Adilson Batista recorre a psicólogo, programação neurolinguística e media training para evoluir na carreira

Domingo, 06/04/2014 - 14:45
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Vaias fortes já na estreia de uma passagem breve de 22 partidas pelo São Paulo. Dificuldades de relacionamento com comandados no Corinthians em só 17 jogos. Com o Santos, demissão súbita com só um revés em 11 partidas. A passagem pelo futebol paulista arruinou a ascensão da promissora carreira do ex-cruzeirense Adílson Batista, mas o Rio de Janeiro marca o renascer.

Em um daqueles trabalhos em que se nota a mão do treinador, Adílson lidera um antes desacreditado Vasco até a decisão do Campeonato Carioca. São dois duelos contra o Flamengo, no Maracanã, o primeiro já às 16h (de Brasília) deste domingo. Oportunidade para os vascaínos tentarem o título que não vem desde 2003. E também para o treinador comprovar a reciclagem a que se submeteu nos últimos anos.

Media training, PNL, Coaching, psicólogo e viagens pela América do Sul

Nos breves trabalhos no futebol paulista, Adílson teve a sensação de que falhou nas relações humanas e foi atrás de ajuda. Cursou media training e recebeu lições de convivência com a imprensa. Estudou PNL (Programação Neurolinguística) para entender melhor os seres humanos, e fez curso de "Coaching" para elevar a capacidade profissional. Buscou o psicólogo Gilberto Gaetner e também discutiu métodos com Ricardo Drubscky, reconhecido pela bagagem teórica.

"Estou muito mais amadurecido, descansei, fiz trabalhos e sei lidar melhor com o ser humano e falar melhor com a imprensa. Vocês vão sentir um profissional mais maduro e tranquilo", disse ele, antes de assumir o Figueirense no ano passado. Depois de um início promissor, porém, perdeu o Campeonato Catarinense e saiu durante a Série B. Assim, a volta por cima só viria no Vasco.

Adilson passa imune pelo rebaixamento e convence no Campeonato Carioca

Mas espere mais um pouco, porque Adílson Batista terminou 2013 rebaixado em São Januário. Sua responsabilidade foi mínima, é verdade. Topou um contrato de sete jogos que Joel Santana e Celso Roth não quiseram, mas com só três vitórias não evitou a queda. Então deu início às mudanças que confirmariam a volta por cima com a conquista do vestiário, bom futebol em campo e a segunda melhor campanha no Rio.

Quem não parecia suficientemente comprometido, ou foi liberado, como André e Willie, ou então saiu do time, como Rafael Vaz, Jomar e Bernardo. Das viagens pela América do Sul para mapear o mercado, Adílson também deu aval para Aranda e Martín Silva, vice-campeões da Libertadores com o Olimpia-PAR. Ainda indicou os laterais titulares: o rodado André Rocha na direita e o desacreditado Diego Renan na esquerda. Deu a camisa 10 ao veterano Douglas.

Vaiado no dia do aniversário de 46 anos em empate contra o Fluminense, Adílson conseguiu moldar o time coletivamente até o reencontro com o adversário nas semifinais do Carioca. Apesar da vitória no placar agregado ter sido de 2 a 1, o Vasco foi mais sólido, correu poucos riscos no segundo jogo e ainda derrubou Renato Gaúcho nas Laranjeiras.

Ao fim do jogo com o Fluminense, impressionou a imagem de Adílson com a camisa encharcada de suor. É possível dizer que foi justamente por esse espírito participativo que o vascaíno conquistou os comandados. Uma guinada curiosa para quem se indispôs com Alessandro, William, Chicão e Roberto Carlos no Corinthians, por exemplo.

Só elogios dos jogadores no Vasco ao comandante

"O que o Adílson está pedindo, fazemos e dá certo. Sem vaidades as coisas fluem", falou o zagueiro Rodrigo.

"Em campo fazemos o que ele pede. É um grande técnico, excelente profissional", emendou o goleador Edmílson.

"Vejo um treinador muito preparado", disse o ponteiro Reginaldo, uma surpresa. Ainda mais marcante é o depoimento de Douglas, na última quinta-feira.

"Esta semana ele está insuportável", disse aos risos sobre o treinador. "Uma pilha! Está discutindo com todo mundo, quer tudo certinho, bonitinho... a gente esperava que o treino mudasse para a tarde para que ele descansasse, mas ele acabou vindo direto. Isso motiva também. O time acaba entrando neste espirito de competição. Ele não gosta de perder. Estamos juntos, vamos abraçá-lo e vamos embora", afirmou.

A situação narrada por Douglas ocorreu no meio de semana em que o Vasco levou reservas para estrear pela Copa do Brasil em Manaus na última quinta. Adilson viajou para o Amazonas no dia do jogo e, já na sexta pela manhã, estava em São Januário para comandar treinamento do time que pega o Flamengo nesta tarde.

Com apenas um analista de desempenho (Gustavo Nicoline) que levou para a comissão técnica, o treinador conquistou espaço em São Januário pelo esforço. Até como zagueiro nos treinamentos recreativos, quando necessário, mas com mais traquejo nas palavras. Sem parecer o técnico que caçou os telefones celulares dos jogadores quando assumiu o Grêmio em 2004. "Vim sem medo, confiante. Sabendo das dificuldades, mas preparado", disse recentemente sobre o Vasco. Assim tem se confirmado dentro de campo.

Fonte: Terra