboEsporte.com