Vice de quadra e salão fala sobre as dificuldades de manter equipes de esportes olímpicos

Domingo, 09/12/2012 - 09:27

Na difícil arte de equilibrar as finanças, os maiores clubes do Rio concentram suas energias em montar times de futebol competitivos. E, nessa matemática que nem sempre dá certo, os esportes olímpicos ficam em segundo plano. A prática acende a luz amarela a quatro anos dos Jogos Olímpicos do Rio, levando-se em conta a audaciosa meta do Comitê Olímpico Brasileiro de estar entre os dez primeiros no total de medalhas da Rio-2016, com cerca de 30 pódios (em Londres, foram 17).

Se falta dinheiro para o futebol, a lacuna é ainda maior nos outros esportes. Até agora, o Flamengo tem sido a exceção. Único clube de futebol na cidade ainda investindo forte no esporte olímpico, o momento é de incertezas. Ex-jogador de basquete e futuro vice de esportes olímpicos do rubro-negro, Alexandre Póvoa divulgou carta na última semana em que afirma: “A condição para que o Flamengo participe de uma competição de alto nível é que as equipes tenham a estrutura de preparação disponível e o compromisso inegociável com a vitória. Com planejamento estratégico, execução profissional e fim da interferência amadora, as chances de alcançarmos os resultados esperados aumentarão exponencialmente”.

No Fluminense, cujo futebol tem patrocínio da Unimed, o destaque entre os esportes olímpicos é o pólo aquático masculino, que tem apoio da empresa BNY Mellow, cujo CEO, Zeca Oliveira, é ex-atleta da modalidade no tricolor. O patrocínio é de R$ 1 milhão/ano. O clube agora pretende se voltar para a quadra, com a futura formação de um time masculino de basquete, que inicialmente deverá jogar a Copa Brasil Sudeste, de acesso à Liga NBB.

— Buscamos patrocinadores específicos para cada esporte. Sem isso, não dá — afirma Renê Machado, coordenador dos esportes olímpicos do tricolor.

— O clube é um conjunto de três unidades de negócio: futebol, esportes olímpicos e parte social. A ideia é dar autonomia a cada uma, que tenha base jurídica própria e que, no caso dos esportes olímpicos, eles também gerem receita — completa o diretor executivo, Jackson Vasconcellos.

Mergulhado em crise e sem pagar salários há três meses (alguns devem receber amanhã), o Vasco mantém as categorias de base de atletismo, vôlei, basquete e futsal, além do remo e do rúgbi. Segundo Ricardo León, vice-presidente de quadra e salão do clube, a volta ao alto nível ainda é um sonho.

— A gente quer colocar, mas sempre esbarra na situação financeira. Não queremos fazer só por fazer. Por isso, a meta é fortalecer a base. Para montar uma equipe competitiva de basquete, vôlei ou futsal são, no mínimo, R$ 5 milhões por ano. Para manter a base, são R$ 500 mil, R$ 600 mil — diz León. — Estamos tentando captar recursos para montar, pelo menos, um time de ponta de basquete ou vôlei.

Já o paralímpico está conseguindo se manter no Vasco. Por enquanto. O programa tem apoio da Eletrobras, que deve sair do clube ano vem. Segundo a coordenadora Livia Prates, um patrocínio de R$ 400 mil/ano seria suficiente. O projeto atende a 118 pessoas, 58 delas atletas de competição, em três modalidades: futebol de 7, vôlei sentado e natação adaptada, tudo gratuito.

Sem investimento dos clubes nos esportes olímpicos, o patrocínio é a única saída. E no Botafogo, onde treina o carioca Matheus Santana, de 16 anos, apontado por especialistas como grande aposta para as Olimpíadas do Rio, nos 50m e 100m livre, não é diferente. O clube lançou o projeto “Botafogo Rumo a 2016”, para captar recursos.

— A base dos esportes olímpicos está nos clubes. O projeto visa a ampliar o nosso papel nesse contexto. Aqui estão os atletas do futuro — aposta o presidente Mauricio Assumpção.

Fonte: Globo Online