Confira história da Abuda, dos barcos amazonenses ao time titular do Vasco

Sexta-feira, 08/03/2013 - 10:13

Jucimar Lima Pacheco, o popular Abuda, literalmente percorreu muitos quilômetros até chegar aonde chegou. Natural de Monte Dourado, distrito de Almerim, no interior do Pará, ele “se jogou” Brasil afora para alcançar o sonho de se tornar um jogador.

Seu local de origem, que possui 12 mil habitantes e vive da pesca e do eucalipto, fica a 453 km de Belém. Quando tinha que ir até a capital, pegava um barco e, pelas águas do Rio Jari, viajava por três dias. O descanso durante a pequena maratona acontecia nas redes, algo comum no transporte fluvial da região.

Quando tinha de 13 para 14 anos, Abuda viu um amigo de seu pai, o senhor Reinaldo Morais, apostar no futebol. Com o aval da família, foi levado para morar na capital paraense, na casa do novo tutor. Lá, Abuda estudou e deu os primeiros passos no Paysandu. Na base do Papão da Curuzu, atuou com Ganso, ex-Santos e hoje no São Paulo.

Porém, enquanto o apoiador rapidamente despontou, o volante seguiu sua luta por um lugar ao sol. Passou pelo Tuna Luso (PA), Ferroviária (SP), Petrolina (PE), Cruzeiro (RS), até ser descoberto pelo Vasco, no ano passado.

O início na Colina, porém, foi difícil. Ele chegou em junho, mas somente em novembro atuou pela primeira vez. Sem espaço, temeu pelo futuro, mas foi só chegar 2013 para as coisas mudarem. Na atual temporada, foi titular em todas as partidas e, humilde, admite estar vivendo seu sonho de criança antes da final da Taça Guanabara:

– É um sonho. Trabalhei muito e sempre acreditei em mim.



Com a palavra

Reinaldo Morais

Abrigou Abuda na casa dele por cerca de três anos em Belém

Tinha aquele prazer de vencer na vida

"Eu jogava bola com o pai dele, que sempre dizia que o filho jogava bem, mas em Monte Dourado não tinha oportunidade. Então falei que levaria comigo. O coloquei para fazer teste no Paysandu e ele até agradou ao técnico, mas era muito magrinho. Então ficou jogando numa espécie de sub-time, até que apareceu um torneio sub-20 e aí as coisas começaram a acontecer. Hoje vê-lo no Vasco me dá orgulho demais. Chego a ficar com os pêlos do braço arrepiado só de falar. Sabia que ele tinha futuro. Sempre foi um menino muito dedicado. Ele tinha aquele prazer de vencer na vida, isso que era o melhor de tudo. Eu falava: “Ainda vou ver você jogando num clube grande pela TV”. Agora o sentimento é o de dever cumprido."

Bate-Bola

Abuda
Em entrevista exclusiva ao LANCE!

LANCE!: Como enxerga este momento que atravessa, sendo titular em todos os jogos?

ABUDA: É um sonho. Tenho que agradecer a Deus pelo momento que estou vivendo. Trabalhei muito no ano passado, sabia que era difícil, mas sempre acreditei em mim. Estou preparado para ajudar e conquistar esse título.

LANCE!:Você chegou a temer não fazer parte do grupo este ano?

ABUDA: Estava meio com o pé atrás. Eu e Dakson, porque não tínhamos muitas oportunidades ano passado, mas recebi vários conselhos que me motivaram bastante. Então esperei a oportunidade no momento certo, trabalhei e, quando o professor Gaúcho precisou, ajudei e agora vivo o melhor momento da minha carreira.

LANCE!:Esta situação vivida com o Dakson aproximou vocês?

ABUDA: Tinha muita gente com pé atrás com nós dois, mas conversamos e tínhamos que mostrar para os caras que não éramos isso que eles pensavam de nós. Só precisávamos de uma oportunidade. Quando eles deram, soubemos aproveitar.

LANCE!:E este apelido Abuda?

ABUDA: Foi na base, porque me achavam parecido com aquele atacante que jogou no Corinthians. No começo eu não gostava, mas agora já virou meu nome de guerra (risos).

LANCE!:Ansioso pela final da Taça Guanabara domingo?

ABUDA: Estou bem tranquilo. Me preparei bastante para chegar neste momento, que é um momento muito importante na minha vida.

CURIOSIDADES DE ABUDA

Apelido
O apelido é inspirado no atacante de mesmo nome, que atuou por Corinthians e Vasco.

Transporte
Para ir de seu distrito Monte Dourado até a capital Belém (PA), Abuda viajava por três dias num barco e se acomodava em redes para descansar.

Habitante ilustre
Joelma, vocalista da banda Calypso, também nasceu em Monte Dourado. O volante vascaíno é fã da banda, do ritmo “tecnobrega” e de música brega.

Açaí
A região do Pará é rica em açaí. Abuda gosta de comê-lo com peixe e farinha.

Inspiração
O volante se inspira no seu companheiro de posição Wendel.

Amigo ilustre
Abuda jogou com Paulo Henrique Ganso, em 2005, na base do Paysandu.

Wendel: conselheiro, solidário e espelho

O volante Wendel tem um papel importante na trajetória de Abuda no Vasco. Ano passado, ele pediu para ser substituído contra o Coritiba, na antepenúltima rodada do Brasileiro, somente para que o jovem tivesse a oportunidade de estrear pelo Cruz-maltino.

Além disso, nos momentos difíceis, Wendel deu conselhos para Abuda não desanimar. Por isso, o paraense não tem dúvidas ao dizer em quem se espelha:

– No Wendel.

Por sua vez, o experiente volante é só elogios ao amigo:

– Vinha acompanhando o Abuda nos treinos e já via que ele estava se esforçando muito. Graças a Deus ele aproveitou e fiquei muito feliz. Hoje tem nos ajudado bastante. Procuro passar conselhos e orientá-lo em campo. Ele escuta bastante e tenho certeza de que vai evoluir ainda mais.

Fonte: Lancenet