René fala sobre negociações e afirma que lutará por clássicos em São Januário

Quinta-feira, 28/02/2013 - 13:21

Capacitado e experiente, René Rodrigues Simões, conhecido à todos os vascaínos como René Simões, vem atuando como diretor-executivo do Vasco desde o dia 4 de dezembro de 2012. Chegou ao clube da Colina num momento extremamente delicado e se deparou com problemas financeiros, saída de dirigentes e um grande desmanche no elenco de futebol.

René Simões se viu na responsabilidade de reerguer a confiança dos torcedores e também dos próprios integrantes do clube, que permaneceram apesar dos problemas. Com seu estilo calmo, boleiro e sincero de ser, aos poucos está remontando uma equipe competitiva que esteja apta para disputar títulos e honrar as tradições do clube, mesmo com o orçamento disponível não sendo dos maiores.

Na última última quarta-feira (27/02), o dirigente participou do programa 'Só dá Base', do grupo Só dá Vasco, e esclareceu alguns pontos referentes ao futebol profissional e ao modelo de gestão que vem sendo implantado em São Januário. René também revelou que o Vasco negocia com um jovem jogador de 21 anos, prometeu lutar por Clássicos em São Januário e garantiu a permanência de Eder Luis.

Participaram do bate-papo com René Simões os apresentadores Carlos Gregório Júnior e Carol Rezende e os comentaristas Daniel Freitas, Lucas Bolzan, Temi Buarque e Thiago Alves.

Confira a transcrição da entrevista de René Simões ao Só dá Base:

O desafio no Vasco

"São quase 40 anos pegando desafios e conseguindo fazer com que esses desafios se tornem vitórias, se tornem realidade. O Vasco é esse mais novo desafio, pois você pega um Gigante. É como a gente pegar um Ferrari que estivesse com problema no motor, que estivesse com os pneus carecas e com problema na suspensão, mas não deixa de ser uma Ferrari. É uma Ferrari. Se tem problema no motor, vamos consertar o motor. Se o pneu está careca, vamos colocar pneus novos. Se a suspensão está com problema, vamos corrigir a suspensão. Após essas correções, ela vai continuar a ser a Ferrari de sempre. É assim que eu vejo o Vasco. Vejo o Vasco com alguns problemas. A gente sabe da realidade, não estamos iludidos. Saímos em primeiro do grupo e continuamos preocupados em resolver os problemas. Continuamos preocupados em fortalecer a equipe na medida do possível. Estamos correndo atrás de patrocinadores, estamos correndo atrás de coisas novas, como a profissionalização do clube com o Cristiano Koehler. Temos o Gustavo agora no departamento jurídico, que é um executivo excepcional. Tem o Miguel que chegou agora, que vai implantar uma coisa nova no clube, que é o setor de administração e projetos. É uma coisa que o clube nunca teve. Estamos trabalhando muito, pois o Vasco precisa de muito trabalho. Muita gente fala dos vice-presidentes que estão aborrecidos, mas eu mesmo quando fui contratado fui o primeiro a dizer ao Roberto Dinamite que nós precisávamos de um 'CEO'. O Dinamite me disse que já vinha conversando e me chamou de louco por achar que iria comandar tudo. Foi quando ele anunciou que teríamos um CEO, que teria poderes maior do que eu. Eu falei a ele que não teria problema, pois o que importa para mim é o Vasco, é o trabalho fluir e dar certo. Os vice-presidentes precisam entender que eles são importantes, eles são o passado e o presente do Vasco da Gama. Ninguém vai tirar a importância dele, a responsabilidade que eles têm, mas nesse momento o clube opta por uma gestão absolutamente profissional e a gente espera que continue sendo assim".

Negociação com o jogador de um grande clube paulista

"O que o Vasco precisa fazer é cumprir com seus compromissos. É não assumir compromissos que não possam. Eu sei que nesse momento a torcida adoraria ter contratações de altíssimo nível. Eu digo para você, não vou citar o nome, que nesses dias estava negociando com um jogador que está num clube. O salário dele no clube é 120 mil e começamos a negociar com ele. É de um grande clube de São Paulo. Aí ele jogou dois jogos no clube dele e a proposta dele de 120 mil passou para 250 mil reais. Não dá para você pagar 250 mil reais a esse jogador. Com esse valor você paga cinco meses de toda a base do Vasco. É inadmissível você não estar pagando a base e ter um jogador que ganha 250 mil no elenco. Se o jogador merece ou não, se ele tem muita qualidade ou não, isso não vou discutir. Eu quero os melhores jogadores, mas quando eu vou lá e contrato um jogador como esse corro o risco de não pagar a base. Era isso que estava acontecendo. Isso nos fez perder grandes e futuros jogadores porque nós montamos um time momentâneo e dando muito dinheiro para alguns. É preciso paciência agora, pois estamos fazendo algo para voltar a ser Ferrari que o Vasco deve ser".

Sobre jogadores acreditarem no projeto do Vasco

"Eu fico satisfeito. Isso já aconteceu no profissional também. O Pedro Ken tinha uma proposta muito boa. O Vitória da Bahia queria comprar o passe dele junto ao Cruzeiro, o que seria financeiramente excelente para ele. O Pedro Ken optou em vir para o Vasco. Ele entendeu que o projeto do Vasco é bom e que embora ele vá sofrer um pouco no início, a perspectiva é muito maior. Ainda ontem eu estava com um empresário e tem um jogador que ele estava oferecendo para a equipe profissional. Esse jogador está ou estava quase negociado com dois clubes do sul, mas eles entendem que o Vasco da Gama é muito mais poderoso. Nós estamos pensando e vendo uma forma de trazer esse menino. Se a gente arrumar o patrocinador devemos trazer esse jogador, mas tudo por conta do empresário deles. Eles já estavam contactados com clubes do sul e optaram em colocá-lo no Vasco caso a gente consiga arrumar um patrocinador. Ele prefere o Vasco da Gama. A gente fica feliz, pois o Vasco continua sendo uma Ferrari. Agora é consertar o motor, desempenar algumas coisas e colocar pneus novos. O Vasco é muito grande, muito poderoso e tem que ser respeitado sempre".

Vasco com gestão mais profissional

"Acho que o pensamento e a intenção de fazer o clube absolutamente profissional é o que a gente pode sentir que mudou. A gente sabe que as coisas agora vão funcionar de uma maneira diferente. Nós temos agora um diretor de planejamento e administração. Eu vou levar pelo menos quinze dias para responder o relatório que ele colocou para mim. Depois que eu estiver de posse desse relatório, vou isso para você com toda segurança, nós vamos ter funcionários no departamento de futebol que realmente produzam. Esse departamento dele exige com que você tenha tudo muito planejado e que todos do departamento sejam muito competentes. Se não for, o Vasco não gastar dinheiro com pessoas que não sejam competentes. Com pessoas que foram somente indicadas por alguém para estar lá recebendo o salário. Isso vai acabar no Vasco. O Vasco vai ter o número de profissionais absolutamente necessários. O Vasco não vai ter nenhum funcionário a mais do que não é necessário. Você não pode admitir no Vasco o que acontece nos órgãos públicos, que às vezes não tem cadeiras para todos sentarem. Se tiverem todos os funcionários no departamento, não vai ter lugar para todos sentarem. Esse departamento vem para fazer com que o Vasco seja enxuto no número de pessoas e absolutamente competente e eficiente".

Harmonia do elenco

"Eu acho que o grupo do Vasco está muito harmonizado. Os jogadores se dão muito bem, estão muito unidos. É um grupo bom de se trabalhar. Você quer contratar novos jogadores? Não tenha dúvida, até porque um time da grandeza do Vasco não pode nunca estar contente só com o que tem. Tem sempre está querendo o melhor. A gente que procurar o melhor em todos os momentos e é isso que nós vamos fazer".

Organização interna

"As coisas vão ter que ser arrumadas no Vasco. Vou dar um exemplo absolutamente pequeno, um dado simples para você ver como a gente pode economizar. A nossa nutricionista me chamou e disse que deu uma reduzida no número de lanches no dia do jogo absolutamente incrível. Isso porque o pessoal servia 120 lanches depois dos jogos, 120 lanches! A maioria dos jogadores não comia. Era tanta gente no vestiário que o jogador nem ia perto do local onde o lanche era servido. Ele queria ir embora logo. Hoje são servidos quarenta lanches no vestiário do Vasco da Gama. Olha a economia. Isso é bobagem se falar de milhões, mas se for somar os anos foi muita coisa gasta. Esse dia fiquei sabendo que o Vasco está economizando 90 mil reais com o transporte lá na base por conta de um sistema montado lá em Itaguaí. Noventa mil do transporte, o que era de gasolina também, os dias parados do ônibus, mais o sanduíche, mais o material, mais a água, mais a luz. Outro dia eu fui o último a sair do Vasco da Gama e todas as luzes do andar estavam acesas e iam ficar até o dia seguinte. Eu fui sala por sala apagando as luzes e pedi a todo mundo para observar isso. Vamos economizar muito de luz no final do mês, mas se for somente mil reais ótimo também. Já vou poder pagar um jogador da base. São essas coisas pequenas que vão se somando. Se você economizar em cada setor cinco ou dez mil reais e tiver 20 vetores lá, são 100 mil reais num mês. É uma bela economia de um milhão e duzentos mil durante o ano. Estamos falando de dinheiro, de coisa prática. Às vezes ficam várias pessoas no mesmo lugar ao mesmo tempo, fazendo a mesma coisa e criando confusões. Estamos organizando isso também. Da forma que está não se resolve nenhum problema".

Eder Luis na mira do Palmeiras?

"O interesse do Palmeiras aconteceu no início do ano. No início do ano falaram conosco e disseram que tinham interesse no Eder Luis. O Atlético Mineiro também tinha interesse no atleta, mas devido as dificuldades que se tinha acabou não dando em nada. Agora Fellipe Bastos e Eder Luis estão integrados ao elenco. Vamos pensar agora na Taça Guanabara. A Taça começa agora. Tudo que foi feito até agora foi bom, foi importante, mas o importante é sábado agora. Vamos concentrar todas as forças nesses dois jogos. Na semifinal e na final. Que a gente faça do Engenhão a nossa casa neste sábado".

Clássicos em São Januário

"Nós estamos trabalhando muito forte, já falei com todos os clubes ontem, para jogar os clássicos dentro de casa. Não é possível o Vasco fazer seis jogos no Engenhão. O Engenhão é a casa do Fluminense, do Flamengo e do Botafogo. Nós queremos jogar em casa. O Corpo de Bombeiros foi hoje fazer uma nova vistoria. Vamos conversar com o pessoal do GEPE também para ver sobre essa possibilidade. Com a Policia Civil já conversamos, já tivemos uma primeira conversa com a CBF, com o pessoal da Federação do Rio de Janeiro e com a Rede Globo. Está caminhando, mas isso vai depender muito do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Os Clássicos em São Januário é um sonho da torcida e a coisa correta. É impossível jogar com o Botafogo os dois jogos no Engenhão. Na hora que o Maracanã estiver de volta estará tudo resolvido, mas enquanto não tiver nós temos que brigar e vamos continuar brigando pelos Clássicos em São Januário".

Com informações do Programa Só dá Base/Só Dá Vasco.

Fonte: Só Dá Vasco/Supervasco