Ruas de bairro de Manaus homenageiam clubes do futebol brasileiro, incluindo o Vasco

Domingo, 20/07/2014 - 17:37
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Com pinta de cidade de interior, calmo e comunitário, o Bairro Cidade de Deus, em Manaus, é quase um “Brasileirão”. Ao passear pelas ruas, caso a curiosidade não surja, é fácil passar “batido” pela peculiaridade dos nomes. As placas não fazem questão de denunciar, mas lá, perdidos pela Zona Norte, estão Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Portuguesa, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR, Internacional, Figueirense e Criciúma.

O bairro tem mais de 10 ruas com nomes de grandes times brasileiros. Logo no início, quem “recebe” o visitante é a Rua Corinthians. Silenciosa, com restos de decoração da Copa do Mundo e poucas pessoas pela rua, o local nem de perto lembra a massa alvinegra. A Rua Santos, em seguida, também é pacata e quase deserta.

Numa escala de identidade com o torcedor, a Rua Flamengo é disparada a mais animada, tendo até mesmo alguns itens relacionados ao rubro-negro. Quanto à movimentação, a Rua Palmeiras é a mais agitada, com muito comércio – e, por coincidência ou não, o verde é cor predominante. Já a Rua São Paulo é a mais afastada e vazia, enquanto a rua que leva o nome do Atlético Mineiro é a mais “arrumada”. As ruas Cruzeiro e Internacional são as vias principais e cruzam quase todas as outras menores.

A Portuguesa, pelo mapa, não existe, mas é charmosa ao vivo. A Criciúma é larga, com algumas lojas e poucas casas residenciais. A Figueirense acaba antes que você perceba e a Vasco da Gama sofre com pouca infraestrutura e grande acumulo de lixo. A Rua Nacional, único time amazonense, ao contrário da Portuguesa, só aparece no mapa. No fim, quase nenhuma rua faz alusão clara aos seus respectivos nomes.

Na verdade, a peculiaridade de morar em uma rua com o nome do time do coração não parece animar os moradores da Cidade de Deus. À exceção, como sempre, os flamenguistas. Logo na chegada à rua, o bar vermelho, com o escudo rubro-negro e três amigos sentados compartilhando uma cerveja já determinava o território. “É que hoje o nosso Mengão joga”, justificou um dos moradores da Rua Flamengo.

Bar flamenguista da Rua Flamengo é o único ponto de encontro de torcedores do Bairro (Foto: Isabella Pina)

- Aqui é a rua mais animada. Em nenhuma outra você encontra bar, ou qualquer coisa. É só aqui. O maior sonho da minha vida é poder morar aqui, no Flamengo e sair lá da Rua Corinthians. É o lugar mais animado e saudável, tem o nosso bar e só tem flamenguista. Quem não queria morar, né? – comentou Raimundo Nonato, de 56 anos, que planeja “ virar a casaca” de rua.

Botafogo e Fluminense completam a sequência de ruas do primeiro pedaço da redondeza. Depois do bar flamenguista, não é fácil encontrar outros indícios do “bairro futebolista”. Um fã de Alexandre Pato ou do Botafogo aparece vez ou outra pelo caminho para não deixar o espírito morrer. A nova geração do bairro é a culpada pela falta de movimento nas ruas, alerta o aposentado Janir Pedrosa, de 61 anos.

- Antes isso aqui era mais animado. A gente brincava, tinha as rixas – saudavelmente, sempre – e desfrutava do nome dessas ruas. Essa nova meninada aí nem dá bola. Só quando acontece um jogo aqui ou ali... Perdeu um pouco a graça – lamentou o morador da Rua Cruzeiro.

Com a pausa para a Copa do Mundo, o bairro virou uma torcida única. Mas o Mundial acabou e quem “assume” as rédeas agora é o Brasileirão, que reiniciou esta semana. O legado para a Cidade de Deus, para o eletricista Guimarães, é a paixão pelo esporte.

- Espero muito que depois da Copa o clima de futebol volte a morar por aqui. Brasileirão está voltando, vamos torcer.



Fonte: GloboEsporte.com