Comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba considerou legal o gol do Botafogo na final da Taça GB

Segunda-feira, 11/03/2013 - 16:27

Vários visitantes estiveram por aqui perguntando a respeito da minha interpretação para o gol que deu o título ao Botafogo neste domingo na final contra o Vasco. Primeiro vejamos o gol e depois façamos algumas observações a respeito da jogada.

Existe na regra três situações em que um jogador deve ser punido por estar em posição de impedimento. Cabe ressaltar que não há dúvidas da “posição” irregular do atleta em questão, ou seja, não há entre ele e a linha de fundo no mínimo dois adversários, ele está a frente da linha da bola e no seu campo de ataque; mas ele estará impedido?

Neste caso, três situações o colocariam “impedido”:

1. Interferindo no jogo: Jogar ou tocar efetivamente a bola (não é o caso!)

2. Ganhar vantagem da posição: Ou seja, jogar uma bola que rebotou dos postes ou de um adversário (não é o caso!)

3. Interferindo num adversário: Significa impedir que um adversário jogue ou possa jogar a bola, obstruindo claramente o campo visual ou os movimentos do adversário ou fazendo movimentos ou gestos que, na opinião do árbitro, engane ou distraia o adversário (Aqui está o ponto de nossa discussão!).

Acho que todos concordam que, se houve interferência em um adversário este seria o goleiro do Vasco, correto?

Pois a ação do goleiro é, sem dúvidas, o grande referencial para a tomada de decisão nesta jogada!

É bom perceber nesta jogada que o árbitro assistente tem apenas 50% das informações necessárias para marcar um impedimento. Explico: Ele está vendo a jogada lateralmente e consegue perceber (deveria) que o atleta está em posição de impedimento mas, não tem como visualizar se este está ou não na frente do campo visual do goleiro. Este detalhe só pode ser percebido com 100% de convicção, por alguém colocado atrás do atleta que chuta para o gol ou atrás do goleiro. Até mesmo as cameras ao lado das traves nos deixam com dúvidas (ou dupla interpretação).

Então, por que não “solicitar” a ajuda da parte mais interessada no lance? Ou seja, a reação do goleiro é que nos mostrará se houve ou não interferência em seu campo de visão.

Vejam o vídeo agora, com esta nova visão do lance. Observem desde o início da jogada o goleiro do Vasco. É instintivo de um atleta quando há um lançamento e há uma desconfiança, por menor que seja, da posição do adversário erguer a mão pedindo impedimento. Vejam que no toque de calcanhar de Seedorf, Alessandro ergue o braço instintivamente pedindo impedimento (mesmo que não haja a menor dúvida da posição). Posteriormente o passe de Bolivar para trás, observe a ação do goleiro que em momento algum tem que esforçar-se para ver a bola ou ter alguma ação contrária a que faria sem a presença do adversário. Pelo contrário, ele chega a “cravar” ambos os pés no chão como os goleiros fazem preparando-se para a defesa.

Em seguida ao gol, dá uma pequena batida no chão frustrado com o fato de não ter alcançado a bola e ajoelha-se voltado para o centro do campo falando com os marcadores que não interceptaram a chegada de Lucas. As ações deste goleiro nos mostram claramente que seu campo de visão não foi obstruído.

Na minha opinião, gol legal! E, pelas reações de Alessandro, na dele também!

Fonte: Blog do Gaciba - GloboEsporte.com