Jogadores que vão para seleções de base acabam deixando seus clubes e interrompendo formação, como Mosquito e Índio no Vasco

Domingo, 20/07/2014 - 18:11
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Mais do que uma etapa na formação profissional, jogar em uma seleção de base hoje no Brasil se tornou um trunfo no currículo de jovens jogadores. Mesmo sem muita história no futebol, eles aproveitam o fato de estar em evidência para cobrar alto dos clubes. E o conflito, em alguns casos, é inevitável. Ao todo, quatro jogadores que disputaram o Mundial Sub-17 pelo Brasil já deixaram os clubes pelos quais chegaram à Seleção: Mosquito, Matheus Índio, Abner e Caio Rangel. Nathan pode ser o próximo.

O enredo é quase sempre o mesmo: o jogador se destaca, e o empresário (com o respaldo da família) pede um salário alto na hora de negociar o contrato profissional. Se não o primeiro, aos 16 anos, o segundo, aos 19. Aos clubes, que muitas vezes atrasam salários e estão longe de ser santos (mas mesmo quando cumprem tudo o que a lei determina são ameaçados), resta apostar ou não. Se tiver condições.

Mosquito, artilheiro do Sul-Americano Sub-15 de 2011 com dez gols, trocou o Vasco pelo Atlético-PR no ano seguinte. Matheus Índio vive um lítigio com o Cruz-Maltino, alegando atraso salarial, que realmente houve, e praticamente não jogou em 2014. Abner teve parte dos direitos vendidos a um grupo de empresários e rescindiu o vínculo que tinha com o Coritiba. Caio Rangel, após longa negociação com o Flamengo para renovar o contrato, foi vendido pelo clube, que temeu perdê-lo de graça em 2015. Ainda há o caso de Nathan, que não renovou contrato com o Atlético-PR e também deve sair.

Os números assustam até mesmo quem convive com o futebol profissional diariamente. R$ 40 mil de salário, R$ 500 mil de luvas é algo próximo do que é pedido (em alguns casos mais, em outros menos). Além, claro, da promoção aos profissionais (mesmo que não seja obrigatória, o salário pago pressiona o próprio clube a colocar o investimento na vitrine), e de um percentual maior dos direitos federativos à família do jogador, que vende aos empresários novamente e ganha um pouco mais de conforto financeiro.

Aos clubes brasileiros, restam duas saídas: acatar e apostar, como o Corinthians fez com Lulinha em 2006 após o jogador ser assediado pelo Barcelona (e não recebeu o retorno técnico e financeiro esperado), ou o Santos fez com Neymar (um raro caso bem sucedido). Ou assumir o risco de perder, em tese, seus jogadores com maior potencial.

Aos jogadores, apenas dois rumos: precipitar a subida para os profissionais e correr o risco de se queimar ou ir para a Europa, terminar o processo em algum time da Segunda Divisão da Espanha ou emprestados para a Serie C italiana. Exemplos não faltam.



Fonte: Blog Na Base da Bola - GloboEsporte.com