Por falta de registros em súmulas antigas, gol de Reginaldo não pode ser considerado o mais rápido da história do Vasco

Quarta-feira, 26/03/2014 - 11:05
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Foram exatos 7,87 segundos de jogo. Animado com o gol-relâmpago feito no último domingo, contra o Duque de Caxias, em São Januário, Reginaldo agora busca e pede ajuda. Já fez pesquisas na internet após o jogo e quer que historiadores atestem que seu feito foi um recorde comprovadamente histórico no Campeonato Carioca e no Vasco.

No Google, procurou saber se o gol tinha sido o mais rápido de todos os tempos na competição estadual e no próprio Gigante da Colina. A procura, porém, se tornou frustração, já que nem o site de buscas e nem mesmo pesquisadores especializados têm estes dados oficiais.

"Eu procurei saber um pouquinho, pesquisei e me informei se tinha. É sempre bom. É um feito histórico, ficará sempre guardado. Mais para frente sempre irão lembrar e acho importante ser lembrado. Espero que fique na história como o gol mais rápido do Carioca e do Vasco", declarou.

Na tentativa de facilitar a vida de Reginaldo, a reportagem do UOL Esporte entrou em contato com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, com o Vasco e com historiadores para atestar a marca e comprovou que, infelizmente para o jogador, o marco ficará sempre no campo da suposição, principalmente porque, segundo alegam, nos primórdios do futebol carioca os registros dos jogos e das fichas técnicas eram feitos de forma precária e com equívocos. Não custa lembrar que o Estadual teve início em 1906 e o futebol do Vasco começou em 1916.

A Ferj, por exemplo, argumentou, através de sua assessoria de imprensa, que não tem como comprovar o feito já que não há acesso a todas as fichas mais antigas, embora esteja sendo executado um processo de restauração de dados históricos na entidade. Internamente, no entanto, há um consenso de que Reginaldo fez o gol mais rápido da história do Campeonato Carioca, mas tudo no campo da informalidade.

Em 2012, por exemplo, o mesmo Duque de Caxias deixou de ser vítima para se tornar protagonista. Na época, o apoiador Raphael Augusto marcou um gol aos 15 segundos, o que tornou o tento o recorde daquela edição.

O Vasco também não possui registros, apesar do "achismo" de que o gol de Reginaldo foi um marco no clube.

"Infelizmente não temos esse dado, mas o que posso assegurar é que não me recordo de um gol tão rápido quanto este no Vasco", declarou o vice-presidente de relações especializadas do clube, João Ernesto Ferreira.

Historiador e coordenador-geral do Centro de Memória do Vasco, Ricardo Pinto também relatou a dificuldade em levantar tais registros:

"As súmulas antigas eram muito falhas. Estamos fazendo um trabalho de recuperação destas súmulas, mas elas eram muito reduzidas, continham muitos erros. Antigamente não se tinha essa preocupação em registrar estes acontecimentos. Teria que ser feito um trabalho de pesquisa muito amplo."

O gol mais rápido da história do futebol brasileiro foi marcado pelo atacante Fred, atualmente no Fluminense, aos três segundos, em 2003. Na ocasião ele defendia o América-MG pela Copa São Paulo de Futebol Júnior.

O gol mais rápido do mundo foi feito pelo saudita Nawaf Al Abed, do Al-Hilal, que marcou aos dois segundos de partida, em 2009.

Vascaínos admitem possibilidade de distração

Fato incomum no futebol, o gol antes do primeiro minuto de partida gera a dúvida se a equipe que sofreu o tento estava distraída no momento do lance. Embora façam questão de ressaltar os méritos da jogada, os vascaínos admitem que isso pode ter acontecido com o Duque de Caxias.

"No meu caso nunca aconteceu porque procuro entrar sempre ligado nos jogos que participo, mas pode ser que aconteça. Se aconteceu de fazer um gol em sete segundos, ou é porque estávamos muito ligados ou então os caras estavam muito distraídos, mas o gol foi importante para nós. Espero poder fazer muito mais", comentou Reginaldo.

Técnico do Vasco, Adilson Batista tem propriedade para falar do assunto, afinal de contas, foi zagueiro. Em sua opinião, essas distrações podem acontecer não só no início das partidas como também logo após a marcação de algum gol.

"Existe a falta de atenção da defesa adversária. Muitas vezes o time faz o gol, ainda está voltando e o adversário o pega desprevenido, a marcação fica sem atenção e o rival acaba surpreendendo", analisou.

O treinador, porém, ressaltou o trabalho que vem sendo feito no dia a dia em São Januário.

"Se vocês (jornalistas) observarem, sempre deixei dois caras abertos e dois por dentro para a saída. Existiu também a criatividade dos jogadores. Sempre peço para sair para a frente", destacou.

Fonte: UOL