Em 1978, Grêmio x Vasco teve galinhas em campo, briga de torcidas e agressão a vascaína idosa

Segunda-feira, 30/09/2013 - 07:33
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FEMININA CAMISA 12 1978: GRÊMIO X VASCO DONA ADÉLIA A MAIOR VÍTIMA

Com 12 pontos no supercílio, fratura no nariz e olho direito machucado, Adélia Coimbra, de 67 anos, a maior vítima da violência dos torcedores do Grêmio contra a Torcida do Vasco durante o jogo de domingo no Estádio Olímpico, voltou ontem de ônibus para o Rio.

Dona Adélia, Tia do atacante Zico e integrante da Torcida Feminina Camisa 12 do Vasco, não teve condições de embarcar para Campinas, onde o time jogará amanhã contra o Guarani.

Ela contou a agressão que sofreu.

“Os policiais encarregados da segurança ficaram olhando a gente apanhar da Torcida do Grêmio e não deram nenhuma proteção. Depois, essa Torcida ficou jogando coisas em cima da gente e acabei recebendo uma garrafada no rosto. Foi a garrafada que me deixou mal.”

Logo depois do incidente, Dona Adélia foi levada para o Pronto Socorro de Porto Alegre, auxiliada pela Chefe da Torcida Feminina, Iara Barros.

Depois de medicada, recebeu a visita do Presidente Agathyrno Gomes, que decidiu leva-la para o Hotel Everest, onde ela ficou até ontem a tarde no quarto 710.

Nesse quarto, Dona Adélia também recebeu as visitas de Roberto, Mazaropi e Guina.

Iara Barros disse que Dona Adélia chegara muito contente a Porto Alegre, porque tinha completado 67 anos durante a viagem, dia 28, comemorando o aniversário no ônibus.

A Chefe da Torcida também viajou para o Rio e pediu que o pai de Zico, irmão da torcedora, fosse espera-las hoje, as 19 horas, na rodoviária.

“Ela esta mal e precisa repousar para se recuperar da garrafada”.

Fonte: Jornal O Globo 01 de Agosto de 1978

FORÇA JOVEM 1978: GRÊMIO X VASCO A GUERRA DOS BAMBUS

NAS ARQUIBANCADAS A AGRESSÃO AOS CARIOCAS

A violência que era esperada dentro de campo e a caçada a Guina, prometida pelos jogadores do Grêmio e incentivada pelo fanatismo de grande parte da imprensa gaúcha, não ocorreram...

Fora do campo, nas arquibancadas e gerais do acanhado Estádio Olímpico, sem condições para um jogo decisivo entre times de grandes torcidas, houve de tudo: além da violência, também o insólito, o misticismo, essa arma usada pelo massagista Santana, conhecido pai de santo.

No momento em que o time do Vasco entrou em campo e saudou a Torcida, Santana tirou de um saco duas galinhas e soltou-as, atraindo a atenção.

As vaias ao Vasco foram substituídas por risos da caçada que os gandulas, medrosos, faziam as galinhas.

Depois que conseguiram, elas foram amarradas pelos pés e impiedosamente jogadas para a Torcida.

A reação foi a prevista, exaltados torcedores torceram os pescoços das pobres galinhas e as atiraram de volta ao gramado. Coincidência ou não, nesse momento, diante da atônica defesa do Grêmio, Roberto marcava o gol.

A comemoração da Torcida do Vasco, provocou a ira dos gremistas, que passaram a agredir os cariocas no intervalo.

Estes tentaram resistir, usando os paus de suas bandeiras rasgadas e atiradas para o ar.

Um torcedor Vascaíno, sangrando, teve de ser retirado por duas pessoas, já que a Polícia, apesar das promessas da Diretoria do Grêmio, nada fez para impedir a violência.

Só no final, depois que nada mais podia fazer, quando o Grêmio já estava irremediavelmente eliminado, foi que alguns policiais se lembraram de dar proteção a pequena mas alegre torcida que não se cansava de gritar Vasco, Vasco, Vasco, tendo nas mãos pedaços de suas bandeiras e uma faixa aberta, saída não se sabe de onde. “Até Campinas”. 31 de Julho

NAS ARQUIBANCADAS, O REFLEXOS DA AGRESSIVIDADE NO CAMPO

Plano geral da Torcida. Briga

CLOSE: O rosto de uma mulher de 60 anos, vestida com a camisa do Vasco, sendo carregada por outros torcedores. O sangue escorre de profundo corte na testa.

CORTE: Zoom aproximando a Torcida. Nas arquibancadas, comprimidos pela enorme massa gremista, o reduzido número de torcedores do Vasco está sendo agredido. Garrafadas, pedradas, mastros de bandeiras transformados em porretes.

CORTE: Um torcedor, com um bambu que minutos atrás era mastro de bandeira, atinge a cabeça de um torcedor com a camisa do Vasco.

CORTE: Close na velhinha carregada. Ela e hora, um repórter aproxima-se. Como foi? Uma cacetada na cabeça.

DIA 31 DE JULHO DE 1978: No Estádio Olímpico, em Porto Alegre, uma sequencia de cenas de violência para Bareta e Kojak, nenhum botar defeito. A cores, via Embratel, a televisão mostrava para todo Brasil o jogo em que o Vasco e Grêmio disputavam o direito de passar as semifinais do Campeonato Brasileiro. E, embora o jogo tenha sido disputado com rispidez, em termos de violência o que ocorreu dentro de campo perdeu de goleada para o que se viu nas arquibancadas.

A violência no futebol brasileiro não se limita mais as tradicionais brigas entre jogadores, dirigentes e juízes. O torcedor também entrou na guerra. E talvez seja o mais empolgado com ela.

“Ninguém fugiu. Apanhamos, mas também batemos um bocado. E lógico que levamos desvantagem, pois eles estavam em maioria. O troco, porém, pode demorar, mas não deixará de ser dado. O Grêmio virá jogar no Maracanã e ai será a hora de acertarmos as contas.” Bradava, na volta ao Rio, Ely Mendes, Chefe da Força Jovem.

Nervoso, Ely garantia que a Torcida do Vasco já sofrera problema semelhante e soubera esperar, para dar o revide na hora certa.

“Quando fomos a Londrina, no Campeonato Brasileiro passado, também fomos recebidos com pedradas e pauladas. Tudo bem. Esperamos e no dia em que eles vieram jogar aqui, decidindo a vaga, jogo que o Londrina venceu por 2 a 0, fomos a forra com juros. Não quisemos brigar dentro de São Januário, para que o Estádio não corresse risco de intervenção. Esperamos que eles saíssem e foi uma festa. Ainda mais porque estávamos com a cabeça quente pela derrota.Tem torcedor do Londrina correndo até hoje.

Os do Grêmio receberão, no mínimo, o dobro do que nos fizeram em Porto Alegre.”

Fonte: Jornal O Globo 31 de Julho e 10 de Dezembro de 1978









Fonte: Blog Torcidas do Vasco