Em entrevista, Edmílson e Alecsandro comentam final e disputa pela artilharia

Domingo, 06/04/2014 - 12:50
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Na briga pela artilharia do Carioca, Edmílson e Alecsandro dão início neste domingo a outra disputa maior: a pelo título Estadual. Dos seus pés podem sair os gols decisivos da primeira partida das finais da competição entre Vasco e Flamengo, às 16h, no Maracanã. O atacante vascaíno está à frente do rival, com um gol a mais (11 a 10). Porém, a vantagem na final é do Flamengo, campeão da Taça Guanabara, que precisa apenas de dois empates nas duas partidas para conquistar seu 33º troféu do torneio.

O rubro-negro vai poupar alguns jogadores por causa da partida de quarta-feira pela Libertadores. Ao Vasco, só resta vencer com a força da equipe titular que estará em campo na luta pelo fim do jejum, pois não conquista o Carioca desde 2003.

Confira bate-papo com os dois artilheiros:

O GLOBO: Vocês dois já passaram dos 30 anos. Estar disputando a artilharia do Campeonato Carioca chega a ser uma surpresa?

Edmílson: Passei seis anos no Japão e, depois de tanto tempo fora do Brasil, é normal o jogador precisar de um período para se readaptar ao futebol brasileiro. Mas sabia que se tivesse o apoio da comissão técnica e um pouco de paciência da torcida eu ia fazer gols e brigar pela artilharia. O lado bom da experiência, de já ter passado por várias situações em sua carreira, é esse. Você sabe do que é capaz e não perde a tranquilidade diante das primeiras dificuldades. Fiquei triste com o rebaixamento do Vasco para a Série B, mas nunca cogitei deixar o clube porque sabia que ia conquistar seus torcedores.

Alecsandro: Disputar a artilharia de uma competição nunca pode ser surpresa para um atacante. A missão mais importante para um jogador na minha função é fazer gols. Quanto à idade, me sinto muito bem. Hoje em dia um jogador ter mais de 30 anos não significa que ele está perto de se aposentar. Eu me cuido muito, sempre levei o profissionalismo à sério. Tenho muita bola ainda para chutar...

Como é disputar a artilharia de uma competição que conta com o centroavante titular da seleção brasileira, no caso Fred?

Edmílson: O Fred é um grande jogador, admiro seu futebol e vou torcer pelo sucesso dele na Copa do Mundo. Mas no Estadual somos rivais e fico orgulhoso de saber que marquei mais gols do que ele na competição.

Alecsandro: O fato de o Fred disputar o Estadual valoriza mais a disputa pela artilharia. Ele é um dos melhores atacantes do futebol brasileiro. Mas há outros jogadores de qualidade por aqui, como Edmílson, o meu companheiro de Flamengo, Hernane, o Walter e Rafael Sobis, do Fluminense...

Dá para um atacante se firmar no time sem fazer gols?

Edmílson: Acho que um atacante pode se firmar sim, sem fazer gols. Há outras funções importantes para um jogador de ataque. Marcar a saída de bola adversária, ajudar a abrir a defesa, saber jogar pelas laterais do campo.

Alecsandro: Essa situação é bastante complicada. Para isso ser possível é necessário contar com o apoio e a valorização do técnico, dos companheiros, da torcida, da própria imprensa. As funções táticas que o atacante executa — além de fazer gols — precisam contar com o reconhecimento de todos.

A edição do Carioca em 2014 é uma das piores, se não a pior de todos os tempos. Se vocês pudessem mudar alguma coisa no campeonato, o que fariam para tornar os jogos mais atraentes e arrastar mais torcedores aos estádios?

Edmílson: Não me sinto à vontade para falar sobre a fórmula do Estadual porque é a primeira vez que disputo a competição. Acho, no entanto, que o preço alto dos ingressos é a maior causa de afastamento do público dos estádios.

Alecsandro: Não achei ruim esta fórmula de disputa do Campeonato Estadual. A competição foi curta e considero justo Flamengo e Vasco disputarem a decisão porque foram os dois melhores times. O que não quer dizer que não podemos melhorar algumas coisas, como o nível técnico de algumas equipes, o estado dos gramados e a qualidade dos estádios.

De que forma as estatísticas do clássico mexem com os jogadores? Muda alguma coisa saber que o Flamengo venceu as últimas cinco finais que jogou contra o Vasco?

Edmílson: As estatísticas não me influenciam em nada. Porque cada jogo, cada decisão, tem sua própria história. O Vasco está muito concentrado na disputa do título, o que ficou para trás não importa. Pode ser que o torcedor leve isso em consideração por causa da rivalidade, mas para nós, jogadores, não tem valor algum.

Alecsandro: A estatística hoje pode estar favorável ao Flamengo, como em outras vezes esteve favorável ao Vasco. Como jogador rubro-negro, não vejo vantagem nenhuma nesses números. Eles não terão importância na decisão. A rivalidade entre os dois clubes é histórica e nós vamos escrever um novo capítulo dela. E se conquistarmos o título de campeão Estadual não será pelo que os times anteriores fizeram, mas sim pelo que nós fizemos, pela maneira como lutamos e jogamos.



Fonte: O Globo online